O verdadeiro diagnóstico político não se baseia em palminhas de auditório nem em críticas mal-humoradas de opositores. Se você depende de elogios para acreditar que está no caminho certo ou de críticas para repensar sua rota, sinto lhe dizer: já perdeu a eleição antes mesmo de registrar a candidatura.
Nos últimos 17 anos, trabalhei com alguns políticos, acompanhei outros de longe, conversei com muitos assessores e observei bastidores de perto. Nesse tempo, vi de tudo: dos que acham que são gênios da comunicação até os que mal sabem responder um “bom dia” sem parecer ofensa. Também vi aqueles que realmente possuem o dom, carisma, sabem fazer política como poucos — mas que, curiosamente, ainda resistem à ciência, à bendita ciência que aparece em forma de pesquisas sérias. No fim, muitos preferem acreditar em um sexto sentido místico, como se uma luz divina fosse guiá-los para a vitória. Eu chamo isso de autoengano bem embalado.
É claro que experiências do passado ajudam. Mas quem insiste em tomar decisões olhando apenas pelo retrovisor, acaba dirigindo sua carreira política direto para o muro. Não é exagero: já vi mandato ser destruído porque o político acreditou mais em elogio de assessor puxa-saco ou em previsão de palpiteiro de esquina do que nos números frios de uma pesquisa.
No meu livro Marketing Político Sem Achismo, já deixei claro: experiência é boa, mas não substitui diagnóstico profundo. Um diagnóstico que exige coragem para encarar a realidade como ela é, sem maquiagem, sem filtro de Instagram. A oposição vai criticar, a base vai elogiar, os puxa-sacos vão dizer que você está “voando” e os palpiteiros juram que entendem mais de estratégia que qualquer consultor. Resultado? Um político guiado pelo barulho, e não pelos fatos.
O segredo está em ler o cenário cru, com defeitos, riscos e oportunidades. E, claro, ter humildade para admitir que a política não é sobre sua bolha de bajuladores, mas sobre um eleitorado cada vez mais exigente e desconfiado.
Portanto, se você ainda se guia pelo “me disseram que você tá bem na rua” ou pelo “fulano falou que sua live bombou”, meu conselho é simples: prepare-se para cair do salto. Porque a realidade não perdoa. Ela não sorri, não aplaude e muito menos dá like. Ela cobra.
Por Ivan Lara – estrategista, consultor de marketing político e especialista em comunicação governamental