Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Ariquemes, realizada nesta segunda-feira, dia 4 de julho, o presidente da Casa, vereador Filipe Rozique, usou a tribuna no grande expediente para fazer um pronunciamento incisivo, no qual reagiu a informações que chegaram até ele sobre movimentações internas envolvendo críticas à sua gestão e possíveis articulações para sua cassação. Em um tom firme, Rozique falou diretamente aos colegas parlamentares Lano Matias, Renato Padeiro e Eriques Santos, cobrando posicionamentos públicos coerentes com o que, segundo ele, foi dito em conversas internas.
“Me chegou aqui o recado pelo secretário-geral, já que não tiveram a hombridade de me convidar para a reunião, que vocês estariam insatisfeitos com a minha gestão aqui à frente da Câmara. Eu, se estivesse na posição de vocês, também estaria insatisfeito. Abre aspas para o vereador Renato, ‘a pior presidência da história’, fecha aspas.”
Rozique fez questão de reafirmar sua postura como gestor e os princípios que norteiam sua condução da presidência da Câmara:
“Eu não tô aqui pra passar a mão na cabeça de vereador. Eu não tô aqui pra fazer conchavo. Eu não tô aqui pra bajular vereador. Eu tô aqui pra respeitar o vereador, tratar vocês com respeito da forma que eu venho fazendo. E a despeito da opinião de vocês, eu vou continuar fazendo.”
O vereador também falou sobre seu compromisso com a transparência, o andamento dos projetos e o combate a irregularidades dentro da Câmara:
“Sobre a minha gestão, interesses pessoais de vereadores jamais irão se sobrepor ao interesse da população. Sobre a minha gestão, eu jamais vou interferir em qualquer conduta da procuradoria dessa casa. Sobre a minha gestão, os projetos de lei não ficarão mofando, parados por interesses exclusos. Sobre a minha gestão, possíveis crimes serão sim investigados com seriedade.”
E finalizou com uma declaração sobre sua fé e integridade:
“Eu não tô aqui pelo dinheiro, eu não tô aqui por vaidade, não tô aqui por poder, tô aqui por um propósito. E pra finalizar, eu queria lembrá-los que vocês estão lidando com um homem temente a Deus. Um homem que teme a Deus, não teme homem, não teme ameaça, não teme quem fala alto, não teme quem manda recado.”
Vereadores citados rebatem e negam acusações
Logo após a fala de Filipe Rozique, os vereadores Renato Padeiro e Lano Matias pediram direito à palavra para responder. Renato, visivelmente constrangido, negou que tenha feito a declaração citada por Rozique:
“Em momento algum, da minha boca saiu em dizer que está sendo a pior gestão. Em momento algum foi dito essa fala. Inclusive, eu tenho carinho, tenho admiração. Sei que o senhor está conduzindo a casa da melhor maneira possível. Talvez há alguns apontamentos, isso é natural.”
Renato também pediu uma conversa privada para esclarecer os mal-entendidos:
“Me sinto realmente nesse momento atingido, constrangido da forma que o senhor dirigiu junto a mim e dizer que se eu tivesse algo para ser dito eu procuraria o senhor assim como procurei outras vezes.”
O vereador Lano Matias, por sua vez, também afirmou que não houve desrespeito na conversa mencionada por Rozique:
“Ninguém aqui desrespeitou o senhor. Pelo contrário, o senhor ainda tem o meu respeito. […] Sobre a sua pessoa, até ontem o senhor só tinha meus elogios.”
Ele também disse que os apontamentos feitos foram sobre condutas de funcionários da Casa e não sobre a presidência em si:
“Divergência foi questão de uso exasperado de alguns funcionários com relação à investigação, à coação e indícios de alguns funcionários que falaram, ‘você vai ter que fazer isso aqui participando dessa comissão porque senão quem vai ser prejudicado é você’.”
A discussão subiu de tom quando Rozique voltou a afirmar que os colegas não estavam sustentando o que disseram:
“É uma pena que vossas excelências não sustentem o que vocês falaram em quatro paredes.”
Lano respondeu prontamente:
“Se eu tivesse falado alguma coisa, eu falaria. […] Quem tá me ouvindo, não é meu perfil arregá.”
Rozique encerrou o embate com uma frase forte:
“Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha. Você não aprendeu isso, não? […] Vocês sustentem o que vocês falaram dentro da sala e fica encerrada a minha fala aqui.”
Clima político tenso
A troca de declarações evidenciou um momento de tensão interna na Câmara de Ariquemes. O discurso de Rozique, feito em plenário, indica uma clara divisão entre os pares, que se mantém após ocorreu após a eleição da atual mesa diretora. Apesar das negativas dos vereadores citados, o episódio demonstrou tensão nos bastidores do legislativo ariquemense.