Após uma, duas ou três reprovações, não são poucos os candidatos que se perguntam se vale a pena insistir na busca por uma vaga no serviço público. Essa pergunta, Felipe do Amorim Martins, de 28 anos, é um dos que podem responder como ninguém: vale a pena sim! Com 12 tentativas frustradas até conseguir a tão sonhada classificação, ele, que hoje é técnico do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) é um exemplo de um dos mantras dos especialistas: em concurso, não se estuda para passar e sim até passar
A trajetória de Felipe do Amorim Martins começou aos 18 anos, quando ingressou Exército Brasileiro por meio do serviço militar obrigatório. Ele tornou-se soldado em 2007 mas sabia que, só assim, não conseguiria chegar aos quadros da corporação e com isso alcançar a estabilidade e as oportunidades de acensão características da carreira.“Sabendo que tal cargo não proporcionava estabilidade, decidi estudar para concurso em busca de estabilidade profissional, bem como por sentir vocação para o serviço público”, destaca Felipe, salientando as suas duas maiores motivações para se dedicar à preparação.
Ele fez seu primeiro concurso em 2007. Foi para a Escola de Sargentos das Armas (ESA), o maior para ingresso em instituições militares em todo o país. Não obteve sucesso, mas, nem por isso, desistiu. Ele não conseguiu classificação em dois concursos para a ESA e nas seleções para Defensoria Pública-RJ, Polícia Militar-RJ (uma para soldado e outra para Oficial); Ministério Público-RJ; Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP/RJ); duas vezes para o Tribunal Regional do Trabalho/RJ; Tribunal Regional Federal 2ª Região; Detran/RJ e Tribunal de Justiça/RJ, em 2012.
Em 2013, seis anos depois de começar sua busca pela carreira pública, ele finalmente conseguiu, ao ficar na 57º colocação para o cargo de inspetor de alunos da Secretaria Estadual de Educação (Seeduc/RJ). “A persistência e a superação foram fundamentais na minha estrada”, destaca Felipe do Amorim Martins, destacando que não foi fácil manter a obstinação por tanto tempo. “Foi bastante difícil suportar tantas reprovações, mas a cada tentativa malsucedida, eu procurava tirar alguma lição. As reprovações fazem parte da vitória, pois tudo depende da forma como elas são encaradas. Penso que, com 12 reprovações, na verdade acabei descobrindo 12 formas de não passar. Além disso, recebi apoio de amigos mais experientes, já concursados, que me fortaleceram em busca da aprovação. E, sem dúvidas, sempre tive o apoio fundamental da minha família”, enfatiza.
A partir daí, Felipe conseguiu mais quatro aprovações, com três nomeações publicadas e uma que está próxima de sair. Ele ficou na 22ª colocação para o cargo de assistente em Administração do Colégio Pedro II, em 2014; foi o 6º colocado para o cargo de agente Administrativo do Ministério de Trabalho e Emprego (MTE); e o 52º colocado para o cargo de técnico em Atividade Judiciária do TJ-RJ, órgão em que atua desde então. “Fui o 42º colocado para o cargo de agente Administrativo da Polícia Federal em 2014. No momento estou aguardando a nomeação deste cargo.”,
Dá pra imaginar que, após 12 tentativas em que não obteve sucesso, ao longo de seis anos, foram vários os momentos em que ele pensou em desistir. Mas, para o concurseiro, o foco, a determinação, a superação e a persistência foram as virtudes que o fizeram seguir em frente. “Acredito que todos que tiverem tais virtudes e abnegarem de certas atividades que necessitem de tempo, como festas familiares, Natal, Ano Novo, Carnaval, dentre outras, têm a possibilidade de passar em concursos. É necessário sacrifícios”, destaca Felipe do Amorim Martins, salientando que também é essencial ter uma boa capacidade de administrar o tempo e de planejar a rotina de estudos.
Mas, só ter obstinação não basta. O segredo do sucesso do técnico do TJ-RJ foi também adotar uma rotina intensa de estudos. Na medida em que ia fazendo os primeiros concursos, ele percebia que precisava de técnicas de estudo mais apuradas. “No começo, eu estudava muito, mas não tinha um bom rendimento. Depois que aprendi a estudar com técnicas, comecei a progredir e aos poucos fui melhorando meu desempenho nas provas”, comenta. Com o tempo, Felipe passou a fazer uso, por exemplo, de mapa mentais, calendário de revisões semanais, entre outras técnicas. Ele percebeu também que, para aperfeiçoar a sua rotina de preparação, precisava fazer apostar naquela que é uma das principais recomendações de especialistas: resolver muitos exercícios.
Ao preparar-se para os concursos, ele buscara fazer o maior números de questões possível, preferencialmente, das bancas organizadoras de cada concurso que participava. “É fundamental conhecer o estilo da banca. Só a título de exemplo, para o concurso da Polícia Federal, fiz cerca de cinco mil questões e, para o Tribunal de Justiça/RJ, por volta de 3 mil”, relembra o técnico do TJ. Para Felipe do Amorim, a maior lição que sua trajetória deixa é a de que concurso público é um investimento a médio/longo prazo. “O mais importante é começar, pois ao longo do caminho, cada candidato irá, diante das circunstâncias e experiências pessoais, perceber a melhor forma de alcançar a tão sonhada aprovação.”
Fonte: Folha Dirigida