Comparação anual, no entanto, reflete retração do comércio e deterioração do mercado de trabalho
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou um aumento de 2,2% em relação a janeiro. Na comparação anual, no entanto, houve uma queda de 19,9%. “Esse resultado anual reflete a retração do comércio provocada especialmente pela deterioração do mercado de trabalho, ambas observadas ao longo de todo o ano passado”, avalia a economista da CNC, Izis Ferreira.
Pela primeira vez nos últimos seis meses, o subíndice que mede as condições atuais subiu na comparação com o mês anterior. Com um aumento de 16,3%, chegou a 43,5 pontos, ainda abaixo da zona de indiferença, de 100,0 pontos. A percepção dos varejistas melhorou, tanto no que diz respeito à avaliação sobre a economia (+35,7%), quanto sobre o setor (+20,3%) e o desempenho da própria empresa (+9,5%). Contudo, 93,3% dos seis mil empresários entrevistados acredita que a economia piorou no segundo mês de 2016. Em janeiro, esse percentual foi de 94,4%, e em dezembro 95,7%.
Já o subíndice que mede as expectativas futuras dos empresários do comércio alcançou 119,9 pontos em fevereiro, mantendo-se acima do nível de indiferença (100 pontos). Na comparação mensal, após dois meses seguidos de crescimento, houve redução de 0,7%. Em relação a fevereiro do ano passado, as expectativas dos varejistas acumulam queda de 9,8%, com perspectivas piores tanto para economia (-11,2%), quanto para o setor (-9,7%) e o próprio negócio (-9,0%).
“A percepção de que o mercado de trabalho deverá continuar se deteriorando nos próximos meses influencia as decisões do varejista. Além disso, o custo do crédito segue elevado, dificultando as concessões, tanto às pessoas físicas quanto às jurídicas”, antecipa Izis.
Caem contratações e investimentos
A perspectiva de queda no volume de vendas do setor, associada ao elevado custo de captação de recursos no mercado de crédito, tem influenciado os empresários a reduzirem seus planos de investimento. Em fevereiro, o subíndice que mede as condições de investimentos registrou 78,3 pontos, uma queda anual de 19,9%. As intenções de contratação de funcionários diminuíram de janeiro para fevereiro (-3,8%). Na comparação com fevereiro de 2015, essa retração é ainda maior, de 20,9%. No que diz respeito ao investimento no próprio negócio, há uma queda de 30,6% em relação ao planejado há um ano.
A avaliação do nível dos estoques diante da programação de vendas aumentou 2,1% em relação a janeiro, o que indica uma percepção mais negativa dos comerciantes em relação ao aumento no nível dos estoques. Para 30,3% dos empresários consultados, os estoques estão acima do adequado.
A CNC prevê que o volume de vendas do varejo deverá encerrar 2016 com queda de 3,9% no conceito restrito, e de 7,8% no conceito ampliado, que inclui o comércio automotivo e de materiais de construção.