A Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, com cerca de 270 milhões de habitantes, iniciou nesta quarta-feira, 13, uma complexa campanha de vacinação contra a covid-19. O país foi o primeiro fora da China a autorizar o uso emergencial da vacina Coronavac, da farmacêutica chinesa Sinovac, que demonstrou eficácia de 65,3% em testes clínicos locais. O presidente Joko Widodo recebeu a primeira dose.
Widodo queria ser o primeiro para servir de exemplo ao restante da população sobre a confiança depositada na vacina, em evento transmitido ao vivo do Palácio Presidencial de Jacarta. Em seguida foram vacinados um ministro e outras autoridades, como o chefe da Polícia, Idham Azis, e do Exército, Hadi Tjahjanto, o diretor da Associação Médica, Daeng M. Faqih, entre outros.
Essas primeiras vacinações marcam o início da primeira fase da campanha que prioriza a aplicação das doses em 1,46 milhão de trabalhadores da saúde. Em seguida, na tentativa de recuperar a economia, a Indonésia planeja priorizar trabalhadores jovens em vez de pessoas do grupo de risco, como idosos.
A vacina foi testada no país em pessoas de 18 a 59 anos e, por isso, os estudos clínicos ainda não têm resultados sobre a eficácia do imunizante em idosos. Outros membros do gabinete, como o vice-presidente Ma’ruf Amin, 77, não serão vacinados até que as autoridades coletem mais dados sobre a eficácia do medicamento em pessoas com mais de 59 anos de idade.
Em abril, e já com o medicamento da Pfizer e AstraZeneca, o país vai começar a vacinação de 21,5 milhões de idosos, disse o ministro da Saúde, Budi Gunadi, em frente ao Parlamento na terça-feira.
As autoridades já começaram a distribuir três milhões de doses recebidas da Coronavac entre as 34 províncias do arquipélago. A Indonésia, com um vasto território formado por mais de 17 mil ilhas (6 mil delas habitadas), enfrenta grandes desafios para chegar a todos os cantos do país.
O Ministro da Saúde reconheceu que a distribuição em algumas províncias ainda não pode ser assegurada “porque a capacidade de armazenamento da rede de frio não é suficiente”.
O país espera receber a maior parte das vacinas, que serão gratuitas, ao longo do segundo semestre. De acordo com os planos iniciais, dois terços de sua população, 181,5 milhões de pessoas, devem ser imunizadas até março de 2022.
A Indonésia também assinou acordos de compra com a Pfizer e a AstraZeneca para adquirir um total de quase 330 milhões de vacinas.
Nesta terça-feira, 12, o país registrou recorde diário de novos casos de covid-19 e óbitos em decorrência da doença. A Indonésia enfrenta o pico da doença, com a confirmação de mais de 9 mil casos por dia.
Outros países
A Coronavac tem sido testada em três países: Indonésia, Turquia e Brasil. Na Indonésia, a eficácia de 65,3% foi obtida a partir do registro de 25 casos de covid-19 entre os 1.600 voluntários dos estudos clínicos no país. Na Turquia, os resultados preliminares apontam eficácia de 91% com dados de 1.322 voluntários.Desse grupo,29 testaram positivopara a covid-19: 26 no grupo que recebeu o placebo e somente 3 no grupo vacinado.
Nesta terça-feira, 12, o Instituto Butantã, que conduziu os testes no Brasil e produz a vacina em parceria com a Sinovac, anunciou que a taxa de eficácia geral da Coronavac é de 50,38%. Esse número foi obtido a partir da análise do total de casos sintomáticos identificados nos 12.508 voluntários: 252, sendo 167 no grupo placebo e 85, no grupo vacinado.
Fonte:Estadão