Uma palavra define bem a temporada do Palmeiras: protagonista. Se fora de campo o Verdão seguiu monopolizando o mercado, realizando as contratações mais comentadas, dentro das quatro linhas o Palmeiras fez o que dele a torcida espera: disputar para ser campeão todos os campeonatos – foi finalista do estadual (perdeu o título na mão grande), chegou às semifinais da Copa do Brasil e da Libertadores, e conquistou o Brasileirão, o décimo da história, chegando a 14 títulos nacionais.
Confira abaixo um breve resumo de como foi 2018 para o Verdão, começando pelo mercado (chegadas e partidas), passando pelo desempenho dos treinadores, pela viagem da intertemporada, e chegando aos quatro campeonatos disputados. Também destacamos mais um excelente ano das categorias de base, o melhor da história do clube.
MERCADO
Após passar o ano de 2017 em branco, o Palmeiras promoveu alguns ajustes no elenco para 2018. Inicialmente, 6 jogadores foram contratados, enquanto que 7 deixaram o clube, contando a aposentadoria de Zé Roberto.
Os atletas que chegaram já em janeiro foram Emerson Santos, Diogo Barbosa, Lucas Lima, Weverton, Marcos Rocha e Gustavo Scarpa. Allione, Artur e Thiago Martins voltaram de empréstimos, mas só os dois últimos permaneceram no clube (Allione foi reemprestado ao Bahia).
Os jogadores que deixaram o Verdão antes da temporada iniciar foram Egídio, Arouca, Erik, Vinícius Silvestre, Raphael Veiga, Róger Guedes e Mina. Mais para frente outros atletas foram negociados, todos em definitivo: Keno, Fernando, Tchê Tchê, João Pedro e Daniel Fuzato. Com as vendas, contanto as de Guedes e Mina, o Palmeiras arrecadou R$ 193,7 milhões.
No decorrer do ano o Verdão colocou à disposição do mercado os jogadores que não estavam sendo aproveitados e realizou duas contratações para a zaga; Fabiano e Emerson Santos foram emprestados ao Internacional, Michel Bastos foi para o Sport, Juninho acertou com o Atlético-MG, enquanto que Thiago Martins foi cedido ao futebol japonês. Vindo do Milan, o zagueiro Gustavo Gómez chegou com status de titular, enquanto que Nico Freire, ex-PEC Zwolle, da Holanda, atuou apenas num amistoso da intertemporada, no Panamá.
Envolvido num imbróglio judicial com o Fluminense, o meia Gustavo Scarpa ficou 3 meses sem poder atuar – de março a junho, até que sua situação foi resolvida de vez pelas diretorias de Palmeiras e Fluminense em outubro.
ROGER MACHADO
Contratado para o lugar de Alberto Valentim, Roger Machado iniciou muito bem a temporada, com 6 vitórias seguidas e 2 empates. A primeira derrota foi acontecer apenas no final de fevereiro para o Corinthians, em Itaquera, mas nas partidas seguintes, inclusive pela Libertadores, o time não demonstrou sentir o revés no clássico.
Apesar dos bons resultados, o Palmeiras de Roger não empolgava o torcedor. Contra o treinador pesavam as críticas do time não ser vibrante e dele não rodar o elenco. Alheio a isso, o técnico seguiu com seu trabalho e levou o Verdão à final do estadual, fez a melhor campanha geral da primeira fase da Libertadores e também avançou às quartas de final da Copa do Brasil.
Os problemas do treinador se intensificaram a partir da começo do Campeonato Brasileiro, em maio. Derrotas para Corinthians, Sport (em casa) e Cruzeiro, e empates com Ceará, Flamengo e Santos – depois do time ter saído na frente, fizeram a paciência da torcida e da diretoria praticamente chegar ao fim, até que veio a partida contra o Fluminense, quando o Palmeiras, numa atuação lamentável, acabou derrotado por 1 a 0. Roger caiu no vestiário do Maracanã, deixando o clube na sétima colocação e a 8 pontos do então líder Flamengo.
Números de Roger no Palmeiras:
Jogos: 44
Vitórias: 27
Empates: 9
Derrotas: 8
Aproveitamento: 68,18% (90 pontos ganhos em 132 disputados)
WESLEY CARVALHO
No intervalo entre a demissão de Roger Machado e a contratação de Felipão, Wesley Carvalho, comandante do vitorioso Sub-20, esteve a frente da equipe na partida contra o Paraná, lanterna por todo Brasileirão. Em casa, o time jogou bem e venceu com tranquilidade por 3 a 0.
FELIPÃO
Um dia depois de demitir Roger Machado, a diretoria anunciou o retorno de Luiz Felipe Scolari, que estava desempregado há seis meses depois de ter deixado o futebol chinês com 7 títulos no currículo (em 3 anos). Inicialmente, muita gente torceu o nariz para a chegada de Felipão, inclusive setores da torcida. Mas as principais críticas vinham da imprensa, que insistiam em rotular o treinador como “ultrapassado”, “retrógrado”, dentre outros adjetivos pejorativos.
Bastou Felipão iniciar o trabalho, porém, para a torcida superar completamente qualquer resquício de desconfiança. Rapidamente o veterano treinador conseguiu fazer o que se cobrava de Roger: dar alma ao time e aproveitar melhor o elenco. Sem esconder que priorizaria as Copas, Scolari também não abriu mão do Brasileirão, e para disputar o campeonato ele montou praticamente um segundo time, que aos poucos foi diminuindo a diferença em relação aos líderes.
Felipão assumiu o Verdão na rodada 17, empatando sem gols com o América, em Belo Horizonte. A partida marcaria o início da maior série invicta da história do Brasileirão em pontos corridos: absurdas 23 rodadas. O segundo turno do Palmeiras no campeonato foi avassalador: 82,45% de aproveitamento. O título consagrou o excepcional trabalho do treinador, que seguiu sendo alvo de alguns patrulheiros da imprensa, mas apenas por clubismo.
Nas Copas, Felipão levou o Verdão à duas semifinais. Na Copa do Brasil o time foi superado pelo Cruzeiro, enquanto que na Libertadores a eliminação veio para o Boca Juniors. O Palmeiras voltou a disputar uma semifinal de Libertadores depois de 17 anos, outro feito para a conta de Scolari.
Números de Felipão na temporada:
Jogos: 31
Vitórias: 20
Empates: 08
Derrotas: 03
Aproveitamento: 73,11% (68 pontos ganhos em 93 disputados)
PAULISTINHA
O Palmeiras fez a melhor campanha geral do estadual e chegou à decisão após superar o Santos nas penalidades, com Jailson sendo decisivo. Na final, porém, o Verdão foi assaltado nos dois jogos contra o Corinthians. Em Itaquera, foi marcado um impedimento inexistente de Willian quando o jogo estava 1 a 0 para o time de Roger Machado; além disso, a equipe mandante abusou das jogadas violentas e só teve um jogador expulso, junto de Felipe Melo (Clayson). Moisés, por exemplo, levou uma cotovelada no rosto de Gabriel num lance que o árbito sequer assinalou falta. Mas o pior ainda estava por vir. No Allianz Parque, RGT e FPF protagonizaram o maior absurdo dos últimos tempos. Em campo, o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza não assinalou dois pênaltis a favor do Palmeiras (agarrão em Borja e mão na bola de Henrique), e quando marcou um, em Dudu – que existiu, cometido por Ralf, houve interferência externa para a anulação. Com o emocional destruído, nas penalidades o Verdão foi presa fácil para o ex-rival, que colocou mais um asterisco em sua história já tão manchada.
COPA DO BRASIL
Por ter disputado a Libertadores, o Verdão entrou na Copa do Brasil direto nas oitavas de final, e o primeiro desafiante foi o América, definido por sorteio. No primeiro jogo, disputado em Belo Horizonte, o Palmeiras venceu por 2 a 1. Na volta, sem Dudu – que foi proibido de jogar pela CBF por ter ficado na “lista de espera” dos convocados de Tite para a Copa do Mundo, o empate em 1 a 1 bastou para o time se classificar.
Nas quartas de final, contra o Bahia, o Palmeiras já não teve Roger Machado no banco, mas como Felipão ainda não tinha chegado de Portugal, quem comandou o time foi o auxiliar Paulo Turra. O empate em 0 a 0 em Salvador, com direito a pênalti desperdiçado por Bruno Henrique, deixou a classificação em aberto para o jogo do Pacaembu. Com Felipão no banco e Dudu decisivo (e liberado pela CBF), o Verdão venceu por 1 a 0 na volta e avançou à semifinal.
Contra o Cruzeiro, no Allianz Parque, o Palmeiras saiu perdendo após uma falha de todo sistema defensivo. Após tentar o empate por todo jogo, o gol saiu nos acréscimos, com Antônio Carlos, mas o árbitro Wagner Reway anulou alegando falta de Edu Dracena no goleiro Fábio, que não aconteceu. No Mineirão, o gol sonegado em casa fez falta – o Verdão empatou em 1 a 1 e acabou eliminado.
LIBERTADORES
Quando os grupos da Libertadores foram sorteados, ainda em dezembro de 2017, muitos apostaram que o do Palmeiras seria o “da morte”. E foi. Para dois adversários. Boca Juniors e Junior Barranquilla disputaram a segunda vaga até a última rodada, já o Alianza Lima foi mero coadjuvante. Sob o comando de Roger Machado, o Verdão só não teve 100% de aproveitamento na fase de grupos porque cedeu um empate ao Boca no Allianz Parque no último minuto.
Já com Felipão no comando, o Palmeiras enfrentou o Cerro Porteño nas oitavas de final. Na ida, o 2 a 0 em pelo campo do adversário deixou a vaga para as quartas de final encaminhada, mas no Allianz Parque, a expulsão de Felipe Melo com 3 minutos de jogo quase colocou tudo a perder. O Cerro fez um gol espírita no início do segundo tempo, fazendo o Verdão suar sangue para confirmar a classificação.
Por chaveamento, o adversário da fase seguinte foi o Colo-Colo, de Valdivia e Barrios, que eliminou o Corinthians. No jogo de ida, disputado no Chile, o Palmeiras repetiu o que fez contra o Cerro Porteño e venceu por 2 a 0. Em casa, desta vez sem sustos, outra vitória por 2 a 0.
Quis o destino que o rival da semifinal fosse o boca Juniors, que poderia ter sido eliminado na primeira fase se o Palmeiras não tivesse derrotado o Junior Barranquilla na última rodada. Como já havia vencido na Bombonera por 2 a 0, no entanto, o time foi confiante para a primeira partida. Mas um apagão do sistema defensivo nos últimos 10 minutos causou uma derrota por 2 a 0. No Allianz Parque, depois do VAR anular corretamente um gol relâmpago de Bruno Henrique, o Boca aproveitou novo vacilo da defesa alviverde e abriu 1 a 0. Com o Verdão precisando de um 4 a 1, a vaga na tão esperada final da Libertadores ficou praticamente impossível de ser alcançada. Empurrado pela torcida, o time de Scolari até virou e esteve perto de um 3 a 1, mas novamente a equipe argentina foi eficiente e chegou ao 2 a 2 com o maledeto Benedetto após outra falha de marcação. Assim o sonho do Bi foi adiado.
INTERTEMPORADA
Com a prerrogativa de unir o elenco, o Palmeiras decidiu usar parte da intertemporada – período entre junho e julho que todos campeonatos ficaram paralisados para a disputa da Copa do Mundo da Rússia, para uma excursão de 8 dias à América Central.
No Panamá a equipe do técnico Roger Machado enfrentou os modestos Árabe Unido e Independiente Medellín; os dois jogos terminaram 2 a 0 para o Verdão. Na Costa Rica, diante de um time local chamado Liga Alajuelense, o Palmeiras atropelou: 6 a 0.
BRASILEIRÃO
Mesmo sem admitir publicamente, o Palmeiras iniciou a disputa do Brasileiro sem estar 100% focado na competição, já que a fase de grupos da Libertadores chegava ao fim, e os mata-matas da Copa do Brasil estavam por começar. O resultado disso foi uma oscilação muito grande no principal torneio nacional. Nas rodadas iniciais o time então comandado por Roger Machado até conseguiu vitórias expressivas contra Atlético-PR (fora), São Paulo (em casa) e Grêmio (fora), mas ao mesmo tempo sofreu derrotas jogando muito mal, como para o rival de Itaquera, para o Cruzeiro e principalmente para o Sport em pleno Allianz Parque. O empate com o Ceará – então um dos sacos de pancadas do campeonato – depois de ter aberto 2 a 0, também teve gosto de derrota.
Após a parada de pouco mais de um mês para a disputa da Copa do Mundo da Rússia, o Palmeiras voltou a repetir a instabilidade pré-Mundial. Logo no primeiro jogo o time deixou o Santos empatar depois de ter saído na frente. Na sequência, a emocionante vitória sobre o Atlético-MG em casa deu novo ânimo à torcida, mas na rodada seguinte, no Maracanã, o Verdão teve uma atuação deprimente contra o fraco time do Fluminense. Foi o limite para a diretoria, que na mesma noite anunciou a demissão do técnico Roger Machado.
Contra o Paraná, na rodada 16, o Palmeiras foi comandado por Wesley Carvalho, do Sub-20. A vitória por 3 a 0 em casa foi protocolar. A partir da 17ª rodada o Verdão passaria a ser comandado por Felipão, que chegou para reescrever seu nome na história do clube.
O primeiro desafio do “novo” treinador foi contra o modesto América, com uma escalação denominada “alternativa” pelo próprio Scolari, que em sua coletiva de apresentação não escondeu que priorizaria as Copas. O empate em 0 a 0 como visitante, com um time repleto de volantes, não deixou uma boa primeira impressão. Na sequência, porém, nas últimas duas rodadas do primeiro turno, vieram as vitórias contra o Vasco – já com Deyverson sendo “renascido” pelo treinador, e contra o Vitória, em Salvador, de maneira categórica: 3 a 0 foi pouco.
No início do returno, com o “time alternativo” ganhando corpo e confiança, o Palmeiras seguiu somando pontos importantes. Àquela altura o líder ainda estava relativamente distante: 6 pontos. Nas primeiras 7 rodadas foram 5 vitórias e 2 empates. Quando chegou o confronto contra o Cruzeiro, pela 27ª rodada (8ª do returno), o Verdão teve a chance de assumir a liderança e não desperdiçou. A arbitragem de Dewson Fernando Freitas da Silva ainda tentou interferir ao assinalar um pênalti absurdo de Gustavo Gómez (mão a 1 metro e meio fora da área), mas não impediu o 3 a 1 no Pacaembu.
A partir da tomada da liderança do São Paulo, foram 12 rodadas na primeira colocação até a confirmação do Deca, que veio contra o Vasco, em São Januário, na penúltima rodada do campeonato. No meio do caminho vieram outras vitórias marcantes, como as contra São Paulo, no Morumbi – encerrando um jejum de 16 anos sem triunfo no estádio do rival, Grêmio e Santos. O mais impressionante é que o time manteve-se invicto desde a derrota para o Fluminense, no primeiro turno, quando Roger caiu. Foram incríveis 23 rodadas sem perder (17 vitórias e 6 empates). O título coroou o melhor futebol do campeonato – apesar das críticas clubistas de setores da imprensa – e o excepcional trabalho desenvolvido por Felipão, que calou os mesmos “especialistas”.
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BASE
O excelente trabalho desenvolvido na base, que já havia dado resultado em 2017 com 16 títulos, foi ainda melhor em 2018. Do Sub-10 ao Sub-20 o Palmeiras conquistou incríveis 23 títulos em 38 torneios que disputou, estabelecendo um novo recorde para a história do clube. Dentre todas conquistas, destacaram-se a Copa do Brasil Sub-15, o Mundial Sub-17 (foto abaixo) e o Brasileiro Sub-20. O aproveitamento no time profissional dos talentos revelados, no entanto, praticamente não aconteceu. Quem sabe em 2019 o clube resolva correr o risco de ver alguns garotos darem certo na equipe de cima.
MAIS
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