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O Rio Grande do Norte registra um novo caso de policial militar assassinado a cada 10 dias, segundo dados do Observatório da Violência do Rio Grande do Norte (Obvio), organismo ligado à Universidade Federal do Semiárido (Ufersa). Já são 10 agentes de segurança mortos somente este ano.
O último registro aconteceu no último sábado, dia 21, quando o sargento José Edivaldo do Nascimento, de 46 anos, foi baleado por um assaltante na Avenida Alexandrino de Alencar, no bairro do Alecrim, na zona Leste de Natal. O corpo do policial foi enterrado no domingo, 22.
“O policial no RN tem morrido ao reagir em roubos, ao intervir na sua folga contra ações delituosas; é vítima de toda uma desestruturação da segurança. A criminalidade não faz acepção de pessoas, quem está vulnerável é vítima mais potencial ainda”, detalha Ivênio Hermes, coordenador do Obvio.
O número deste ano já representa 58% do total de casos ocorridos em 2017, quando se contabilizou 17 mortes. Em 2016, houve o registro de sete PMs mortos.
A média de uma morte a cada dez dias é a mais graves dos últimos anos. Em 2017 foi registrado um caso cada 21 dias. Já em 2016, a proporção foi de uma nova morte a cada 52 dias.
Atualmente, o Rio Grande do Norte conta com 7,9 mil policiais militares atuando nas ruas. Ainda de acordo com Ivênio Hermes, própria gestão pública não faz planejamento o adequado para manter o efetivo em número necessário à demanda da sociedade. “Todos os anos 300 Policiais Militares saem para reserva, e há anos não se realiza concurso. E se a superioridade numérica já inexiste durante o serviço normal, imagine o que ocorre nas folgas ou nos serviços extras”, justifica.
Em todos os casos de mortes registradas este ano, os policiais foram assassinados no horário de folga. Foram cinco latrocínios (roubo seguido de morte) e outros cinco homicídios, mas com características de execução.
“A sensação é de abandono. O policial militar enfrenta uma situação de vulnerabilidade”, reclama Eliabe Marques, da Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar do Rio Grande do Norte.
Além destes casos, ainda pode se somado o assassinato da policial Carolina Pletsch, de Santa Catarina, que morreu ao reagir a um assalto no início deste mês. Ela e o marido, também policial, desfrutavam férias no litoral potiguar quando aconteceu a tragédia.
“Este ano não ocorreu nenhuma morte de farda. Aproveitaram uma vulnerabilidade dos agentes de segurança. O bandido não tem compromisso. Sempre atua de surpresa e atira de forma aleatória. A vulnerabilidade é agravada pelo fato de que o policial precisa ter precauções. Ele precisa tomar providências para evitar de se ferir e também não ferir outras pessoas inocentes. É uma situação muito difícil”, aponta Eliabe Marques.
O presidente da associação cobra do gestor maior rigor nas investigações relacionadas aos crimes. Ele sugere copiar aqui uma ação que acontece no estado do Ceará. Por lá, a Secretaria de Segurança criou uma delegacia especializada na apuração de crimes praticados contra agentes de segurança. “Daria uma sinalização par de que o governo está dando atenção ao policial. Só queremos uma rápida investigação dos casos. Já requeremos diversas vezes um mecanismo, seja uma delegacia ou uma força-tarefa, para que os crimes não fiquem impunes. A morte do policial não pode ser apenas uma fatalidade”.
Além disso, em razão do aumento dos casos de mortes de policiais, a associação recomenda aos policiais militares a redobrarem a atenção ao retirar a farda. Segundo Eliabe Marques, os policiais precisam ter mais atenção e até mudar a rotina. “Precisa se abster de estar em determinados ambientes, evitar sair em determinados horários, ter mais precaução ao sair de casa. O policial precisa proteger o bem mais precioso que é a própria vida”, aponta.