UTI Neonatal de Ariquemes quase fechou as portas por falta de pagamento do SUS; Serviço é essencial à região. Foto: Deborah Sena/Diário da Amazônia
Funcionando há nove anos, hoje com seis leitos, três credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e três particulares, a clínica com a unidade de terapia intensiva para recém-nascidos já atendeu até este mês 70 bebês, sendo 21 de Ariquemes e 49 do interior. Hoje, seis encontram-se internados. Em março deste ano, a UTI corria o risco de fechar suas portas e interromper o atendimento gratuito, pois não estava recebendo o valor devido pelos serviços. Na época eram nove leitos, mas hoje com seis são cadastrados, os pais ou responsáveis que comprovem não ter condições para custear o tratamento, solicitam na Defensoria Pública mandado judicial para cobrir as despesas.
O índice de sobrevida anual da UTI Neonatal é acima de 90%, ou seja, apenas 12% dos bebês não sobrevivem por ano. A médica responsável pelo atendimento da UTI decidiu, naquela época, interromper o serviço gratuito para a preocupação de mães que necessitam do funcionamento desta atividade para seus recém-nascidos, além de ter mobilizado, contudo, representantes da Secretaria Estadual de Saúde e deputados estaduais.
Em uma carta lida na Assembleia Legislativa, enviada pela médica Luciane Berti, diretora da Clínica da Criança, na qual informava o fechamento da UTI neonatal da unidade, devido motivos burocráticos por parte da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) propôs que a Comissão de Saúde convocasse o secretário de Saúde estadual para participar de uma reunião com todos os demais presentes. “É inadmissível saber que uma unidade de saúde tão importante como esta, que atende inclusive a minha região, seja fechada porque lhe foi interrompido o direito de uma boa atuação médica e com qualidade de saúde”, citou a doutora Luciane Berti.
Segundo a médica, para solucionar o problema enfrentado pelos profissionais que trabalham na UTI, será preciso se discutir urgentemente a respeito do problema com todos os envolvidos, para que não haja o encerramento do serviço, este que atende todo o Vale do Jamari. “Na verdade, essa reunião para definir o nosso impasse, este administrativo, em que eles entendem que os meus leitos têm que permanecer vagos, pois o limite da UTI seria somente três, mas eu tenho nove leitos, então seriam seis que ficariam sem utilização. Uma demanda muito grande de crianças que chegam aqui quase morrendo precisa desse serviço”, enfatizou.
A mãe de Artur e Gustavo, a vendedora Priscila Santos, relatou que após ter tido um parto arriscado, no qual os dois recém-nascidos nasceram prematuros, sem a UTI da cidade, seus bebês não teriam sobrevivido. “Foi muito difícil, quando eles fizeram o meu parto, em Ji Paraná queriam me mandar para Porto Velho, mas como não dava tempo, pois o maior já tinha estourado a bolsa nasceram lá, pois sou de lá. Graças a Deus fomos transferidos para Ariquemes, conseguimos vagas paras os dois aqui. Meu coração na mesma hora ficou aliviado”, contou a mãe dos gêmeos que ainda espera alta do filho Gustavo.
Outra mãe, que também relatou sua experiência na UTI, Persila Farina, contou que teve um parto de alto risco, por causa da eclampsia, adquirida na 22ª semana de gestação, que põe em risco a vida do bebê e da mãe. “Minha filha nasceu de 34 semanas, tive que passar por uma cesárea de urgência. Não conseguiríamos chegar a Porto Velho a tempo, minha filha, que neste sábado completa dois meses, estaria morta. Eu estaria morta sentimentalmente e fisicamente”.
Ainda segundo Persila, o atendimento na unidade neonatal foi de extrema importância, relatando que até a humanização, a atenção recebida pelas enfermeiras e a fisioterapeuta foi essencial para a recuperação de Maria Guilhermina. “Quando estive aqui, minha filha passou 22 dias internada. Eram oito bebês, mas somente eu e outra mãe éramos de Ariquemes”, contou.
Fonte:Diário da Amazônia