Muito antes de o País conhecer os danos que o vírus zika pode causar em um feto, a família do pequeno Kauan já vivenciava as limitações trazidas pela microcefalia e percebia o quanto era difícil enfrentá-las com poucos recursos financeiros e nenhuma assistência especializada.
“Quando ele nasceu, não tinha muita orientação. Só depois que teve essa epidemia que fizeram os exames e descobriram que foi zika. Corremos atrás, mas ficamos na lista de espera do tratamento. Quando conseguimos, levei ele algumas vezes, mas tive de parar porque não tinha dinheiro para as quatro conduções”, conta Maria da Conceição Oliveira da Silva, de 40 anos, avó de Kauan.
Morador de um bairro pobre do Recife, o menino nasceu em setembro de 2014, mas só conseguiu iniciar o tratamento de reabilitação de maneira frequente um ano depois, quando entrou em um projeto da ONG Visão Mundial, entidade internacional que atua em cem países com programas de proteção a crianças e adolescentes.
Na capital pernambucana, a organização firmou uma parceria com o Centro de Reabilitação e Valorização da Criança (Cervac) para oferecer tratamento, transporte e alimentação gratuitos a 30 bebês com microcefalia, entre eles Kauan. Para conseguir recursos para o continuidade do tratamento desses pacientes, a ONG acaba de lançar um programa que busca padrinhos para as crianças.
“O programa de apadrinhamento terá vários formatos. O padrinho pode tanto dar uma contribuição mensal de R$ 50 para ajudar a custear o tratamento da criança quanto colaborar com algum item que ela esteja precisando. E o interessante é que os padrinhos mantêm contato com as famílias para acompanhar a evolução do tratamento”, explica Rafaela Pontes da Silva, gerente da Visão Mundial no Recife.
Os bebês em tratamento no Cervac contam com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e um neuropediatra. “Quanto mais padrinhos se prontificarem, mais crianças poderemos atender”, diz Rafaela.
Chances
Para a avó de Kauan, o projeto dará mais chances ao menino de enfrentar os problemas de desenvolvimento. “O Kauan já tem um ano e oito meses e ainda não anda nem senta. Mas com o tratamento ele já está evoluindo. Já aprendeu a sugar, está ficando mais flexível. Esse apadrinhamento já é uma esperança. Quanto mais tratamento, melhor”, diz a avó do bebê.
Por causa da epidemia de microcefalia, a ONG Visão Mundial está promovendo também outras ações contra o zika, como distribuição de repelentes e mosquiteiros para grávidas e mutirões contra o Aedes. Os interessados em apadrinhar uma criança devem entrar em contato com a ONG, por meio do telefone 0300-788-7999, ou pelo site visaomundial.org.br.
Fabiana Cambricoli
Fonte: Agencia Estado