O ex-deputado mensaleiro Pedro Corrêa, que também está preso na Operação Lava Jato, fez acusações implicando vários políticos em escândalos de corrupção, mas sem apresentar muitas provas ou indícios documentais que permitam a comprovação.
Ele contou em depoimento sob delação premiada ao Ministério Público Federal, por exemplo, que o ministro Augusto Nardes, ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), na época deputado federal pelo Partido Progressista (PP), recebeu entre 2003 e 2005 propina arrecadada pelo deputado José Janene, morto em 2010.
Pedro Correa apontou entre os operadores de propina Andrea Neves, irmã do senador tucano Aécio Neves e figura mais poderosa do seu governo em Minas Gerais. Correa diz que ela conduzia movimentações financeiras ligadas ao tucano.
A delação do ex-deputado tem um anexo sobre o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem como foco a votação que aprovou a emenda constitucional da reeleição em 1997, com “apoio financeiro” do empresariado para aprovar o projeto da reeleição.
O então presidente do conselho de administração do Banco Itaú, Olavo Setubal, morto em 2008, segundo Correa, dava bilhetes a parlamentares que acabavam de votar, para que se encaminhassem a um doleiro de Brasília e recebessem propinas em dólares americanos.
A delação do ex-deputado Pedro Correa tem pouco mais de 70 anexos, cada um com um tema.
Ele relata também uma reunião com o então presidente Lula da qual participaram também o ministro da Casa Civil, José Dirceu, e José Eduardo Dutra, presidente da Petrobras, para definir a nomeação de Pªaulo Roberto Costa para a diretoria da Petrobras. Dutra era contra a nomeação, mas Lula atuou a favor de Paulo Roberto Costa, que depois se tornaria o primeiro delator da Operação Lava Jato, acusado de receber propina.
De acordo com Pedro Correa, José Eduardo Dutra disse nessa reunião: “Mas Lula, eu entendo a posição do conselho. Não é da tradição da Petrobras, assim, sem mais nem menos, trocar o diretor”. Ao que o ex-presidente Lula respondeu: “Se fossemos pensar em tradição, nem você era presidente da Petrobras e nem eu era presidente da República”.
Fonte: Diário do Poder