Os pacientes em tratamento oncológico exigem cuidados redobrados com a saúde por conta dos efeitos do tratamento e da própria doença, que geram imunossupressão, isto é, a diminuição da imunidade.
Segundo a oncologista e diretora de Corpo Clínico do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), Maria Del Pilar Estevez Diz, a preocupação é válida, já que pacientes com câncer são considerados do grupo de risco da COVID-19, enfermidade provocada pelo novo coronavírus.
“Dados mostram que pacientes com COVID-19 têm mais risco de complicação da doença, ou seja, evolução para insuficiência respiratória. Por isso, é necessário redobrar a atenção”, afirma. “Por isso, os cuidados para reduzir as chances de contaminação devem ser rigorosos nesse momento e o mais importante: manter o tratamento do câncer para que a doença não progrida. É fundamental conversar com o seu médico sempre”, explica a médica.
De maneira geral, as recomendações são parecidas com a da população em geral, porém com maior rigor. São elas: isolamento social, bastante higiene, lavar muito bem as mãos com água e sabão, não dividir utensílios domésticos, evitar aglomerações, ter atenção redobrada para sintomas de gripe, febre, catarro e, principalmente, falta de ar.
“Se isso ocorrer, a orientação é procurar o serviço médico mais próximo porque o coronavírus não é o único vírus que está circulando, como o H1N1, por exemplo. Tomar a vacina da gripe também é fundamental para esses pacientes, independentemente da idade”, diz Maria Del Pilar.
Histórico
O oncologista e diretor geral do Icesp, Paulo Hoff, destaca que o histórico de câncer no passado não representa maior risco de COVID-19.
“Uma pessoa que teve câncer de mama, por exemplo, e agora segue em acompanhamento não tem uma supressão do sistema imunológico. Então, ela não está debilitada. Com isso, não apresenta maior risco. É diferente de um paciente com leucemia, que necessita de tratamentos mais agressivos e já apresenta uma baixa imunidade por conta do seu tipo de câncer, esse sim deve redobrar os cuidados com a sua saúde”, ressalta Hoff.
Abaixo, os especialistas esclarecem as dúvidas frequentes sobre coronavírus e câncer:
Sim. Pacientes em tratamento ativo (quimioterapia, radioterapia, cirurgia recente ou outros) apresentaram maior chance de complicações ao adquirir a doença, provavelmente porque a imunidade pode estar suprimida por conta dos tratamentos.
Sim, a imunidade de um paciente em tratamento ativo é mais frágil. Por isso, os cuidados são isolamento social rigoroso, bastante higiene, lavar muito bem as mãos com água e sabão ou utilizar álcool gel, não dividir utensílios domésticos e evitar aglomerações.
De maneira geral, seguir as mesmas recomendações para a população e ter atenção redobrada para sintomas de gripe, febre, catarro, falta de ar e muito importante: manter o tratamento do câncer para que a doença não progrida.
A recomendação é alimentar-se bem e em horários regulares. É importante se hidratar bastante também e priorizar alimentos de boa procedência. Não compartilhar talheres, nem outros objetos pessoais porque podem ser veículos de transporte da doença.
Sim. O ideal é que vá para o hospital da maneira mais rápida possível, optando por horários e momentos em que os transportes coletivos não estejam lotados, evitar aglomerações, medir a temperatura sempre que tiver dúvida e seguir sempre a orientação do hospital onde faz tratamento. A recomendação é que vá sozinho, se puder, ou com apenas um acompanhante para que se exponha o mínimo possível. É importante também não faltar às consultas e tratamentos agendados.
Não. Quem já teve câncer e não está em tratamento ativo não tem risco aumentado da doença.
Primeiro, ele precisa procurar um serviço de saúde para saber se é realmente suspeita de COVID-19 e colher o exame. Isso porque podem ser outras síndromes gripais. Se confirmado, ele deve seguir as orientações médicas fornecidas. Se forem sintomas leves, provavelmente, será isolamento, higiene rigorosa, repouso e ficar atento aos sinais mais graves, que são febre e falta de ar. Em casa, é importante que a pessoa se isole completamente, comece a usar o banheiro de maneira individual e pratique os demais cuidados de higiene.
Dados mostram que pacientes que contraem a COVID-19 têm maior risco de complicações (evolução para uma insuficiência respiratória, por exemplo). Por isso, é necessária atenção redobrada.
A orientação deve ser avaliada caso a caso. Cirurgias e exames que não podem ser adiados devem ser realizados.
Não. Deve ficar em casa e manter isolamento social como todo mundo até para não ter quadro gripal nesse período de recuperação.
De maneira geral, seguir as mesmas recomendações para a população, que são isolamento, cuidados com higiene e ficar atento caso apresente sintomas como febre, tosse e falta de ar. Nesse caso, a orientação é procurar um serviço de saúde.
O cuidador deve se resguardar também com isolamento social, precisa usar máscara, lavar as mãos com água e sabão muito frequentemente (ou usar o álcool gel), trocar de sapatos ao voltar da rua e, se esteve em um ambiente com muita gente, trocar de roupa. Não compartilhar objetos nem utensílios com esse indivíduo, pois pode ser portador do vírus. A preocupação é válida porque sabemos que existem muitos portadores assintomáticos.