Pré-candidato ao governo de Rondônia escancara sua trajetória no poscast Folha Nobre e deixa claro: “nenhum tem a experiência e habilidade política que eu tenho”
Na edição 74 do Cast Folha Nobre, quadro Politicando, o prefeito de Cacoal e agora pré-candidato ao governo de Rondônia, Adailton Antunes Ferreira, o Fúria, entregou tudo. Foi além de um bate-papo descontraído e transformou a conversa numa verdadeira aula de estratégia política, coragem administrativa e visão de futuro.
Recebido por mim, Ivan Lara, jornalista, estrategista e apresentador, Fúria mostrou, sem rodeios, por que se transformou num dos maiores fenômenos políticos da atualidade em Rondônia.
Do picolé ao comando de Cacoal, uma trajetória feita à unha
“Vendi picolé, engraxei sapato, empinei moto… Comprei minha moto com meu próprio trabalho. Meu pai nunca me deu nada”
Logo depois, falou sobre sua experiência em campanhas eleitorais:
“Participei em 2012, participei em 2014, participei em 2016, 2018, 2020 e 2024 agora”
“Toda eleição eu tô tendo um crescimento. De 248 votos pra mais de 40 mil. Isso é trajetória, é trabalho” — narra sobre suas campanhas, ressaltando o crescimento gradual.
“Tenho confiança no meu trabalho. A reeleição é a melhor pesquisa de gestão” — sobre o sucesso da sua reeleição.
Fúria fala com a franqueza de quem conhece cada detalhe da sua trajetória e não teme expô-la. O que para muitos seria um fardo, ele carrega como um troféu.
“Acabei com a oposição em Cacoal, não sobrou nada” — a força que derrubou quatro vereadores
“Existe muita oposição burra. É oposição por oposição. A oposição por oposição, ela não merece lugar nenhum”
“Eu acabei com a oposição em Cacoal, não sobrou nada. Explodi tudo, farelo tudo”
“Tive oposição. Os quatro que foram oposição, acabou, virou em nada. Por quê? Porque fez oposição burra. Se tivesse feito oposição inteligente, talvez teriam sido pelo menos candidata a prefeito”
“Eu respondo no ato”
Este trecho da entrevista revelou um dos traços mais marcantes de Fúria: o combate direto, a disposição de não aceitar passivamente os ataques e a capacidade de transformar oposição mal estruturada em exemplo de como não se fazer política.
Na pandemia, desafiou tudo e todos: “Invadi um prédio e montei o hospital”
“Eu adentrei, eu invadi o prédio do Estado. Eu entrei dentro do prédio do Estado, comecei a reformar o prédio e falei, aqui vai ser um hospital de campanha e aqui só tiram a gente na pancada e no tiro”
“Você já viu alguém fechar um hospital? Você não fecha um hospital. Não tem coragem de fechar um hospital”
O que para muitos seria uma irresponsabilidade administrativa, ele apresentou como pragmatismo necessário. A fala demonstra como, em situações extremas, o gestor precisa agir — e ele agiu, com o peso e as consequências das decisões que mudaram os rumos de Cacoal em plena pandemia.
Contra lockdown, a favor da autonomia: “O Bolsonaro tava certo”
“O Dória era contra o Bolsonaro. E o Bolsonaro queria a manutenção do comércio aberto. E o Dória foi pro jogo. O jogo é o seguinte, ó. Esse doido tá falando pra manter o comércio aberto. Então eu vou manter o comércio fechado. E na verdade o Bolsonaro tava certo”
“Enquanto o Estado fechava tudo, eu mantive o comércio aberto. E o Judiciário me deu razão”
Neste ponto, Fúria deixou claro sua posição ideológica, mas, mais do que isso, a sua defesa da autonomia municipal, da convicção administrativa e do enfrentamento que, segundo ele, garantiu vidas e manutenção da economia local.
O transporte que virou modelo: tarifa zero e frota escolar renovada
“O transporte público de Cacoal é gratuito desde 2023. Acabamos com o transporte precário das empresas”
“Comprei 90 ônibus escolares, muitos com ar-condicionado. E agora chegam mais 12”
“Meus ônibus hoje você não encontra ônibus com pneu careca”
Fiz questão de reforçar com ele como esses dados são impactantes, principalmente para quem conhece a realidade do transporte público na maioria dos municípios de Rondônia. Fúria sorriu e completou com orgulho: a frota está impecável.

O ônibus de R$ 3 milhões que virou símbolo
“Ele é um ônibus preto. Ele é um ônibus que já veio de fábrica, plotado. Ele não é adesivo qualquer não. É uma plotação que vai demorar aí 5, 6 anos pra sair”
“Ele é todo invernizado com adesivo. Ele é um ônibus que as poltronas viram camas. Ele é um ônibus duplo piso. Ele é dois pisos. Ele é quatro eixos. Ele tem quatro rodas na frente e quatro rodas atrás”
“Ele é um ônibus com suspensão a ar. Ele é um ônibus que você não escuta barulho, ele não faz barulho. Ele é um ônibus com sistema de televisão, sistema de som, Starlink. Todos os nossos pacientes vêm conectados, falando com a família de Porto Velho a Cacoal”
“É um ônibus diferenciado, somente as empresas particulares têm. Nenhuma prefeitura do estado de Rondônia, da região norte, e eu acredito que do Brasil, tem um monte disso”
Como jornalista, não pude deixar de observar que esse ônibus é muito mais que um veículo — é um símbolo de gestão, de visão estratégica e de comunicação pública.
O famoso “busão da vacina”
“Nós transformamos, pegamos um ônibus, com ar-condicionado, montamos um sistema de internet, ele conectado ao Ministério da Saúde, a gente fazia o lançamento na hora. A pessoa entrava dentro do ônibus, a gente colocava 10, 15 pessoas dentro do ônibus, ela já sentava e vacinava e já cadastrava e tchau, obrigado”
Uma ideia simples, mas que virou exemplo de como políticas públicas podem se aproximar da população com criatividade e eficiência.
Pré-candidato, sem meias palavras: “Não tem ninguém com a minha experiência”
“De todos os candidatos colocados à mesa, nenhum tem a experiência e habilidade política que eu tenho. Primeiro, pelo que eu passei e pela trajetória que eu atravessei”
“Eu penso que o Estado terá uma grande chance de eleger um governador nascido aqui. Isso vai ser histórico pro nosso estado”
“E diga-se de passagem, não é só pelo fato de ser nascido aqui. É com experiência política administrativa”
Fúria se posiciona como preparado para o próximo passo. Fala com clareza, com domínio dos dados e, acima de tudo, com um discurso que se molda a cada pergunta, mas nunca foge da sua essência: a de quem enfrentou de frente todas as batalhas políticas e administrativas.

“Peçam minha referência como prefeito”
“Eu acho que tudo na vida a gente tem que ter referência. Eu vi aí que você tem um telefone, é um iPhone, né? Então você pediu referência pra você comprar aí, não pediu?”
“Vamos ver a referência de cada um. A minha base é Cacoal. Peça a minha referência como prefeito e peça com a referência dos demais como político”
Não escondo: como estrategista de marketing político, sempre defendo que esse tipo de provocação é das mais legítimas na democracia. Quem quer representar deve, sim, ser avaliado por aquilo que já fez — e Fúria tem a coragem de pedir essa avaliação.
Sobre as estradas: “Elas vão derreter”
“As estradas do estado de Rondônia precisam ser refeitas. Foram feitas pra caminhãozinho 3/4 e hoje passam carretas. Elas vão derreter”
“Perdemos o timing. Perdemos o timing” — comenta sobre a terceirização da BR-364.
Não se trata apenas de uma crítica, mas de um alerta. O Fúria gestor aponta os problemas com a mesma energia com que sugere soluções.
Sem ideologia na gestão: “Governo pra todos”
“Eu governo para a direita, eu governo para a esquerda e governo para aqueles que não gostam de política nenhuma”
O pragmatismo é uma marca evidente do seu discurso. Fúria se posiciona como alguém que governa para todos, sem deixar que ideologias atrapalhem o resultado final.
O homem por trás do político: ping-pong sincero
Família: “Tudo”
Cacoal: “Minha casa”
Política: “Minha vida”
Rondônia: “Rondônia é a nossa estrela, né?”
Lazer: “Pouco”
Deus: “Deus é tudo”
Futuro: “Um incerto, né? Futuro incerto”
Nesse momento final da nossa entrevista, ele demonstra mais o lado humano, menos político. Um gestor que reconhece o peso da missão, mas que não perde a essência do menino que vendia picolé e empinava moto pelas ruas de Cacoal.
Entrevistar Adailton Fúria é uma experiência muito boa. Não há meio-termo. Ele fala com força, reage com intensidade, se posiciona com clareza. Como jornalista e estrategista de comunicação política, saio deste encontro com a certeza de que Rondônia está diante de um novo personagem político que, gostem ou não, não passará despercebido.
Deixo aqui, ao leitor e ouvinte do Folha Nobre, a reflexão que, como ele mesmo provocou:
“Peça minha referência”
E fica aberto o convite para os pretensos candidatos ao Governo de Rondônia. Vamos bater um papo de verdade aqui na Folha Nobre.
O podcast completo está disponível no canal da Folha Nobre (abaixo) e será dividido em cortes nas redes sociais, tanto em Ivan Lara, quanto na Folha Nobre. Um dos episódios mais ricos do Politicando até hoje — imperdível para quem ama comunicação, aprecia um bom vinho e acredita na força de uma boa história.
Ivan Lara – Jornalista, estrategista, consultor de marketing político e especialista em comunicação governamental