Eleonora Gosman, correspondente no Brasil do jornal argentino Clarín escreveu uma matéria afirmando que o Palmeiras havia “abraçado o candidato favorito” na corrida presidencial; para embasar tal declaração, Eleonora citou episódios isolados envolvendo o volante Felipe Melo e um pequeno grupo de torcedores, flagrados numa estação de metrô reverenciando tal candidato.
Não bastasse a inverdade do apoio institucional do clube a um candidato, a correspondente ainda acusou o Palmeiras ter sido uma “célula do fascismo” na época da troca de nome, em 1942 – período da Segunda Guerra Mundial, e também diz que o clube “tem fama de ser racista”.
Diante de tamanho absurdo, o Palmeiras procurou a direção do jornal e reivindicou um direito de resposta, que foi publicado na noite de terça-feira (veja aqui).
Confira abaixo a nota do Palmeiras:
“Com relação ao artigo “‘La disputa política llega al fútbol: la hinchada del Palmeiras se declara ‘bolsonarista’”, a Sociedade Esportiva Palmeiras vem a público esclarecer:
O Palmeiras, em momento algum, declarou apoio a qualquer candidato a presidente do Brasil. Como o próprio texto ressalta, o clube, após as declarações do atleta Felipe Melo, emitiu uma nota ratificando a posição de neutralidade nas eleições, lembrando que se tratava de uma posição pessoal do jogador.
Sobre o vídeo com canções homofóbicas no metrô, o Palmeiras não é responsável por atos isolados de torcedores que não representa a instituição e seus valores. São 16 milhões de palmeirenses espalhados por todo o país, e generalizar que a torcida do Palmeiras apoia determinado candidato é, no mínimo, imprecisão jornalística e incoerência, já que, no mesmo texto, é citada a existência de um grupo chamado Palmeiras Antifascista.
Tão grave ou mais são as afirmações de que o Palmeiras é uma “institución con una dura historia vinculada al fascismo italiano”, que era “un germen fascista dentro de Brasil” e que “no pudo sin embargo desprenderse de la fama de racista que había sabido ganar”. Não sabemos quais historiadores foram consultados, mas, certamente, não conhecem a história do clube e do futebol brasileiro.
Em nossa ata de fundação, em 1914, constam os nomes de 46 pessoas, entre elas, brasileiros sem nenhuma ascendência italiana (portanto, nunca houve distinção étnica no clube). Fomos fundados por operários, trabalhadores e profissionais autônomos. Enfrentamos o establishment do futebol paulistano, à época dominado pela aristocracia, e fomos um dos grandes responsáveis pela popularização do esporte na cidade. O contingente de torcedores do Palestra Italia lotando os jogos do time foi, inclusive, motivo de artigo de jornal, impressionado com a capacidade do clube de mobilizar as massas. E não havia restrição de etnia, de gênero ou de classe social nessas massas.
O Palestra foi, sim, duramente perseguido durante a Segunda Guerra por conta do posicionamento do governo brasileiro. Foi vítima de preconceito unicamente por ter “Italia” no nome. O clube nunca declarou apoio ao Eixo. Inclusive, um dos jogadores ícones do time em 1942, quando o clube foi obrigado a mudar de nome, era o negro Og Moreira…
Feitos os devidos esclarecimentos, lamentamos profundamente que os leitores de um jornal da importância do Clarín tenham se deparado com um texto com tanto desconhecimento histórico e com tanta generalização incorreta.
Atenciosamente,
SE Palmeiras”.
Repúdio: o PTD, como integrante da Liga Verde também repudia a matéria da jornalista Eleonora Gosman e subscreve a nota publicada no site da Liga – Leia clicando aqui.