Preso nessa terça-feira em São Paulo ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, o publicitário João Santana foi transferido para Curitiba com a mulher, Mônica Moura, e depõe hoje à tarde à Polícia Federal.
Alvo principal da 23ª fase da Lava Jato, o marqueteiro das últimas três eleições presidenciais do PT recebeu US$ 7,5 milhões não declarados, e a investigação suspeita que os repasses tenham relação com o partido e sejam fruto de desvios da Petrobras.
O advogado Fábio Tofic, que defende Santana, não detalhou o que o publicitário dirá no depoimento, mas garantiu que ele negará que os pagamentos sejam por serviços no Brasil.
“O que eu posso assegurar é que não tem um centavo de valor recebido no exterior que diga respeito a campanhas brasileiras”, disse o advogado.
Segundo Tofic, os rendimentos de Santana são principalmente por trabalhos no exterior. “Basta lembrar que de nove campanhas presidenciais que ele fez nos últimos anos, seis foram fora do Brasil”, afirmou Tofic.
Santana e Mônica estavam na República Dominicana, onde trabalhavam para reeleger o presidente Danilo Medina no país.
Ao ser informado do pedido de prisão, Santana abandonou a campanha e afirmou ao comitê de Medina que é vítima de “um clima de perseguição” no Brasil. No desembarque em Guarulhos, chamou a atenção dos agentes da PF o fato de que Santana não portava celular. O advogado assegurou que ele vai entregar os aparelhos à investigação. “Ele veio para ser preso, e na prisão não pode usar celular ou computador”, disse Tofic.
Sorriso e cabeça erguida
Santana e os demais presos fizeram ontem à tarde o exame protocolar no IML (Instituto Médico Legal) em Curitiba. Abordada na entrada do prédio, Mônica Moura sorriu para os repórteres. “Não vou baixar a cabeça, não”, disse.
Mulher e sócia de Santana, ela foi autora do bilhete em que instrui o operador Zwi Scornicki a fazer um depósito para o casal no exterior. A carta, apreendida com Scornicki no ano passado, foi o estopim da investigação.
Odebrecht
O empreiteiro Marcelo Odebrecht ficou em silêncio ontem em depoimento sobre as transferências a Santana no exterior. A empresa é suspeita de usar duas offshores para repassar US$ 3 milhões ao marqueteiro.
Fonte: Band