O nome é de um imperador. Até poderia ser um. No mítico reinado rubro-negro, contudo, o cargo já tem dono. E também já tem um rei. Um Deus, dizem. Nesse cenário em que deuses, mitos, reis e imperadores confundem-se com os ídolos da bola, caberia então ao goleiro Júlio César a patente não menos gloriosa que a de ser “A mão do Rei”. Aquela que garantiu títulos, fez defesas milagrosas, evitou rebaixamentos e, em último ato, abençoou toda uma nação, representada por 52 mil apaixonados na noite do último sábado (21), no Maracanã. Era uma despedida.
O lugar de Júlio César está garantido na galeria de grandes ídolos do Clube de Regatas do Flamengo. E, sem dúvida, na lista dos maiores atletas brasileiros do seu tempo. Sua despedida do futebol foi em grande estilo. Aos 38 anos e com todas as dores que o perseguem há um bom tempo, Júlio teve atuação segura na vitória sobre o América-MG por 2 a 0. Saiu de campo abraçado pelos companheiros, aplaudido e sob gritos de suplicação: “Ficaaaa!”.
O adeus foi dado. Ficam memórias e os momentos vividos por Júlio nas metas que defendeu durante a carreira na conexão Brasil-Europa. Estreou na equipe profissional do Flamengo aos 17 anos. Era diferente, de talento nato. Destacava-se pela agilidade debaixo das traves e reposição de bola cirúrgica. Conquistou quatro Campeonatos Cariocas, uma Copa dos Campeões Mundiais, uma Copa dos Campeões e uma Copa Mercosul. Sua convocação para a Seleção Brasileira seria questão de tempo.
Foram 12 anos vestindo a Amarelinha. Acumulou três participações em Copas do Mundo e conquistou títulos como a Copa América de 2004 e as Copas das Confederações de 2009 e 2013. Ficou marcado por defender cobranças de pênaltis em momentos decisivos. Era um especialista. Com a camisa brasileira, foi eleito o melhor goleiro da Copa das Confederações de 2013. Entre 2009 e 2010, viveu a melhor fase da sua carreira, quando acumulou muitos prêmios individuais e coletivos. Pela Inter de Milão, conquistou a Tríplice Coroa: Liga dos Campeões, Copa da Itália e a Série A.
Júlio é reverenciado como um dos melhores da posição. Construiu sua reputação com a técnica que sempre demonstrou dentro de campo e com a postura de hombridade fora das quatro linhas. Parabéns pela carreira vitoriosa e pelos anos em que representou o nosso país e a nossa reconhecida escola de excelentes goleiros. Obrigado, Júlio César!