Artigo, Por Gabriel Bocorny Guidotti – Ao meio ambiente, seja nos casos de ação ou omissão atribuíveis a um indivíduo ou a um Estado, imputa-se a necessidade de equilíbrio. O espaço natural não constitui preocupação da ecologia exclusivamente, mas também de nossa sociedade enquanto espécie dominante. Pensando nisso, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas 21 (COP21) começou no último domingo (29) na busca um novo acordo global. O evento reúne 195 delegações, mais a União Europeia, e vai se prolongar até 11 de dezembro, em Paris.
O objetivo primordial da COP21 é formular um estratagema que reduza o aquecimento global a 2 graus Celsius. Em síntese, pode-se fazer a análise de três tipos de fenômenos ambientais. Os promovidos pela natureza; os naturais, porém agravados por intervenções humanas; e os provocados, exclusivamente, pelo homem. O tipo mais corrosivo, evidentemente, é o último. A destruição do meio ambiente atingiu, sobretudo nas últimas décadas, escala industrial. Desse modo, as medidas de hoje incitam nossa continuidade amanhã.
Recentemente, num evento cultural realizado em Porto Alegre, a norueguesa Gro Brundtland, uma das militantes ambientais mais reconhecidas e respeitadas do mundo, anunciou suas expectativas face à COP21. Ela lamenta a lentidão dos países em alterar posturas ineficazes. “Uma boa governança funciona dentro de um contexto de regras”, frisou. O modelo atual de desenvolvimento global é, para Gro, insustentável, sob o risco de ecossistemas e comunidades humanas perecerem.
Segundo a norueguesa, os efeitos das alterações climáticas já estão sendo sentidos, dos continentes às ilhas, dos países ricos aos pobres. “No futuro, se a situação assim permanecer, o ártico esquentará e o gelo derreterá”, analisa. Gro destaca que a pobreza é a maior fonte de poluição de nosso planeta e alerta a necessidade de os países equalizarem preservação ambiental, social e crescimento econômico. Os três pilares da sustentabilidade, termo cunhado por ela.
Destarte, as alterações do estado natural estão diretamente relacionadas à nossa sobrevivência. Na medida em que o planeta perde seu equilíbrio, as catástrofes se agravarão e, consequentemente, o número de vítimas também aumentará. Os refugiados ambientais já existem. À mercê de projetos ineficazes, talvez chegue o dia no qual a raça humana inteira será refugiada. E sem a Terra, não haverá lugar para salvação. Nosso compromisso é aqui e agora. Espero que os países da COP21 percebam isso o quanto antes.
Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo
Porto Alegre – RS