A 2ª Vara Criminal de Vilhena (RO) determinou prisão preventiva para Natielly Karlailly Balbino, suspeita de integrar uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas. Natielly, de 35 anos, é filha do ex-deputado Nilton Capixaba e é investigada pela Polícia Federal (PF) desde setembro.
Natielly foi presa em setembro durante a operação Carga Prensada. Inicialmente ela estava em prisão temporária, mas como a investigação do caso segue e a PF colheu novos elementos, a autoridade policial pediu a conversão de prisão preventiva para Natielly e outros quatro investigados.
Segundo apresentou a PF ao judiciário, depois da operação foi descoberto que a filha do ex-deputado estaria praticando “ações voltadas à produção de documentos falsos em favor da organização criminosa, mantendo, inclusive, interação com os principais integrantes da organização criminosa”.
Em uma conversa no celular do líder da organização criminosa, na qual a PF teve acesso, Natielly buscava meios pare recuperar uma caminhonete Hilux apreendida com seu esposo Tiago, após o mesmo ser flagrado transportando drogas em Goiás.
“Nos diálogos, Natielly e o líder da organização criminosa cogitam a possibilidade de ser confeccionada uma procuração falsa em um cartório pelo valor de R$ 2,5 mil”, diz relatório de análise material feito pela polícia e apresentado ao judiciário.
Segundo a PF, a filha do ex-deputado queria reaver a caminhonete Hilux. Na casa de Natielly também foram apreendidos extratos bancários que constam movimentações vinculadas a um suspeito de fazer lavagem de dinheiro para a organização criminosa.
Atendendo ao pedido da autoridade policial, na sexta-feira (15) a 2ª Vara Criminal de Vilhena acatou o pedido da polícia para converter a prisão temporária de Natielly para preventiva. Ela está presa em Cacoal (RO).
Prisão domiciliar negada
Ainda em setembro, Natielly entrou na Justiça pedindo para cumprir prisão domiciliar, onde alegou ser mãe de dois filhos de até doze anos de idade que supostamente dependem de seus cuidados.
No entanto, o pedido de prisão domiciliar foi negado. Atualmente, segundo o processo, as crianças filhas de Natielly estão com a avó materna.
Operação Carga Prensa
Na operação, a PF sequestrou 150 veículos (entre Land Rover, BMW e Camaro), aeronave, lancha e imóveis comprados com o dinheiro ilícito do tráfico. Segundo investigação, os membros da quadrilha enviavam grandes quantidades de cocaína de Rondônia para outros estados, usando caminhões ou veículos de grande porte.
Ao todo, 45 mandados de prisão foram cumpridos no dia 15 de setembro, entre eles o de Natielly. Ela foi localizada em Cacoal (RO) e presa temporariamente. Após a prisão, a defesa de Natielly entrou na justiça pedindo que a mesma respondesse o processo em prisão domiciliar.
Ainda de acordo com a decisão, o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) prevê a manutenção da prisão cautelar mesmo nas condições em casos excepcionais.
Para o Ministério Público, outro fator para manter a prisão temporária da suspeita é que ela tem um relacionamento (de vínculo conjugal) com outro integrante da organização que é investigada pela PF.
“A liberdade da ora requerente nesse momento da investigação policial lhe confere inteira possibilidade “de ocultar e destruir provas que eventualmente digam respeito à sua participação e dos demais membros nas ações da organização, assim como de aliciar ou intimidar testemunhas que tenham condições de contribuir com a apuração dos fatos”, diz a decisão judicial da 2° Vara Criminal.
Operação Carga Prensada
Segundo a PF, a organização criminosa da qual Natielly fazia parte foi responsável por fazer grandes quantidades de cocaína de Rondônia para outros estados. Ao menos 2,5 mil quilos de drogas da quadrilha foram apreendidos nos meses de investigação.
Além disso, o grupo realizava a aquisição de cargas de maconha do Mato Grosso do Sul para serem distribuídas nos estados de Rondônia e Acre.
Além do tráfico, a quadrilha atuava no comércio ilegal de armas de fogo, lavagem de capitais e falsidade ideológica.
Na época da operação foram apreendidos outros objetos em posse dos suspeitos, como jóias de ouro, armas, relógios, computadores, e dinheiro em espécie.
Para lavar o dinheiro do tráfico, os suspeitos usavam uma casa de jogos de fachada, onde, de fato, ninguém era sorteado e os próprios integrantes da quadrilha ficavam com o dinheiro.
Segundo a PF, somente o bracelete de ouro de um dos investigados é avaliado em R$ 130 mil.
Todo patrimônio luxuoso adquirido pela quadrilha foi através de crimes, tendo o tráfico de drogas como ‘carro chefe’ do grupo.
Fonte:G1/RO