Conforme declarou Manoel Serapião, ex-árbitro Fifa e diretor técnico da Escola Nacional de Árbitros de Futebol, a CBF tem um projeto para aprimorar a atuação da arbitragem no futebol brasileiro com a ajuda da tecnologia. No entanto, ele ainda pensa como implantar isso sem ter que pausar o jogo diversas vezes nem interferir na interpretação do árbitro.
Na esteira da reunião do Comitê de Reforma, que se juntou pela primeira vez na sede da CBF na última quinta para discutir as principais proposições que envolvem o futebol brasileiro –como o fomento à base, a capacitação dos árbitros e as propostas para o calendário de jogos -, os responsáveis pelo projeto que envolve a arbitragem já querem dar andamento nos testes.
“Nosso projeto se destina a corrigir erros nos lances em que tivermos certeza que o árbitro cometeu o equívoco. No campo da interpretação, não queremos substituir o árbitro em campo porque ele tem mais elementos para julgar e sentir o jogo do que um computador”, declarou Serapião em participação no SporTV nesta sexta.
Além de lances duvidosos – como se a bola passou ou não a linha, se o pênalti foi dentro ou fora da área, se o gol foi ou não em situação de impedimento -, a tecnologia a ser implantada também estará voltada para flagrar lances violentos que fogem à visão do árbitro. Contudo, modelos ainda são estudados e novas aplicações podem ser pensadas.
“Há um projeto na Federação Francesa que o árbitro para o jogo a todo lance duvidoso para conferir as filmagens e daí deliberar. E isso não vem de encontro ao que pensamos, que é não paralisar o jogo. Um terceiro juiz vai captar imagens para comunicar o árbitro. Teremos mais ética no futebol”, declarou.
A primeira reunião do Comitê de Reforma da CBF, na tarde da última quinta, tratou de delinear os objetivos para o ano. Além de questões de licenciamento de marca, registros e estatuto, a reunião discutiu a tecnologia no futebol, o direito dos atletas, o calendário, o engajamento da torcida, entre outros pontos.
O encontro contou com a presença de ex-jogadores como Carlos Alberto Torres, capitão do tricampeonato em 1970 e Edmilson, pentacampeão em 2002, além dos presidentes do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, e do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.
“O futebol merece uma participação intensa da sociedade, de todas as pessoas que estão dispostas a contribuir com o crescimento. Ninguém tem sozinho a fórmula com as soluções para o futebol brasileiro. É uma construção, um trabalho que está sempre em movimento e a criação do comitê é um passo importante”, declarou Walter Feldman, secretário da entidade.