O ex-presidente cubano Fidel Castro se manifestou ontem sobre a viagem histórica que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez a Cuba, com uma longa carta recontando a história de agressão norte-americana contra a ilha, dizendo que “não precisamos que o império nos presenteie com nada”.
A carta de 1.500 palavras, divulgada ontem com o título “Irmão Obama”, foi a primeira resposta de Fidel Castro em relação à visita de três dias do presidente norte-americano na semana passada, em que este disse que tinha viajado para a ilha para enterrar a história de hostilidades de guerra fria entre os dois países.
Obama não se encontrou com Fidel Castro, de 89 anos, durante a viagem, mas se reuniu várias vezes com seu irmão Raúl Castro, de 84 anos, e atual presidente cubano. “Não necessitamos que o império nos presenteie com nada. Nossos esforços serão legais e pacíficos, porque é nosso compromisso com a paz e a fraternidade de todos os seres humanos que vivem neste planeta”, escreveu Fidel.
Durante a visita, o presidente norte-americano tentou convencer o povo cubano e o governo de que a tentativa de derrubar o regime comunista durante 50 anos tinha terminado, permitindo que o governo cubano reforme a sua economia e o sistema político mais rapidamente diante da retomada dos laços entre os países. No entanto, Fidel foi enfático ao se dirigir ao presidente dos EUA: “A minha sugestão modesta é que ele reflita e não tente desenvolver teorias sobre a política cubana”.
Sobre as declarações de Obama a favor de “esquecer o passado e olhar para o futuro”, Fidel Castro aponta que ele usou “palavras mais açucaradas” e afirma que os cubanos correram “o risco de um ataque do coração” ao escutar Obama falar que os cubanos e norte-americanos são como “amigos, família e vizinhos”. Em seguida, relembrou o quase meio século de agressões norte-americanas contra Cuba, incluindo décadas de embargo comercial contra a ilha, o ataque à Baía dos Porcos, em 1961, e a explosão de um avião cubano apoiado por exilados que se refugiaram nos EUA.
O ex-presidente termina sua carta com uma posição contrária à de Obama, que afirmou que restabelecer laços econômicos com os Estados Unidos será uma bênção para Cuba. “Somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo”, ressaltou.