Nas primeiras horas após o atentado que matou 50 pessoas e deixou pelo menos mais 54 feridos, várias informações divulgadas pela grande mídia eram incompletas ou simplesmente tendenciosas. Embora várias declarações de autoridades ligassem o terrorista Omar Saddiqui Mateen com grupos muçulmanos, insistia-se na tese de que era “cedo” para afirmar. Algumas horas depois, o Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelas mortes.
Mesmo assim, parte da mídia repetia o discurso do politicamente correto, tentando desvincular a motivação do assassino com suas convicções religiosas. Estranhamente, alguns veículos de comunicação tentaram fazer uma associação de crime com “fundamentalistas cristãos”.
As mortes das pessoas que estavam no clube gay Pulse foram a notícia principal durante todo o dia. Nas redes sociais, uma postagem gerou grande repercussão pelo seu conteúdo absurdo. O deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ) escreveu um “textão” no Facebook, que logo foi comentado e compartilhado milhares de vezes.
Para Wyllys, homossexual assumido e famoso por ter vencido o programa Big Brother Brasil (BBB), a motivação do atentado “foi a aversão que ele [Omar] tinha pelo modo de vida dos gays, bissexuais e lésbicas”. Prosseguiu afirmando que “o fundamentalismo religioso (islâmico nesse caso, mas que existe também em outras religiões, como bem sabemos no Brasil) está na origem do ódio… contra as pessoas LGBT”.
Imediatamente tentou fazer uma ligação com várias personalidades evangélicas conhecidas. Citou nominalmente os deputados pasto Marco Feliciano (PSC/SP), pastor Eurico (PHS/PE), além do pastor Silas Malafaia, a psicóloga Marisa Lobo e a pastora/cantora Ana Paula Valadão.
Mencionou ainda Jair Bolsonaro (PSC/RJ), que é católico, mas defende a agenda conservadora da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso.
Embora não tenha nenhuma prova do que diz, segundo Jean Wyllys, as pessoas citadas por ele possuem um “discurso de ódio” que “pode levar pessoas de bem a praticar atos de violência física – assassinatos e agressões físicas – contra membros da comunidade LGBT”.
Pouco tempo depois, Marco Feliciano usou a sua conta do Facebook para rebater as acusações infundadas do colega deputado.
“É lamentável o grau de psicopatia dos seres humanos neste século. O Estado Islâmico é responsável também pelo assassinato de mais de 150 mil cristãos”, lembrou ele. Logo em seguida, ressaltou que “o deputado ex-BBB me ataca, e também ataca outros cristãos dizendo ser nossa culpa, mas ele nunca se pronunciou sobre estas mortes, para ele, cristãos são uma subespécie e não merecem atenção”.
O deputado cristão anexou ainda cópia do projeto de Lei 1780/11, de autoria do psolista, que prevê o ensino do islamismo nas salas de aula do Brasil. Feliciano ressaltou que lamentava a morte das pessoas na boate, “peço que Deus conforte suas famílias, em oração peço que haja paz neste mundo”. Encerrou com um recado “ao ex-BBB peço, MENOS ÓDIO e seja mais sério, mais responsável com suas postagens”.
Procurado pelo portal Gospel Prime, o deputado pastor Eurico emitiu a seguinte nota:
“Uma pessoa como o citado deputado Jean Wyllys, que se diz representante do ativismo homossexual, nada mais é do que frustado. É uma pessoa que, por sofrer de distúrbios emocionais, tenta se esconder por traz de uma bandeira que não lhe garante um total respaldo. Dessa maneira, sai atirando em todos que não comungam com suas frustrações. Cristãos morrem todos os dias vitimados por extremistas islâmicos em todo mundo, e eu nunca vi ele defender nenhuma família vitimada. Nós, cristãos evangélicos, não defendemos nem apoiamos nenhum ato de violência contra qualquer ser vivente, seja racional ou irracional. Que Deus tenha misericórdia de sua alma e o liberte-o da escravidão que ora vive.