(ANSA) – O cardeal cubano Jaime Ortega, figura-chave da reaproximação entre a Igreja Católica e o governo dos irmãos Castro e também na retomada das relações diplomáticas entre EUA e Cuba, celebrou sua última missa como arcebispo da ilha neste fim de semana e prometeu ficar próximo ao povo local.
Durante a homilia, o cardeal Ortega pediu para que os fiéis “não ficassem tristes” com sua saída porque os “sacerdotes não se aposentam nunca”. “Ficarei próximo, estarei entre vocês”, disse o religioso de quase 80 anos.
Ainda durante a celebração, foi lida uma mensagem do papa Francisco endereçada ao cardeal. “Amigo querido, mesmo em tempos delicados, você não mediu esforços para fomentar a reconciliação no seio da sociedade cubana e para abrir caminhos de diálogo entre Cuba e outros países”, escreveu o Pontífice.
A aposentadoria do arcebispo, que será substituído por Juan de La Caridad Garcia, foi aceita por Francisco no fim do mês de abril. O primeiro pedido para se aposentar foi apresentado ao então papa Bento XVI, em 2011, quando completou 75 anos. Essa idade é estipulada pelo Código de Direito Canônico como a idade-limite para exercer a função. Porém, Joseph Ratzinger negou o pedido e deixou que o religioso continuasse à frente da Igreja Católica na ilha.
A decisão revelou-se fundamental para a reaproximação entre a instituição e o governo cubano, intensificada a partir de 2010, e que teve como ápice a libertação de 150 presos políticos da ilha.
A postura do cardeal foi ainda mais importante para a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos – paralisadas há cerca de 50 anos. Ortega foi o interlocutor principal do Pontífice nas conversas de paz e era quem mantinha o líder católico informado sobre o caso.
“Obrigado ao presidente Raúl Castro por ter aceitado as boas intenções do papa Francisco para uma aproximação entre Cuba e EUA, na qual se deram passos importantes”, disse na cerimônia.
O arcebispo de Havana liderou os católicos cubanos por 35 anos e atuou em momentos-chave da história da ilha. Ele mesmo chegou a ser preso pelo regime de Fidel Castro em 1965 por se recusar a lutar militarmente pelo governo local.
Agora, o próximo evento marcante para a instituição em Havana ocorrerá no dia 22 de maio, quando o cardeal Garcia fará sua primeira celebração religiosa como arcebispo. (ANSA)
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