Logo após a coleta, o doador de sangue alimenta-se e despede-se dos profissionais do Banco de Sangue, a partir desse momento, iniciam-se os trabalhos dos servidores nos setores de processamento de sangue, sorologia, imunohematologia, controle de qualidade e agência transfusional. Esse processo ocorre em Rondônia, nos municípios de Porto Velho, Ariquemes, Ji-Paraná, Rolim de Moura, Cacoal e Vilhena e é regido por uma legislação específica para serviços de hemoterapia.
O que acontece com o sangue depois da doação? Como funciona o trabalho na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado – Fhemeron, em todas as unidades que estão localizadas nos municípios de Porto Velho, Ariquemes, Ji-Paraná, Rolim de Moura, Cacoal e Vilhena?
Esses e outros questionamentos entorno desse processo, regido por uma legislação específica para serviços de hemoterapia são esclarecidos pela médica hematologista, Daniela Fontes, que conta o passo a passo após a doação de sangue.
“Depois da doação, a bolsa de sangue segue para o setor de processamento, onde o sangue será fracionado. Uma única bolsa se transforma em uma de hemácias, uma de plaquetas, uma de plasma, para casos específicos, essa bolsa poderá produzir também crioprecipitado. Isso permite que até quatro pessoas sejam beneficiadas com uma doação”, destaca a hematologista.
Os hemocomponentes ficam aguardando a emissão dos resultados sorológicos e imunohematológicos para serem rotulados e liberados para uso em pacientes. As amostras de sangue do doador seguem para os laboratórios, onde são realizados os testes sorológicos, de determinação da tipagem sanguínea, pesquisa de anticorpos irregulares e hemolisina.
BATERIA DE EXAMES
A biomédica Camila Lamara, técnica responsável pelo setor de sorologia, explica que na Fhemeron são realizados os seguintes testes de triagem sorológica: Hepatite B (HBc e HbsAg), Hepatite C, vírus HTLV, HIV, Sífilis (VDRL), Chagas, além da Pesquisa de Plasmódio (Malária); e ressaltou também que desde a sua instituição pelo Ministério da Saúde, devem ser realizados também os testes NAT-HIV, HCV-HCV e NAT-HBV (possui alta sensibilidade para detecção da presença do genoma viral do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), HCV (Vírus da Hepatite C) e HBV (Vírus da Hepatite B) circulante no plasma sanguíneo), por biologia molecular, no Polo Nat-Região Norte, localizada em Manaus (AM).
“Essa confirmação exclui qualquer possibilidade de janela imunológica, que é período de contaminação da pessoa por um determinado agente infeccioso para doenças como hepatite, HIV e outros. A gente não pode liberar uma bolsa de sangue só com o nosso resultado, ele tem que ser confirmado”, ressaltou Camila.
Depois de liberadas pelos setores de sorologia e imunohematologia, as bolsas poderão ser utilizadas nos pacientes. O setor responsável por essa liberação é a agência transfusional, que realiza testes de compatibilidade entre a bolsa e o paciente.
Para a liberação das bolsas são feitas provas cruzadas do sangue no setor de agência transfusional de distribuição. Na agência transfusional é feita uma análise do sangue do doador e de quem vai receber para saber se o mesmo é compatível. A agência da Fhemeron distribui sangue para o Hospital Cosme Damião, Maternidade Municipal, Cemetron, Santa Marcelina e hospitais da rede privada.
AUMENTO DA DEMANDA
Daniele afirma que nos últimos anos houve um aumento da demanda para pacientes em tratamento contra o câncer. “A quimioterapia é intensa, por isso os pacientes, durante o período de tratamento têm necessidade de transfusão de componentes do sangue”, explica.
Além disso, houve um aumento do número de cirurgias de grande porte (cardíacas, neurológicas e oncológicas) em Rondônia. “Toda essa melhora da assistência à saúde gera aumento da demanda transfusional. Sendo assim, faz-se necessária uma mobilização diária e uma conscientização maior das pessoas quanto à importância da doação. A Fhemeron oferece inclusive, serviço de transporte, caso doador necessite”, ressalta.
Há mais de cinco anos a Fhemeron de Porto Velho conta com um equipamento automatizado que coleta somente o concentrado de plaquetas do doador. Esse procedimento se chama aférese.
O Edelberto Souza foi até a Fhemeron de Porto Velho, pela primeira vez para doar plaquetas. Ele já era doador de sangue em sua cidade natal, Rio Branco (AC), conta que se sente ainda mais seguro e feliz em saber os cuidados com o sangue depois da sua doação.
“Eu me sinto mais tranquilo sabendo desses cuidados tomados através dos exames, que além daqui, são feitos em outro Estado. É um alívio para quem vai doar e também vai receber o sangue”, pontuou.
A Fhemeron fica localizada ao lado do Hospital de Base em Porto Velho e funciona das 8h às 18h. Quem tem interesse em doar pode ligar no número (69) 98464-0125 ou (69) 3216-2234, e solicitar transporte.