O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), realizou nesta terça-feira, 27, a primeira edição da Mostra Viver Ciência Itinerante, na Escola Cívico-Militar 15 de Junho, em Senador Guiomard. A iniciativa tem como objetivo principal promover a iniciação científica entre crianças e jovens, incentivando a criatividade, a inovação e o protagonismo estudantil, especialmente em áreas de difícil acesso.
O evento reuniu centenas de estudantes das zonas urbana e rural, que apresentaram projetos com alto potencial de impacto social, ambiental e econômico. Entre os destaques, está a criação de um aplicativo que automatiza a irrigação agrícola, com base em sensores de umidade do solo, beneficiando diretamente a agricultura familiar com uso racional da água.
Outro projeto inovador foi o desenvolvimento de um bioplástico biodegradável que, ao ser descartado na natureza, se transforma em uma planta, reforçando o compromisso das novas gerações com a sustentabilidade.
Itinerância
“Trazer a Viver Ciência Itinerante para os municípios é sempre gratificante, especialmente com o apoio fundamental dos núcleos de educação. Foram eles que viabilizaram a logística e o estímulo para que os alunos desenvolvessem seus projetos. É uma oportunidade única de plantar essa semente da educação científica no coração dos nossos estudantes”, afirmou Anne Ruela, coordenadora da Viver Ciência 2025.

O evento contou com a participação de três escolas rurais e quatro urbanas, registrando cerca de 1.500 visitantes ao longo do dia. A programação incluiu ainda atividades promovidas em parceria com outras secretarias e instituições, como a Polícia Militar, o Departamento Estadual de Transito (Detran), o Corpo de Bombeiros do Acre (CBMAC), a Secretaria da Mulher (Semulher), o Instituto Estadual de Educação Profissional e Tecnológica (Ieptec) e a Associação de Mulheres com a Feira da Economia Solidária.
Segundo Helenilson da Costa, coordenador do Núcleo da SEE em Senador Guiomard, “é o segundo ano que realizamos o Viver Ciência na cidade, e cada edição representa um avanço na mobilização da comunidade escolar. A ideia é que, a cada ano, possamos ampliar ainda mais o alcance e a qualidade das ações”, ressaltou.

Para o diretor da Escola Cívico-Militar 15 de Junho, Weliton Luiz, o evento representa mais do que uma feira de ciências: “É um instrumento de transformação social. O protagonismo estudantil floresce quando damos espaço para que nossos jovens pensem, criem e se expressem. A construção de uma sociedade pensante começa aqui, com projetos como este”, declarou.
Tecnologia e sustentabilidade
Um dos projetos mais aclamados da mostra foi desenvolvido por estudantes da Escola Rural Padre Carlos Casavecchia, com supervisão do professor Francisco Abreu. A equipe criou um sistema de irrigação inteligente utilizando a plataforma Arduino, que mede a umidade do solo e aciona automaticamente a bomba de água quando necessário, evitando desperdícios e aumentando a produtividade de cultivos como o da melancia, por exemplo.

“Nossa ideia foi unir tecnologia e sustentabilidade para atender às necessidades da agricultura familiar. O pequeno produtor muitas vezes não tem acesso a soluções tecnológicas acessíveis. Criamos algo que se adapta ao que eles já possuem, com um custo razoável e com grande impacto produtivo”, explicou o professor Francisco.
O aluno João Vitor Evangelista, de 18 anos, destacou a importância da participação: “Esse projeto é uma honra pra mim. É meu último ano na escola, e foi uma experiência que me despertou o interesse pela área da programação. Nunca tinha estudado isso antes, e agora penso em seguir nesse caminho”, disse.
Plástico que vira planta
“O meu intuito num projeto — e não só meu, dos meus colegas também — é a realização de experiências novas. E, cientificamente, é uma maravilha, porque a gente acaba aprendendo com vários outros projetos, como esse do plástico biodegradável que estou apresentando junto com meus colegas. É uma experiência única”, disse o estudantes de 19 anos, Diego Souza.

O projeto de bioplástico desenvolvido por alunos da Escola Cívico-Militar Aldaci Simões busca oferecer uma alternativa sustentável ao plástico tradicional. Feito com amido e planejado para, futuramente, usar mandioca como base, o material se decompõe em até 80 dias e leva em seu interior uma semente nativa. Ao ser descartado no solo, o plástico se decompõe e dá origem a uma planta, contribuindo diretamente para a regeneração ambiental.
“A ideia é criar um plástico fácil de usar no dia a dia, que beneficie o meio ambiente e não dependa do petróleo. Enquanto o plástico comum leva até 450 anos para se decompor, o nosso some em poucos meses”, explicou Diego.

Segundo o professor de química e biologia Thwbyas Acácio, o projeto foi desenvolvido em conjunto pelos alunos, com orientação teórica da escola e execução prática feita até mesmo em casa, com participação das famílias. “Eles fabricaram tudo, incluindo copos e garrafinhas biodegradáveis. Quando descartados, esses objetos dão origem a uma planta. É um ciclo que transforma o lixo em vida”, disse.
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