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Por Odir Cunha, do Centro de Memória
O que não falta ao confronto deste domingo, às 11 horas, no Engenhão, é história. Um jogo que de um lado tinha Gylmar, Mauro, Zito, Lima, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, e do outro Nilton Santos, Rildo, Garrincha, Didi, Amarildo e Zagallo só podia ser o grande clássico da era do futebol arte. Juntos, Santos e Botafogo formavam a Seleção Brasileira. Separados, lutavam pelos títulos mais importantes do Brasil e do continente.
É no mínimo curioso que naqueles anos encantados para o futebol brasileiro, os duelos mais importantes entre os dois alvinegros tenham ocorrido em um período inferior a cinco meses. Em 2 de abril de 1963, uma terça-feira à noite, o Santos se sagrou campeão da Taça Brasil/ Campeonato Brasileiro de 1962 ao golear o Botafogo por 5 a 0, em pleno Maracanã – partida que a revista Fatos & Fotos chamou de “o maior jogo do mundo”. Mas a oportunidade de revanche dos cariocas surgiu logo depois, na Copa Libertadores de 1963.
Campeão da Libertadores de 1962, o Santos tinha garantido seu lugar na edição seguinte da competição e ainda abriu mais uma vaga para um time brasileiro, no caso o Botafogo, vice da Taça Brasil de 1962. Previa-se outro grande desafio entre ambos na competição continental.
Como se esperava, o Botafogo não teve dificuldades para vencer o seu grupo, que ainda tinha Alianza Lima, do Peru, e Milionários, da Colômbia, classificando-se para enfrentar o Santos na semifinal. Com jogos de ida e volta, a disputa começou favorável ao bicampeão carioca de 1961/62, que no dia 22 de agosto, uma quinta-feira, conseguiu um bom empate diante das 20 mil pessoas que foram ao Pacaembu.
E o resultado poderia ser ainda melhor para os visitantes, pois Jair Bala marcou aos 15 minutos do segundo tempo e Pelé só foi empatar aos 45 minutos, após receber de Coutinho e encobrir o goleiro Manga. Então, a decisão ficou para a semana seguinte, dia 28, no Maracanã, quando 44.232 torcedores, quase todos botafoguenses, foram testemunhar a vingança do time de Garrincha.
Escalado por Danilo Alvim, o alvinegro carioca jogou com Manga, Joel, Zé Carlos, Nilton Santos e Rildo; Elton e Aírton; Garrincha. Amoroso, Quarentinha e Zagallo (Jair Bala). O técnico Lula, que não contava com Mengálvio, machucado, armou o Santos com Gylmar, Mauro, Dalmo e Geraldino; Calvet e Zito; Dorval, Lima, Coutinho (Almir) e Pepe.
O jogo começou equilibrado, mas logo aos 11 minutos Pelé recebeu um lançamento longo, no meio da defesa, e tocou por cobertura na saída de Manga: 1 a 0. Quatro minutos depois, Pepe cruzou da intermediária, a bola veio muito alta, Pelé saltou entre dois zagueiros e o goleiro Manga, que também saia da meta para tentar o corte, e fez o segundo gol santista.
A desvantagem fez o esquadrão carioca ir à frente e isso deu mais espaço aos atacantes santistas. Aos 32 minutos, Pelé penetrou driblando e marcaria mais um de seus belos gols não fosse derrubado por Manga. Pênalti que ele mesmo cobrou, definindo em 3 a 0 o placar do primeiro tempo.
Na segunda etapa, o Botafogo atacava desordenadamente, em busca ao menos do seu chamado “gol de honra”, quando Lima penetrou pela meia direita, recebeu uma bola enfiada por Almir, avançou e bateu forte no canto esquerdo de Manga. A conta estava fechada: 4 a 0.
Aquela goleada deu ao Santos a oportunidade de disputar – e ganhar – a sua segunda final consecutiva da Copa Libertadores de América. Com vitórias sobre o Boca Juniors por 3 a 2, no Maracanã, e 2 a 1, em La Bombonera, o Alvinegro Praiano se tornou o primeiro clube brasileiro bicampeão sul-americano.
Equilíbrio total no Engenhão
Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Até hoje Santos e Botafogo fizeram oito partidas no Estádio Nilton Santos, o popular Engenhão, todas válidas pelo Campeonato Brasileiro. O equilíbrio é impressionante: três vitórias para cada lado e dois empates. A única diferença, mínima, é que o Santos fez oito gols e sofreu nove.
Se somarmos todas as partidas pelo Campeonato Brasileiro, os times já se defrontaram 62 vezes, com 22 vitórias do Santos, 20 empates e 20 vitórias do Botafogo; 82 gols santistas e 64 botafoguenses.
Curiosamente, nesses confrontos pelo Brasileiro cinco artilheiros santistas estão empatados com três gols cada. São eles Pelé, Pepe, Diego, Nenê Belarmino e Paulinho Mclaren.
Ao longo da história os dois alvinegros já se enfrentaram em 109 oportunidades. O Santos venceu 42 vezes, empatou 30 e perdeu 37; marcou 184 gols e sofreu 155. Tem, portanto, um saldo de cinco vitórias e 29 gols.
Fonte: www.santosfc.com.br/o-classico-do-futebol-arte
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