Entre as constantes discussões sobre os abusos da Lei Rouanet, grande trunfo do Ministério da Cultura (MinC) nos governos do Partido dos Trabalhadores, o foco parece recair sempre nos artistas globais. Alguns deles receberam milhões de reais em forma de renúncia fiscal para produzirem seus espetáculos, que ainda assim cobram ingressos caros.
Em meio ao escrutínio público que vem sendo feito após a posse do novo governo, está sendo proposta uma CPI na Câmara dos Deputados para se investigar os excessos. Até o momento não foi divulgado se no novo MinC irá revisar todas as concessões futuras, como tem sido especulado.
Alguns desses projetos, aprovados pelo governo Dilma Rousseff, chamam atenção por terem clara formatação ideológica. Por exemplo, foi captado via Lei Rouanet um total de R$ 7.095.007,39 para a organização da exposição “1001 Invenções: descobrindo o duradouro legado da civilização muçulmana”.
A exposição, idealizada por uma organização da Inglaterra, será apresentada em São Paulo no ano que vem, por um período de três meses. No próximo encontro da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), entre 7 a 9 de junho, ele precisa receber a aprovação final.
A justificativa do projeto, idealizado por Ahmed Salim, um jordaniano radicado em Londres, tem “a finalidade de descortinar esse passado (muçulmano) encoberto pelos acontecimentos atuais e pelo próprio modo como foi contada a história ocidental.” Entre as várias facetas da exposição está a exibição do documentário: “O que o mundo islâmico fez por nós”.
Na documentação apresentada, afirma-se que “o projeto contribuirá para a área pelo seu caráter histórico, artístico e educativo de notória importância”. Embora em momento nenhum apareça a palavra religião, não faz distinção entre a cultura do povo árabe (étnico) e os muçulmanos (seguidores de Maomé). Ou seja, para seus criadores, uma coisa está intrinsicamente ligada à outra.
A mostra prevê a entrega de 115 mil cartilhas para os estudantes de 7 a 17 anos que visitarem o local. Inclui ainda verba para campanhas educativas com as escolas da cidade, visando “despertar o interesse do público, em especial os estudantes a respeito do tema central proposto”.
Estranhamente, nos últimos anos, por causa de suas convicções ideológicas, os partidos alinhados com a esquerda vinham enfatizando constantemente a necessidade do Brasil se afirmar como um Estado laico.
Essa separação entre Estado e religião, impediria que fosse repassada verba pública para a promoção de um determinado credo. Pelo histórico recente do PT, isso só vale quando se trata de cristianismo, pois durante vários anos o governo federal patrocinou eventos para a promoção das religiões afro-brasileiras através do Ministério da Cultura e da Fundação Palmares.
A subvenção da religião, é bom lembrar, é proibida pelo artigo 19 da Constituição Federal. Com informações de Ilisp
Fonte: Gospel Prime
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