Objetos e instrumentos comuns ao dia a dia das crianças são usados para estímulos sensoriais. (Foto: Julyane Galvão)
As mãos e olhares curiosos de Lucas Gabriel, de 2 anos, buscavam os objetos ao redor. Estranheza, cócegas, maciez. As texturas, cores e sons despertavam os sentidos do pequeno, que nasceu com microcefalia. Assistido pela Casa de Apoio Ninar desde setembro do ano passado, ele participou na terça-feira (17), pela primeira vez, do ciclo sensorial, atividade terapêutica planejada pelo poder público estadual, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
“Foi muito bom para ele, pois trabalha a visão, a parte sensorial. Ele se divertiu. Aliás, sempre se diverte. Ele gosta bastante. O atendimento aqui é maravilhoso. Sempre aprendemos algo aqui para fazermos em casa. Já senti muitas mudanças no meu filho, na alimentação, no desenvolvimento, na visão. Ele era bem quietinho, agora ele está bem melhor. Sinto que não será uma criança que vai ficar deitadinho, ele já não para”, testemunhou a mãe da criança, Francisca Maria Silva, que veio pela terceira vez de Coelho Neto para fazer acompanhamento no local, que presta assistência especializada a crianças com problemas de neurodesenvolvimento e seus familiares.
O ciclo sensorial promove o desenvolvimento dos sentidos, fornecendo meios para que a criança fique mais ativa. A atividade é voltada para o desenvolvimento da criança e fortalecimento do vínculo com seus familiares.
O secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, reforçou os resultados do atendimento da Casa de Apoio Ninar. “Com o pleno funcionamento da Casa de Apoio Ninar, mostramos a diferença da gestão do governador Flávio Dino no modo de ver, agir e implementar políticas públicas de saúde no Maranhão. Mudamos a lógica do passado e desenvolvemos um projeto exitoso voltado para assistência das crianças com problemas de neurodesenvolvimento e seus familiares, inclusive com reconhecimento internacional”, destacou.
Estímulos sensoriais
A terapeuta ocupacional e coordenadora da equipe multidisciplinar da Casa de Apoio Ninar, Valéria Ferreira, explicou que, após seis meses de acompanhamento com as crianças, percebeu-se a necessidade de mais estímulos sensoriais. Ate então, o tempo era dividido entre estimulação sensorial e motora em sessão conjunta. Agora, as duas atividades foram desmembradas, embora uma ainda esteja ligada à outra.
“Achamos que deveríamos dar mais ênfase à parte sensorial, observando uma necessidade real. Os estímulos sensoriais e motor andam juntos. Preciso sentir para me movimentar, preciso olhar para ter interesse em buscar e preciso ouvir para virar e olhar. Por isso fazíamos tudo junto, mas temos um momento agora dedicado a parte sensorial”, esclareceu.
Para esta etapa da atividade, os especialistas usam objetos e instrumentos comuns ao dia a dia. São usados objetos facilmente encontrados e acessíveis, como esponjas de diferentes texturas, contas de Natal, pompons, dados fabricados com isopor e papéis de cores diferentes e contrastes, fitas e argolas.
“Observamos que os recursos que temos no mercado não eram suficientes ou adequados às necessidades das nossas crianças, mas que também tínhamos coisas que as mães usam no seu dia a dia ou que apresentamos na casa que faziam mais sentido. As crianças prestam mais atenção, se interessam mais pelos objetos e têm ganhos maiores”, afirmou a coordenadora.
Na Casa de Apoio Ninar, as mães aprendem como reproduzir os estímulos em casa. Nos dois ciclos anteriores, os familiares aprenderam a confeccionar um bambolê sensorial e um kit de estimulação visual. Elas aprendem a fazer e a usar da forma correta.
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