Quatro dias após perder o filho de 18 anos num acidente de trânsito em Ariquemes (RO), Lourdes Pereira Rodrigues, 50, não se conforma com a tragédia. No domingo (6), Fracismar Rodrigues Pêgo, que estava na garupa de uma motoneta, foi atropelado por um carro importado que era dirigido por um adolescente de 16 anos. “Eu quero a verdade. Saber o que houve de fato nesse dia. Não me interessa por ninguém na justiça”, diz a mãe.
Em entrevista ao G1, Lourdes disse que o filho havia saído naquele dia para ir até uma lanchonete junto dos colegas. “Um amigo veio buscar ele em casa. Francismar apresentou ele para mim, me deu um último abraço e saiu na garupa da moto”, relembra.
Segundo informações de amigos que estavam na lanchonete, em certa altura da noite Francismar e o colega saíram do local na motoneta, porém ao chegarem no cruzamento da Rua João Pessoa foram atropelados por um carro que era dirigido por um adolescente. Com a batida, os dois foram arremessados contra o para-brisa e depois lançados no meio fio, onde tiveram traumatismo craniano.
A mãe lembra que quando chegou ao Hospital Regional de Ariquemes viu o filho com um corte profundo na cabeça e os médicos tentando salvá-lo. “Ali eu vi a gravidade e senti que ele não ia sobreviver. Logo depois veio a triste notícia”, recorda a mãe.
Embora os vários depoimentos apontam que o piloto da motoneta invadiu a preferencial, Lourdes diz não se conformar com estas informações. “Está tudo muito vago, pois alguns falam que o menor do carro estava acima da velocidade. Outros me falam que o piloto da moto quem invadiu. Só quero a verdade, saber o que houve. Não tenho a intenção de colocar ninguém na justiça, nem a mãe do menor que estava no carro e nem o pai do rapaz que dirigia a moto com meu filho na garupa”, afirma.
Desde o acidente, a mãe de Francismar conta que a família do adolescente que dirigia o carro não a procurou para prestar quaisquer ajuda ou mesmo para pedir desculpas.
Saudades
Lourdes diz que o filho estava trabalhando há cerca de três meses em uma loja da cidade. Como não tinha habilitação, Francismar ia de bicicleta e pedalava mais de 30 quilômetros por dia para chegar na empresa. “Ele ia de manhã, vinha pra almoçar e depois retornava. À noite ia pra aula, pois estava fazendo 2° ano do ensino médio”, diz.
A relação de mãe e filho era tranquila, segundo Lourdes, que trabalha como serviços gerais. “Era um menino que não se envolvia em briga e pensava na família. Antes de morrer ele tinha recebido o salário e iria fazer a compra aqui pra casa. Só de pensar nisso dói mais ainda. Ver o quanto ele queria me ajudar”, relembra emocionada.
Lourder diz que as saudades do filho são grandes. “Ele tem uma irmã, que mora em Rio Crespo, porém aqui em Ariquemes era só ele de filho. Ele se dava bem com o padastro, ajudava ele nas obras que precisava fazer em casa. Um menino bom”, aponta a mãe.
Investigações
A Polícia Civil instaurou um inquérito para procedimento apurativo de ato infracional cometido pelo adolescente que dirigia o carro sem habilitação. O procedimento é equiparado a homicídio culposo, conforme o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), e deve ser julgado pelo Juizado da Infância e Juventude. Autor: G1