Em uma semana, aumentou em mais de 500 o número de casos suspeitos de microcefalia em 14 estados do país. Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados na segunda-feira (30), Pernambuco lidera o ranking, com 646 registros. Com exceção do Rio de Janeiro, Tocantins, Maranhão, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, todas as demais situações aconteceram no Nordeste. Na semana passada, o governo confirmou oficialmente a relação entre o vírus zika e o surto de microcefalia. Até agora, foram registradas sete mortes desde outubro, quando os casos começaram a aparecer.
Na 15ª Conferência Nacional de Saúde, nesta sexta-feira (4), a presidente Dilma Rousseff falou do empenho do governo para reduzir os casos de microcefalia. “Estamos mobilizando os agentes de saúde, toda a estrutura da Defesa Nacional, parte do governo federal, além do Exército, Marinha e Aeronáutica para nos ajudar nessa ação”, comentou.
Dilma vai neste sábado (5) a Pernambuco para lançar o plano que tem como objetivo prevenir e combater o mosquito transmissor da doença. Além de atuar na prevenção, o governo fará “uso de tecnologia para propor para procurar vacinas que sejam comercializáveis, inclusive de mudanças em moscas estéreis para também tratar de outra forma a erradicação do vetor“, afirmou a presidente.
Na semana passada, o Ministério da Saúde registrou 739 casos de microcefalia. Mas, segundo o último informe epidemiológico divulgado na segunda-feira (30), o número já era de 1.248 doentes. A maior parte dos casos aconteceu em Pernambuco, de onde surgiu a suspeita da ligação do vírus zika com a doença. Segundo o ministério, foi o estado que deu o primeiro alerta sobre a relação.
A confirmação oficial se deu depois do exame de sangue e tecidos de um recém-nascido feito no Instituto Evandro Chagas, em Belém, que constatou a presença do vírus. A criança está entre as sete mortes registradas. Depois, mais outros dois casos de óbito foram registrados.
311 municípios em 14 estados
Até agora, segundo o Ministério da Saúde, foram constatados suspeitos de microcefalia em 311 municípios de 14 estados, atingindo um recorde nacional. Em 2012, foi o ano em que foi registrado maior número de casos: 175 em todo o Brasil. No ano passado, foram 147 casos. Pernambuco, que em 2015 liderou o ranking de situações, teve em 2014 apenas 12 doentes com microcefalia. Além disso, as mortes no Brasil foram as primeiras no mundo relacionando o vírus zika.
Além de Pernambuco, o Ministério da Saúde registrou casos nos estados da Paraíba (248), Rio Grande do Norte (79), Sergipe (77), Alagoas (59), Bahia (37), Piauí (36), Ceará (25), Rio de Janeiro (13), Tocantins (12) Maranhão (12), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1) e Distrito Federal (1). Um dos casos que se associou o vírus com a microcefalia aconteceu no Ceará. Uma criança recém-nascida, com diagnóstico da doença e com outras malformações, deu resultado positivo para a Zika. Outras cinco mortes aconteceram no Rio Grande do Norte e a última no Piauí. Os últimos seis casos ainda estão sob investigação, segundo o Ministério da Saúde.
Na avaliação do governo, a situação é inédita em todo o mundo. Ainda não se sabe o que causa a infecção do feto e o período de vulnerabilidade para as grávidas. A princípio, segundo informações do Ministério da Saúde, o risco está associado aos três primeiros meses de gestação. O protocolo adotado pelas autoridades da área será o mesmo utilizado para as situações mais graves de dengue, já que o mosquito Aedes aegypti é também o responsável pela disseminação da zika e da chikungunya. Por isso, o governo começou uma campanha nacional de combate ao mosquito.
Grávidas
Hoje, conforme levantamentos do Ministério da Saúde, 199 municípios brasileiros estão em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika. Uma das preocupações é com as gestantes, principais agentes de transmissão da microcefalia. O ministério recomenda que as mulheres grávidas mantenham o acompanhamento e as consultas do pré-natal. Além disso, elas não devem consumir bebidas alcoólicas, drogas ou medicamentos sem orientação médica e evitar contatos com pessoas com febre ou infecções.
Uma das recomendações das autoridades de saúde é a que as gestantes adotem medidas para reduzir a presença de mosquitos transmissores de doença. É necessário eliminar criadouros, e proteger-se, mantendo portas e janelas fechadas ou teladas, além de usar calça e camisa de manga comprida e passar repelentes permitidos para gestantes.
Fonte: Fato Online