Uma pesquisa de quase duas décadas sobre adubação verde em pré-cultivo e intercalar a cana-de-açúcar, conduzida pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), aponta resultados animadores para o setor. O órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado iniciou o estudo há mais de 18 anos, coordenada por Edmilson Ambrosano, no Polo Regional de Piracicaba.
De acordo com as análises, a prática é rentável ao agricultor por aumentar em cerca de 160% a lucratividade do plantio quando se utiliza a crotalária-júncea como adubo verde em pré-cultivo, além de melhorar várias características do solo.
“Quando se usa somente adubo químico, os aumentos na lucratividade não ultrapassam 20%. Contudo, ao usarmos crotalária-júncea mais adubo mineral, os ganhos econômicos podem chegar a 200%. Se utilizarmos apenas a crotalária, a produtividade aumenta em 156%. E quando se utiliza a soja como adubo, o aumento é de apenas 123%”, afirma Edmilson Ambrosano.
Vale destacar que, segundo especialistas, a crotalária-júncea consiste em uma leguminosa anual de primavera-verão, de crescimento muito rápido, bastante empregada na implantação e renovação de canaviais.
Aprovação
A técnica já está em execução e foi aprovada por Regina Gomes, produtora de Barretos, no interior paulista. “É ótima, mesmo existindo um custo para plantar”, avalia a agricultora. “Plantamos a crotalária-júncea. Quando ela começa a soltar seus pendões, a gradeamos e incorporamos à terra. Então, a terra fica mais ‘gorda’, como costumamos dizer”, explica Regina Gomes, que utiliza a técnica para plantar jiló, mandioca, pimenta e laranja.
No cultivo da produtora de Barretos, a adubação dura cerca de oito meses, reciclando nutrientes no solo e trazendo sais minerais para a superfície. “As plantas cultivadas no solo com adubação verde produzem mais e seus frutos são mais belos”, explica.