A recessão que começou no ano passado deve continuar em 2017. E, quando ela terminar, o Brasil viverá um período de fraco crescimento econômico. Pelos próximos cinco anos, isto é, até 2021, o máximo que o país deve crescer é 2% a cada 12 meses. A projeção, nada lisonjeira para os brasileiros, foi publicada nesta quinta-feira (18) pela Moody’s. A agência é a única das três principais que ainda não tirou o grau de investimento do país.
“Não vislumbramos um crescimento do PIB de mais de 2% para cada um dos próximos cinco anos”, afirma, sem meias palavras, no Global Macro Outlook 2016-2017, divulgado hoje. As exportações, única atividade que pode representar uma esperança concreta neste momento, não são vistas com empolgação pela Moody’s.
A desvalorização real de 26% da moeda brasileira frente ao dólar no ano passado ajuda, mas não é um milagre. “Esses ganhos não são suficientes para compensar o recuo do investimento e do nível de emprego”, afirma a agência norte-americana de classificação de risco.
A Moody’s destaca o impulso que as exportações ganharam, com a desvalorização de 26% do real no ano passado, mas pondera que isso não é suficiente para reconduzir o Brasil para uma nova era de bonança. “Esses ganhos não são suficientes para compensar o recuo do investimento e do nível de emprego”, afirma a agência. “A confiança dos empresários vem caindo a níveis recordes e o apetite dos investidores por ativos brasileiros, que reflete no preço das ações, por exemplo, está caindo”, completa.
Tempo demais
Um desfecho positivo para o escândalo de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato, um câmbio competitivo e o baixo preço dos ativos deveriam atrair investimentos para o país e permitir que a economia começasse uma lenta recuperação. “Contudo, fomentar novos setores para substituir as commodities levará anos”, resume.
A agência estima que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil caia cerca de 3% neste ano. Se a previsão for confirmada, a retração acumulada entre 2015 e 2016 será de aproximadamente 6,6% – a maior de um biênio desde os anos 80, conhecidos como a década perdida do Brasil, devido à elevada inflação e à anemia econômica. Para 2017, a expectativa é de uma estabilização da economia.
A Moody’s é a única das grandes agências de risco que ainda mantém o Brasil no clube do grau de investimento. Suas principais concorrentes, a Standard & Poor’s e a Fitch, já rebaixaram o país para o grau especulativo. A S&P, aliás, reforçou sua convicção nesta quarta-feira (17), ao cortar pela segunda vez a nota brasileira, cinco meses depois de classificá-la como “junk”.
Fonte: O Finacista