Um estudo recente divulgado pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), campus Ariquemes, voltou a acender o alerta sobre a qualidade da água consumida na cidade. A pesquisa, conduzida pela professora Gisele Teixeira de Souza, do Departamento de Engenharia de Alimentos, apontou que todos os poços analisados em diferentes pontos de Ariquemes apresentaram níveis de contaminação incompatíveis com os padrões de potabilidade exigidos por lei.
“E não foi uma surpresa verificarmos que todos os poços que nós analisamos no nosso estudo, então de diversas regiões de Ariquemes, apresentaram alta contaminação e não estão dentro do padrão que a legislação coloca como água potável. Em especial, na maioria dos poços, nós encontramos a bactéria strichia coli. A bactéria strichia coli indica que aquela água teve contato com origem fecal”, afirmou Gisele em entrevista ao programa Bom Dia Rondônia.
A situação, no entanto, não é nova. Nós da Folha Nobre sabemos que, há mais de 15 anos, existem alertas que indicam que a água subterrânea da cidade não é própria para o consumo humano. Mesmo assim, parte da população — incluindo comércios, restaurantes, órgãos públicos e, segundo informações, até instituições ligadas à área da saúde — ainda insistem em utilizar poços artesianos e semiartesianos, muitas vezes sem qualquer tratamento adequado.
Em 2019, uma pesquisa da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) já havia revelado que 93% dos poços escavados em Ariquemes estavam contaminados. O estudo analisou mais de mil amostras de água em 25 bairros e detectou a presença de coliformes fecais e outras impurezas prejudiciais à saúde.
Água tratada é segura, aponta estudo
A boa notícia vem do lado da rede pública de abastecimento. O mesmo estudo da UNIR também analisou amostras da água distribuída pela empresa Águas de Ariquemes, concessionária do serviço no município. Em todos os pontos avaliados, a água tratada foi considerada própria para o consumo, com parâmetros microbiológicos e físico-químicos dentro dos limites permitidos.
“Então existem inúmeros estudos já realizados no Brasil e estados onde se tem um saneamento mais completo, que as pessoas fazem o uso da água tratada e há o seu esgoto devidamente tratado também, em que se reduziu absurdamente o atendimento em poços de saúde com pessoas com doenças vinculadas a essa água. Ferminose, diarreia, desidratação, febre.”
“A turbidez é um parâmetro também exigido pela legislação que se não tem a turbidez, né? Porque a água tem que ser incolor, inodora e líquida. Sem gosto, sem cor e sem cheiro. E o que que eu tenho pra trazer no meu estudo da água tratada aqui tem relação com o que eu avaliei aqui na Unir? Não há contaminação desses coliformes totais, nem a strichia coli em nenhum dos pontos de água tratada. Então, em relação à qualidade microbiológica dessa água, ela é considerada totalmente potável.”
Monitoramento contínuo
A qualidade da água tratada fornecida em Ariquemes é monitorada de hora em hora, com análises realizadas diretamente na Estação de Tratamento de Água (ETA). Os dados são registrados no sistema da Vigilância Sanitária, assegurando controle rigoroso e contínuo. A concessionária também mantém um laboratório no local, onde são verificados parâmetros como pH, turbidez, cloro residual e presença de coliformes.
Esses procedimentos reforçam o compromisso com a segurança hídrica da população, especialmente em um município onde os riscos associados ao uso de poços estão amplamente documentados.
Riscos evitáveis
O consumo de água contaminada está diretamente ligado a casos de doenças como diarreia, febre, desidratação e verminoses. Especialistas e autoridades de saúde recomendam que a população abandone o uso de poços para consumo humano, priorizando o acesso à rede pública de abastecimento, que tem se mostrado segura, eficaz e bem monitorada.
Da Redação – Folha Nobre