A ficha sobre a tragédia da epidemia de microcefalia caiu. Diante da gravidade da situação, o problema agora é reverter as limitações da nossa combalida Saúde Pública, para enfrentá-la. Desde outubro, quando apareceram os primeiros casos, até agora, já nasceram mais de 5 mil crianças com suspeita dessa malformação. Poderemos chegar a 100 mil ainda em 2016! A média nacional, antes da notificação obrigatória, era de 160 casos anuais.
A microcefalia produzirá seres humanos com profundas lesões cerebrais, a imensa maioria sem autonomia, e com importante atraso motor e cognitivo. Portanto, não é só um problema imediato. Ele irá afetar intensamente as famílias e o conjunto da sociedade por muitas décadas. O custo humano, social e econômico será incalculável.
O governo só agora parece ter acordado, mobilizando a Esplanada e criando o “Dia Nacional de Mobilização Zika Zero” para combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, zika e chikungunya. O zika chegou no Brasil há dois anos, mas o mosquito Aedes aegypti já está aqui há décadas, transmitindo principalmente a dengue. Em 10 anos, a área de infestação do Aedes quadruplicou no Brasil, sem uma ação global consistente para eliminá-lo. Ou seja, nenhum lugar do país está livre de risco.
De nada adianta um mutirão, sem recursos. A Saúde teve seu orçamento muito reduzido para 2016. Sofre com a falta de verbas. Até agora não temos um kit diagnóstico em quantidade suficiente para ter ideia da dimensão do contágio. Não existem estruturas de atendimento especializado para as milhares de vítimas e os Estados e municípios não receberam do Governo Federal uma proposta de repasses necessários para enfrentar essa tragédia. Isso sem falar de problemas triviais na organização das informações, o que induz a erros para avaliar a dimensão e a progressão da epidemia. Ela está sendo divulgada, em alguns momentos, com menos casos que a realidade, muito em função do não repasse de dados dos Estados e da falta de uniformidade para definir suspeita da alteração. Sem uma vacina conhecida, ainda, e sem remédio específico, a eliminação dos criadouros de mosquitos é a única maneira de enfrentar a doença. Alertamos ainda em novembro para a gravidade do tema, mas só agora aparecem alguns sinais de mobilização maior. Esperamos que se amplie e prossiga com a maior rapidez possível. Não há outro caminho!
OSMAR TERRA é médico e deputado federal (PMDB-RS). Presidente das Frentes Parlamentares da Saúde e da Primeira Infância e coordenador da Comissão Externa da Câmara para acompanhamento de ações referentes à epidemia do Zika vírus e à microcefalia
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ASSESSORIA DE IMPRENSA DO DEPUTADO FEDERAL OSMAR TERRA (PMDB-RS)
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