Os provérbios podem ter ditos enigmáticos (Pv 1:6). Frequentemente não são bem claros (Jo 16:25,29). Estão ali para fazê-lo pensar, apreciar o processo interpretativo e lembrar a lição.
Conhecemos a lição deste provérbio pelas suas palavras e pelo seu contexto. Suas palavras introduzem coisas na vida que nunca são satisfeitos nem trazem contentamento e que sempre desejam mais. Seu contexto relaciona quatro dessas coisas – a sepultura, o útero estéril, a terra seca e um fogo fora de controle. Assim sabemos que a lição se refere a coisas que nunca satisfazem, nem preenchem nem pacificam.
O que é uma sanguessuga? Não é o nome de um veterinário de cavalos, ou um cirurgião veterinário, é o nome de um parasita que chupa sangue, que tem a reputação de ser um sedento insaciável pelo sangue de sua vítima. Michaelis, o Moderno Dicionário da Língua Portuguesa diz: “Cada um de numerosos vermes anelídeos carnívoros ou sugadores de sangue, que constituem a classe dos Hirudíneos; têm o corpo achatado, segmentado, de contorno lanceolado, mais largo perto da extremidade posterior e com anéis bem demarcados, mais numerosos que os segmentos verdadeiros. Possuem uma ventosa em cada extremidade, boca dentro da ventosa anterior e estômago grande, com bolsas espaçosas nos lados.”
Agur não está ensinando ciência veterinária e, por isso, entendemos que ele está falando de pessoas e coisas que nunca se satisfazem, sempre querendo mais e que nunca estão satisfeitas. Ele está começando a sua relação de quatro coisas que ocupam grande parte deste capítulo (Pv 30:11-31). A sanguessuga é uma grande introdução ao assunto, pois até hoje nós usamos a palavra para descrever uma pessoa insaciável.
Quais são as suas duas filhas? São mais coisas ou pessoas que possuem o mesmo caráter, que a Bíblia indica por referências como sendo crianças (Ez 16:44-45; Mt 23:31; Jo 8:44; At 7:51). Os dois meios não acrescentam nada mais para os três mencionados, mesmo tendo a intenção de relacionar quatro. A não ser que o substantivo ou o contexto por importância o exige, o número é irrelevante (IIRs 9:32).
No versículo seguinte Agur vai relacionar quatro coisas que nunca se satisfazem, quatro coisas que nunca dizem – Chega! Estas observações extraídas da natureza são para nos ensinar a respeito de cada uma delas e reconhecer a lição que é de ensinar que há pessoas e coisas que nunca podem ser satisfeitas. Mas as consideraremos quando chegarmos àquele texto. Por enquanto, entenda a classificação.
Contentamento é uma virtude contrária a estas coisas (ITm 6:6; Hb 13:5). Paulo aprendeu a dizer que ele estava satisfeito mesmo estando com fome (Fp 4:11-13). Implacabilidade ou nunca estar satisfeito é um pecado esquecido do Novo Testamento (Rm 1:31). O único apetite implacável que devemos ter é o de bênçãos espirituais (Gn 32:26; Mt 5:6; Rm 9:1-3; 10:1; ICo 12:31)
Os santos reconhecem que a carne possui muitas filhas insaciáveis com ganância insaciável, as quais devemos mortificar para a glória de Deus (Jó 15:16; Ef 4:17-19; Cl 3:5-7). A prata não satisfará o homem que permite a si mesmo desejá-la, até que a mesma o destrói (Ec 5:10; ITm 6:7-10). Mulheres não satisfarão o homem que anseia por elas, até que elas o destroem (Jz 16:16-17; IRs 11:1-11; Ec 7:26-28).
Caro leitor, se o Senhor é a sua Porção, Ele curará suas paixões e trará contentamento e satisfação como nenhuma outra coisa no mundo pode lhe dar (Sl 73:25-26; Fp 3:8).