Empresário contou sua trajetória de superação, compartilhou lições de vida e gestão e reforçou a importância de trabalhar com propósito: “Se eu parar de tudo, o que eu faço?”
Na manhã do dia 18, o podcast Folha Nobre recebeu um dos maiores nomes do varejo brasileiro: Mário Gazin, fundador do Grupo Gazin. Com uma trajetória marcada pela humildade e perseverança, Gazin compartilhou com o público sua origem simples, os desafios enfrentados e os valores que o guiaram até se tornar referência nacional. “Eu acho que eu comecei minha empresa, eu tinha 11. Até então eu falava que era com 17 anos”, revelou, ao lembrar do início ainda menino, economizando seus primeiros trocados.
A conversa, conduzida pelo jornalista Ivan Lara, foi marcada por histórias inusitadas, frases inspiradoras e reflexões profundas. Gazin relembrou o início da carreira no interior do Paraná e os tempos em que transportava dinheiro de loja em loja usando uma Lambretta. “Se quebrasse, dormia com o dinheiro na Lambretta, em cima dos dois banquinhos, com o pé em cima do guidão.”
Uma das viradas mais significativas em sua trajetória foi a geada de 1975, que devastou lavouras no Paraná e fez muitos migrarem para outras regiões. “Foi um desastre no Paraná”, relembrou. Ele, no entanto, viu na crise uma oportunidade. “A gente começou, então, a puxar mudança também. E isso foi o que fez com que a gente crescesse bastante.”
A expansão do grupo aconteceu, segundo ele, com os pés no chão e olhos na simplicidade. “Até a décima loja, a gente abria sem saber o que ia fazer”, contou. Hoje, a Gazin possui mais de 360 lojas, atuação em diversos estados e um faturamento mensal que se aproxima de um bilhão de reais. “Hoje nossa meta é novecentos e setenta milhões por mês.”
Trabalhar é viver
Aos 76 anos, Mário Gazin continua ativo, agora no campo. “Se eu parar de tudo, o que eu faço? Eu tenho que ficar em casa. Como diz o ditado, coçando o saco.” Com humor e franqueza, ele falou da importância de manter o corpo e a mente ocupados. “Eu vou pra roça que lá eu já faço tudo. Tinha muita dor nas costas, hoje não tenho mais.”
Mesmo tendo se afastado da administração da Gazin há mais de uma década, ele segue inspirando a equipe com metas ousadas. “Eu deito, acordo e durmo com a meta.” Ele relembrou o famoso episódio em que espalhou a meta de faturamento por toda a empresa, inclusive em roupas íntimas. “Escrevi na flor, no travesseiro, escrevi no lençol. Eu falei, botei na cueca também.”
Humildade como essência
Apesar do sucesso, Mário mantém os pés no chão. “Eu nasci pra morrer pobre. Eu vou não morrer pobre, se Deus quiser. Não penso em ficar rico. Agora, juro pra vocês, também luto pra ganhar dinheiro. Ganhar dinheiro é uma coisa e ficar rico é outra.”
Ele também defende uma cultura empresarial mais próxima dos funcionários. “Eu faço o que eles fazem, como o que eles comem. Pronto. Esse é o caminho.” E completa: “O mesmo plano de saúde que eles têm é o mesmo que eu tenho.”
Responsabilidade social e legado
Gazin comentou sobre o Instituto Gazin e ações sociais realizadas pelo grupo. “Antes nós já fazíamos, só que não aparecia. Tem um hospital em Curitiba, Pequeno Príncipe. Nós faz, toda semana, cinco transplantes de pâncreas por semana, pago.” Ele defende a cultura da doação consciente: “Quando vocês forem fazer declaração de imposto de renda, bota no câncer ou na APAE.”
O empresário também falou sobre o VEX — congresso anual promovido pela empresa, que hoje reúne milhares de pessoas. “Esse ano, nós queremos pôr quatro mil pessoas. É barato demais. É muito barato.”
Economia e Brasil
Questionado sobre o cenário econômico, foi direto: “O juro alto é pra segurar infração. É pra segurar infração.” Segundo ele, o maior desafio do país está no clima e na economia. “Tem duas coisas no Brasil que não funcionam: uma é o clima. E o segundo é a economia.”
Para ele, não basta apenas reclamar. “O que a gente tem que cuidar mesmo é a inflação. A inflação come o nosso salário.”
Lições de vida
Na reta final do bate-papo, Mário respondeu com sabedoria e emoção a uma série de palavras. Sobre “pessoas”, disse: “Ame elas, muito. Mesmo que você não goste.” E sobre “Deus”, foi direto: “É o pai.”
Ao se despedir, reforçou sua filosofia de vida: “Se vocês gostou, passa pra frente. Multiplique. Isso é coisa de multiplicar.”
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