O papa Francisco criticou nesta segunda-feira (16) as potências do Ocidente por tentar exportar seu próprio modelo de democracia a países como Iraque e Líbia sem respeitar as práticas culturais locais.
Ao jornal católico francês “La Croix”, o pontífice disse que a Europa deveria integrar melhor seus imigrantes e citou a eleição do muçulmano Sadiq Khan para a prefeitura de Londres como uma história de sucesso.
“Considerando o terrorismo islâmico, deveríamos questionar a forma como um modelo de democracia muito ocidental foi exportado para países como Iraque e Líbia, que têm uma estrutura tribal muito forte”, afirmou.
“Não podemos avançar se não levarmos em consideração a cultura destes países. Assim como um líbio me disse há pouco tempo, ‘Costumávamos ter um só Gaddafi, agora temos cinquenta”, disse, em referência ao ex-ditador do país.
Francisco frequentemente ataca o que ele chama de “colonialismo cultural”, no qual países ocidentais desejam impor seus valores em países em desenvolvimento em troca de uma ajuda financeira.
Para ele, segregar imigrantes não é apenas errado, mas é um equívoco no combate ao terror. Ele citou como exemplo os ataques de Bruxelas, em que “os terroristas eram belgas, filhos de imigrantes, que vieram de um gueto”.
Por outro lado, saudou a eleição de Sadiq Khan. “Em Londres, o prefeito foi empossado numa catedral e provavelmente será recebido pela rainha. Isto mostra a importância para a Europa de melhorar sua habilidade de integração.”
Dez dias atrás, o papa Francisco criticou os países da Europa ao considerar inadequada a resposta para conter o fluxo de imigrantes e refugiados deixando conflitos armados e a pobreza no Oriente Médio e na África.
Fonte:Folha de São Paulo
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