Amigos Palestrinos, bom dia. Demorou, mas saiu. O Palmeiras esperou o último dia do prazo exigido pela legislação para efetuar a publicação de suas demonstrações financeiras do ano de 2019 e o Palmeiras não podia deixar de analisar os números apresentados. Já estamos acostumados com a mídia anunciando que o Palmeiras apresentará déficit, que a dívida aumentou, as despesas estão fora da realidade, que só suportamos a crise por conta de um patrocinador mecenas. Mas será que tudo isso é verdade? Neste post, como de costume, será feita uma análise técnica do balanço para que possamos melhor compreender como está a real situação financeira do nosso verdão. De início temos que compreender que um clube de futebol tem como principal fonte de geração de caixa os direitos econômicos de seus jogadores e esses valores estão contabilizados no Ativo Não Circulante, enquanto uma instituição financeira o dinheiro é seu principal gerador de caixa e o mesmo é contabilizado no Ativo Circulante. Mas porquê fazer essa comparação? Para que possamos entender que cada tipo de atividade merece uma leitura do balanço de acordo com seu propósito, algumas terão maior liquidez a curto prazo, outras a longo prazo. No caso de clubes de futebol a liquidez é a longo prazo. Ao iniciar a análise da publicação nota-se que novamente o balanço foi auditado pela empresa GF Auditores Independentes, que emitiu parecer favorável, com apenas uma ressalva: O processo de arbitragem que Palmeiras e Real Arenas disputam. Como não existe estimativa do desfecho dessa situação, não há como saber o impacto nas demonstrações. Para facilitar a leitura e a análise toda informação será apresentada em milhares de reais, conforme apresentado na publicação. Primeiramente vamos verificar qual é o comportamento de nossa dívida, ela aumentou? SIM, novamente nosso endividamento sofreu um aumento, passamos de um passivo total de R$ 586.285 para R$ 676.390, ou seja um aumento de 15,37%, inferior aos 20,91% de 2018, mas mesmo assim nossa dívida cresceu. O que ocasionou esse aumento? Os principais fatores foram: Aumento do endividamento com a Crefisa: 20,63% Antecipação de contratos: 15,06% Dividas com clubes de futebol e agentes (contratações): 4,25% Ocorreram, conforme nota explicativa 11 antecipações de contrato de direito de transmissão, licenciamentos, patrocínio, além de direito de preferência pela venda futura de atletas. Esse aumento da dívida preocupa? Para responder a esta questão temos que analisar o outro lado do balanço, como se comportou o ativo do clube nesse período? O Ativo do Palmeiras passou de R$ 645.945 para R$ 737.774, portanto um aumento de 14,22%, contra um aumento do passivo de 15,37%, um pequeno aumento a maior no passivo, não sendo um valor relevante a princípio. Se considerado o valor exposto no balanço, significa na prática que o Palmeiras possui R$1,08 para cada R$1,00 de dívida. Sem levar em consideração possíveis lucros e prejuízos na venda de jogadores, apenas os valores pagos pelos mesmos, portanto, uma dívida, apesar de muito alta, ainda controlada. Ao analisarmos as receitas do clube, entenderemos melhor de onde vem os recursos que possibilitam a manutenção de elenco e pagamento de todas as despesas do clube, as receitas apresentadas foram: Observa-se que nossa principal fonte de renda no ano de 2019 foi obtida pelo direito de transmissão de TV que aumentou 30,13%, seguido pelo patrocino que também aumentou em 24,95% se comparado com o ano anterior. Observa-se também que as receitas com patrocínio, negociação de atletas e arrecadação de jogos, estão muito próximas, essa diversidade descarta uma dependência de uma das fontes, deixando o clube com maior poderio em negociações, como visto com a TV, o que impactou no crescimento dessa receita. O Ponto de atenção fica para a redução com a arrecadação em jogos, em 2018 arrecadamos R$ 164.303, contra R$ 107.856 em 2019, uma redução de 36,18%. No total, mesmo com aumento das cotas de TV e do patrocínio, nossas receitas totais tiveram uma redução de 1,83%, passando de R$ 653.850 em 2018 para R$ 641.915 em 2019. Em contrapartida a redução das receitas, as demonstrações apresentam um aumento das despesas, que passaram de R$ 600.805 para R$ 623.801, um aumento de 3,83%, esse aumento foi impulsionado principalmente pelo aumento da folha salarial, que aumentou em 21,26% de um ano para outro. Apesar do apresentado, aumento de despesas e redução de receita, o clube ainda apresentou resultado positivo, ou seja, um superávit de R$ 1.724, que mesmo sendo consideravelmente inferior ao do ano anterior, demonstra que o clube gerou receitas para cobrir suas despesas e ainda obteve uma sobra para liquidar possíveis passivos. Em um resumo geral, o Palmeiras ainda continua forte financeiramente, não possuindo um mecenas, usando sim suas diversas fontes de renda para conseguir contratos melhores e condições que permitam liquidar suas obrigações. Porém, chama atenção o aumento da dívida pelo segundo ano consecutivo, mas, ao contrário do ano anterior nossas receitas caíram, portanto, é necessário mudar algumas situações para reverter esse cenário, no final do ano passado algumas medidas foram tomadas que irão impactar diretamente no balanço de 2020 e, só então, verificaremos a reversão desse quadro. Ainda sou partidário da montagem de estratégia para redução do passivo gradativamente, principalmente junto à patrocinadora, aproveitando-se do alto faturamento, para no futuro possuirmos uma situação financeira ainda mais favorável, evitando surpresas caso percamos ainda mais receitas, principalmente com a venda de jogadores que garantem esse débito. Mais uma vez, espero que essa análise ajude a diminuir as dúvidas sobe a situação financeira do Palmeiras, e como no ano anterior, gostaria que os questionamentos fossem feitos e no próximo post tirarmos as dúvidas que ainda restarem. Avanti Palestra. Leandro Santile
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