Mensagens entre então presidente da OAS, Léo Pinheiro, e seus auxiliares, obtidas pela Polícia Federal com autorização judicial, provam que foram de fato realizadas para o ex-presidente Lula, pela empreiteira baiana, as obras do Edifício Solaris, no Guarujá, e no sítio em Atibaia, em São Paulo. O apartamento triplex 164-A ganhou acabamento requintado, equipamentos de lazer, mobília sob encomenda e um elevador privativo. A revelação é da revista Veja desta semana.
Lula e sua mulher, Marisa, e os filhos visitavam as obras, sugeriam modificações e faziam planos de passar o réveillon contemplando uma das vistas mais belas do litoral paulista. Em fevereiro de 2014, a reforma do sítio em Atibaia, também atribuído a Lula e Marisa, já estava concluída, ganhando campo de futebol, tanque de pesca, pedalinhos, mobília nova. Como no tríplex, faltavam apenas os armários da cozinha.
O Ministério Público está convencido de que Lula ocultou patrimônio, como evidenciam mensagens descobertas no celular de Léo Pinheiro, detalhando as reformas e mobiliou os imóveis do Guarujá e de Atibaia, seguindo as diretrizes do “chefe” e da “madame” – Lula e Marisa Letícia, segundo os policiais.
A instalação de armários de cozinha no Guarujá e Atibaia, para a “cozinha do chefe”, chegou a ser discutido por Leo Pinheiro com Paulo Gordilho, outro diretor da empreiteira, que avisa: “O projeto da cozinha do chefe está pronto”. E pergunta se pode marcar uma reunião com a “madame”. Pinheiro sugere que a reunião aconteça um dia depois e pede ao subordinado que cheque “se o do Guarujá está pronto”. Seria bom se estivesse. Gordilho responde que sim. No dia seguinte, o diretor pergunta a Léo Pinheiro se a reunião estava confirmada. “Vamos sair a que horas?”, quer saber. “O Fábio ligou desmarcando. Em princípio será às 14 hs na segunda. Estou vendo, pois vou para Uruguai”, responde o presidente da empreiteira.
No início de 2014, a OAS concluiu a construção do edifício Solaris, onde fica o tríplex de Lula, o “chefe”. A partir daí, por orientação da “Madame”, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, a empreiteira iniciou a reforma e a colocação de mobília no apartamento, a exemplo do que já vinha fazendo no sítio de Atibaia. “Fábio”, segundo os investigadores, é Fábio Luís, o Lulinha, filho mais velho do casal. Em companhia dos pais, ele visitou as obras, participou da discussão dos projetos e, sabe-se agora, era a ponte com a família sempre que Léo Pinheiro e a OAS precisavam resolver detalhes dos serviços. Para não incomodar o “chefe” com assuntos comezinhos, a OAS tratava das minúcias diretamente com Marisa e Lulinha. Léo Pinheiro, o poderoso empreiteiro, fazia questão de ter controle sobre cada etapa da reforma. Quando havia uma mudança no projeto, ele era informado. “A modificação da cozinha que te mandei é optativa. Puxando e ampliando para lateral. Com isto (sic) fica tudo com forro de gesso e não esconde a estrutura do telhado na zona da sala”, informa Gordilho. Pela data da mensagem, ele se referia ao projeto do sítio de Atibaia.
Fonte: Diário do Poder