750 colegas de Moro avisam que ‘não se curvarão a condutas anti-republicanas’
Manifesto subscrito por juízes federais e estaduais de todo o País e de vários tribunais aborda grampos que pegaram Lula e Dilma e diz que País tem que ‘virar página da cultura da impunidade’; veja a lista completa dos apoiadores do juiz da Lava Jato
Chegou a 752 o exército de magistrados que declara apoio ao juiz federal Sérgio Moro. A adesão foi atualizada até esta segunda-feira, 21, e continua crescendo (veja a lista abaixo).
Segundo a juíza federal Diana Maria Wanderlei da Silva, do Distrito Federal, ‘o manifesto ocorreu de forma espontânea, sem qualquer tipo de direcionamento partidário, tudo através das redes sociais, por grupos fechados que agregam uma parcela dos magistrados’.
“Em dois dias dias de publicidade, conseguimos adesão expressiva dos integrantes do grupo”, destaca Diana Maria.
A magistrada ressalta. “O juiz federal Sérgio Moro, além do brilhante trabalho que vem realizando, também conseguiu unir os juízes em prol do fortalecimento da magistratura. Esse abaixo-assinado é uma dentre as várias outras mobilizações que estão sendo realizadas pelos juízes de todo o país apoiando o trabalho do Juiz federal Sérgio Moro, e pela manutenção da independência do poder judiciário, longe de inferências outras.”
Na semana passada, a lista de juízes que saem em defesa pública de Moro, divulgada pela assessoria da Justiça Federal no Distrito Federal, indicava a adesão de 471 magistrados. Mas a lista continha nomes repetidos, o que reduziu o apoio a cerca de 280 magistrados.
Alertados, os juízes federais fizeram a recontagem. E descobriram que não são apenas 280, mas 752 os apoiadores de Moro, por enquanto.
A solidariedade foi declarada a Moro porque ele se tornou alvo de duras críticas da presidente Dilma Rousseff e do PT depois que levantou o sigilo, na quarta-feira, 16, do acervo de grampos telefônicos da Operação Aletheia, que mira o ex-presidente.
Tal medida, a publicidade dos autos, já havia sido igualmente adotada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, no caso da gravação que incriminou Delcídio Amaral, ex-líder do Governo – ele foi gravado pelo filho do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró -, e, mais recentemente, no caso da escuta que pegou conversa entre o ministro Aloizio Mercadante (Educação) e um assessor do próprio Delcídio.
O alvo da interceptação decretada por Moro era o ex-presidente Lula. Assim, quem ligou para ele caiu na malha fina do Guardião, a mais poderosa e implacável ferramenta do grampo.
Dilma ligou para Lula na tarde de 4 de março, poucas horas depois que seu antecessor foi levado coercitivamente pela Polícia Federal para depor. Dilma ligou para Lula na tarde de quarta-feira, 16, pouco depois de Moro mandar suspender a escuta.
Na sexta-feira, 18, Dilma disse que ‘é crime mandar grampear o presidente da República’.
No manifesto, os 752 magistrados declaram ‘irrestrito apoio às decisões que foram proferidas, em Curitiba, pelo juiz federal Sérgio Moro’.
“Ao atuar de maneira firme, comprometida e alinhada à Constituição Federal, Sérgio Moro reflete o ideal de um Poder Judiciário independente e autônomo, que não se curva a condutas ilícitas e anti-republicanas”, diz o texto.
“A banalização da corrupção e a cultura da impunidade devem ser página virada em nosso País. Sigamos vigilantes e firmes!”
Para o juiz federal Clécio Alves de Araújo, do Maranhão, ‘o ponto crucial, que se reflete na defesa da autonomia e da independência da atuação do juiz federal Sérgio Moro, é a preservação do próprio Poder Judiciário, enquanto função estatal independente’.
“O ato de apoio a Moro reafirma as prerrogativas da magistratura nacional e demonstra o compromisso dos juízes brasileiros em enfrentar com firmeza e, com amparo na Constituição, o mal histórico que é a corrupção.” Com informações de Estadão