Homens pobres e mentirosos têm algo em comum – Deus preserva e dirige a ambos. Outros o veem de forma bem diferente, e geralmente um despreza o outro, mas os dois dependem totalmente das provisões misericordiosas de Deus para esta vida e a graciosa salvação para a próxima.
Outro provérbio é parafraseado de uma maneira bastante semelhante, “O rico e o pobre se encontraram; a todos os fez o Senhor.” (Pv 22:2). Estes dois adjetivos são antônimos – diretamente opostos. E o significado é bem claro: Deus criou os dois tipos de homens, homens ricos e homens pobres.
Provérbios são ditados obscuros, por isso examine bem as palavras aqui (Pv 1:6). Quando o pobre e o opressor são contrastados, sendo adjetivos bem diferentes, existe algo mais do que aparenta. A comparação feita por Salomão é entre um homem pobre honesto e um homem rico opressor.
É certo acrescentarmos palavras ao texto da Bíblia? Quando houver uma elipse, sim. O que é uma elipse? É a remoção intencional de palavras para criar mistério, estudo, beleza ou força. Esta figura de linguagem exige que se torne a colocar palavras no texto para se ter o significado completo.
Um bom exemplo disto é: (Pv 18:22), em que uma mulher qualquer não serve; o adjetivo “boa” precisa ser acrescentada. As palavras “fica por fiador” precisam ser acrescentada em: (Pv 20:16), as palavras “mais digno de ser escolhido” a: (Pv 22:1), e o adjetivo “rico” a: (Pv 19:1) Na realidade, o nosso provérbio de hoje precisa da palavra “homem” antes do adjetivo pobre!
Consistente com os provérbios de Salomão, os dois homens que se encontram precisam ser opostos de alguma forma para dar sentido a este provérbio. Como um dos homens é marcado pela pobreza, e o outro homem é opressor, a comparação completa é a de um homem pobre honesto e um rico desonesto.
Em Provérbios e no restante da Bíblia, riquezas são associadas com logro, pois eles logram os homens e suas riquezas são geralmente conseguidas com logro (Pv 23:1-5; Mt 13:22). Um importante alerta de Provérbios é para os ricos tomarem cuidado sobre como eles tratam os pobres (Pv 22:16,22-23).
No nosso provérbio de hoje temos um homem pobre honesto e um homem rico enganador. Ambos se encontram na vida e nos negócios, pois o mundo tem um número considerável dos dois tipos. Apesar de suas diferenças pelo menos nestes dois aspectos, eles são semelhantes no que diz respeito à dependência deles no Deus Todo Poderoso para iluminá-los.
De que forma Deus ilumina os dois? Salomão, como seu pai Davi, usou a luz para a vida (Pv 13:9; 16:15; 20:20; 24:20; Sl 13:3), para o entendimento (Pv 4:18; 6:23), e para bênçãos (Pv 15:30). Deus deu vida aos dois (Pv 22:2), fez com que os dois veem (Pv 20:12), e manda a luz solar sobre os dois (Mt 5:45).
Que doutrina ou lição tem este obscuro provérbio a ver com a sabedoria? Temos aqui algo mais do que uma simples observação do rei Salomão. O dever do leitor é o de explorar a curta sentença à luz das escrituras por suas lições de conhecimento e de entendimento.
Deus é totalmente soberano sobre todos os homens, incluindo o rico e as suas riquezas opressoras. Lembre, “O Senhor fez todas as coisas para os seus próprios fins e até ao ímpio, para o dia do mal.” (Pv 16:4). O homem enganador não é uma exceção, pois Jó fala dos mentirosos, “Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que faz errar.” (Jó 12:16). A soberania de Deus governa o rico e o pobre.
Você pode desrespeitar tanto um quanto o outro, ou até mesmo os dois, mas o governo de Deus sobre o mundo usa os dois. Ele não faz acepção de pessoas, pois as riquezas terrenas nada significam para Ele, mas o temor do Senhor e as obras da justiça, mesmo pelos pobres, significam muito (At 10:34-35).
Deus pode levar um homem pobre a entender mais do que o homem rico (Pv 28:11; 18:17; Ec 9:13-16). O conhecimento de Deus não pode ser adquirido nas maiores universidades do mundo. Um homem pobre das coisas deste mundo e também pobre de espírito é um que vai se encontrar com Deus (Is 57:15; 66:1-2).
Deus pode esclarecer um homem pobre com sabedoria e fazer dele um homem mais bem sucedido do que um homem rico (Pv 19:1; 16:19; 28:6). Não permita que o mundo inverta esta ordem. A sabedoria é melhor do que riquezas e melhor do que qualquer coisa que o mundo tem a oferecer (Pv 3:13-17; 8:11; 15:16-17; 16:8,16; 17:1).
O rico governa pela vantagem econômica sobre o pobre, e os que tomam emprestados precisam servir aos que emprestam, mas Deus protege a um e pune ao outro (Pv 14:31; 17:5; 21:13; 22:7,9 e 16; 28:8). Deus certamente vingou o sangue de Nabote ao matar a Acabe e a Jezabel (IIRs 9:21-26).
Circunstâncias, tais como pobreza ou riqueza, não prova o amor de Deus (Ec 9:1). Os ricos deste mundo geralmente são réprobos (Sl 17:14; 73:12), e Deus escolheu uma porção maior dos Seus filhos a serem adotados dentre os pobres (ICo 1:26-29; Tg 2:5).
A graça de Deus pode alcançar o mais pobre – Lázaro, o mendigo; Deus também pode rejeitar com justiça os mais ricos – os ricos vivendo luxuosamente (Lc 16:19-23). É a graça soberana, a misericórdia de um Governante absoluto, que gera tais diferenças eternas entre os homens (Rm 9:21-24).
Deus pode esclarecer um rico extorquidor como Zaqueus levando-o a abandonar a sua carreira e dar aos pobres (Lc 19:1-10), chamar um coletor de impostos como Mateus, ou Levi, a ser um apóstolo (Mt 9:9), ou esclarecer a um rico homem orgulhoso com a morte, que as coisas terrestres não são importantes (Lc 12:15-21).
Os pobres não têm vantagem maior da graça de Deus do que os ricos, e vice-versa. Ambos são capazes de rejeitar o evangelho de Jesus Cristo a não ser e até que Deus os salvam e limpam as suas visões para enxergarem e crerem (Jo 3:3; 6:44; 8:45; 10:26; Ef 2:1-3; Tt 3:5).
Permita que a sua consideração para com o rico e o pobre se fixe em Jesus Cristo e naqueles que creem Nele. Paulo escreveu, “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis.” Muitos dos eleitos de Deus são pobres aqui, mas eles serão infinitamente ricos para sempre.