Mais de 800 presos já passaram pelo Projeto Fazenda Futuro, em Porto Velho, desde a sua criação no ano de 2012. Atualmente, 40 reeducandos estão no projeto e recebem um salário mínimo através de convênio com o Fundo Penitenciário Estadual. Os presos têm uma carga horária de trabalho diária de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 11h e das 13h30 às 17h.
Segundo o coordenador do projeto, Lourival Milhomem, a Fazenda Futuro surgiu como uma proposta de aproveitar o espaço ocioso no fundo das unidades prisionais para o desenvolvimento de atividades agrícolas, com o objetivo de produzir alimentos para atender a cozinha industrial do sistema prisional e, principalmente, a ressocialização dos reeducandos por meio de cursos de capacitação, palestras e oficinas motivacionais, bem como proporcionar um ambiente calmo, agradável, em contato com a natureza, buscando resgatar a sensibilidade e o respeito ao próximo.
Entre as atividades desenvolvidas no projeto, está em fase de implantação a piscicultura, com quatro tanques escavados para criação do pirarucu; a bovinocultura de leite com futura formação da pastagem. E ainda em fase de implantação e ampliação está fruticultura com produção de abacaxi, mandioca, açaí, banana, castanha do brasil, citros, cupuaçu, cacau, maracujá, goiaba, ingá, mamão papaia, melancia, pupunha; olericultura com produção de couve, alface, pimenta de cheiro, pimentão, quiabo, abobrinha, cebolinha e outros.
Conforme Milhomem, o funcionamento da parte básica do projeto da Fazenda Futuro é composto por um coordenador geral, um coordenador interno, dois técnicos da Emater em tempo integral para as atividades práticas com os apenados e dois militares graduados que tomam conta dos 40 reeducandos e fazem valer a questão da hierarquia e da disciplina em relação ao trabalho e a convivência.
Na área de pouco mais de 300 hectares onde a fazenda está instalada, há movimentação de pessoas trabalhando com culturas diferentes e na construção de viveiros. As máquinas são usadas no preparo da terra enquanto dura a estiagem. O ritmo frenético é típico de uma propriedade rural, sendo que toda a mão de obra é formada por apenados que cumprem sentença judicial de privação da liberdade e aprendem uma profissão, trabalhando para ter uma renda, ao mesmo tempo em que o número de dias de cárcere é reduzido.
Para o secretário de Justiça, coronel Marcos Rocha, o projeto Fazenda Futuro é um dos desejos do Governo de Rondônia de ver implantado, dentro do sistema prisional, algo que faça com que o sistema seja autossustentável. “Estamos trabalhando na ativação da cozinha industrial onde fornecerá a alimentação para todas as unidades da capital, a produção que almejamos poderá atender até outras situações, como escolas por exemplo. O objetivo do projeto é fazer com que as pessoas que cumprem pena no regime fechado possam trabalhar no cultivo da fazenda e produzir sua própria alimentação e se sintam úteis, não fiquem ociosos, e possam trabalhar de dia e estudar de noite”, explicou.
Rocha ainda ressaltou que, por enquanto, o projeto só trabalha com os reeducandos do regime semiaberto, mas o intuito é incluir parte do regime fechado. “Quem sabe criar um presídio diferente, um presídio fechado agrícola. O governo tem trabalhado com esse objetivo, de ver os cumpridores de pena tendo a sua vida modificada através do trabalho e do estudo”, finalizou.