Dispositivos fazem coleta e transmissão de dados que oferecem benefícios, como redes inteligentes que entregam mais economia, eficiência e segurança
Ferramentas tecnológicas aplicadas ao gerenciamento de energia vêm ganhando a atenção de consumidores, empresas e até governos. Tratam-se de dispositivos para coleta e transmissão de dados e para a eficiência de processos em diversos setores da indústria, varejo e manufatura. O uso de Internet das Coisas (IoT) e da inteligência artificial, por exemplo, em sistemas de gestão de energia, oferece uma série de benefícios, como redes inteligentes que entregam mais economia, eficiência e segurança.
Investir em eficiência energética deixou de ser considerado somente uma boa prática, tornando-se uma necessidade urgente de ação climática mundial. Contudo, segundo o estudo “A hora e a vez da eficiência energética”, do Instituto Clima e Sociedade (ICS), o Brasil ocupa o 20º lugar no ranking dos países que mais avançaram em políticas de eficiência, ficando estacionado no tempo.
Além disso, é a única nação dentre as economias emergentes que, nos últimos vinte anos, apresentou aumento no consumo de energia acima da produção econômica. Conforme estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA), seria preciso triplicar o investimento anual em soluções energéticas até 2030 para que fosse possível alcançar as metas de sustentabilidade do cenário de emissões líquidas zero até 2050.
Vale lembrar, portanto, que a gestão de consumo de energia permite o monitoramento em tempo real de dados estratégicos que devem ser acompanhados para o controle efetivo dos gastos com energia elétrica.
O que é a gestão de consumo de energia?
A gestão de consumo de energia, por meio de recursos de inteligência artificial e da IoT, é uma prática que permite prever o consumo e os custos de energia de estabelecimentos e residências ou, ainda, verificar dados por operação, localidade e unidade de negócio. Com essas informações, e a partir de relatórios personalizados, o gestor consegue efetuar a contratação junto às concessionárias e a compra de energia no mercado livre de maneira mais eficiente.
As tecnologias de automação usadas no gerenciamento energético também podem ser importantes para aumentar a produtividade e a qualidade das operações empresariais, por exemplo. Isso porque, diante do monitoramento em tempo real, é possível detectar pontos de desperdício e acompanhar o ciclo de vida dos equipamentos. Essa prática facilita as atividades de gestão de ativos, reduz custos e evita paradas na produção.
Como esse gerenciamento é feito?
Para compreender melhor como o gerenciamento de energia pode ser feito, é possível pensar na realidade das empresas. Como este é um insumo contínuo, demandado constantemente pelas operações das organizações, é fundamental uma gestão ativa sobre ele, com acesso a informações relevantes, assim como a coleta de dados confiáveis para a tomada segura de decisões.
O gerenciamento e o controle do consumo de energia nas empresas que estão em busca de economia costuma ser realizado por gerentes de energia, de eficiência energética ou de manutenção elétrica. Como apontam especialistas, algumas das atividades diárias incluem: análise constante da qualidade e eficiência dos equipamentos utilizados na planta; acompanhamento e controle mensal de consumo de energia; e criação de base de dados para detalhar a operação e gerar histórico.
Nesse cenário, a tecnologia aplicada a diversos tipos de softwares de gerenciamento de energia disponíveis no mercado pode ser adotada para automatizar o monitoramento de consumo. Essa solução permite ao gestor tomar decisões, utilizando plataformas de medição remota e inteligência de dados.
Segundo fornecedores de aplicações do tipo, com essas alternativas, é feito o monitoramento sistemático do consumo e da demanda de energia elétrica, o que promove controle de gastos. Além disso, por meio dos dispositivos, é possível identificar ineficiências e potenciais de economia; e auditar e fazer a gestão de faturas de energia.
IoT na gestão de consumo energético
Como esclarece o diretor de soluções da Fuse IoT, Murilo Silva, em artigo publicado na imprensa, os dispositivos IoT permitem que os consumidores transmitam e recebam informações em tempo real sobre seu entorno, como dados climáticos, fluxo de pessoas e utilização de recursos. A tecnologia IoT pode ser integrada a uma rede inteligente, pois permite que os usuários gerenciem suas imediações usando seus smartphones, por exemplo.
No contexto empresarial, além de monitorar o consumo de energia, a IoT possibilita uma operação da própria concessionária, já que conecta os dispositivos das pessoas às redes, permitindo que elas monitorem seu consumo diretamente. O fornecimento de dados de consumo é acompanhado de leituras, comunicações de localização e voz – ações que reduzem o erro humano na comunicação com as concessionárias.
Segundo pesquisa da Johnson Controls, 62% das instituições esperam aumentar os investimentos em eficiência energética, tecnologia de edifícios inteligentes ou energia renovável até o final de 2022 e início de 2023. O Brasil aparece na sétima colocação, com mais da metade (53%) das organizações interessadas em direcionar mais recursos.
Espera-se que a IoT leve a uma maior transparência no setor de energia, já que a maioria das estratégias de eficiência energética são baseadas na ideia de gerenciamento desse recurso. Assim, ao realizar leituras em tempo real de dispositivos e downloads de dados, as empresas de serviços públicos podem fornecer suporte proativo a clientes que desejam atender aos seus requisitos de eficiência energética.
Dicas práticas para economizar energia a partir da tecnologia
Como enfatiza a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a tecnologia pode ser uma aliada na redução do consumo de energia nas residências. Duas opções são a automação residencial e a instalação de painéis solares fotovoltaicos para a geração da energia consumida na casa.
O uso de painéis solares fotovoltaicos – que costumam ser instalados no telhado e produzem energia por meio da exposição aos raios solares – é vantajoso no Brasil, porque o país conta com alta incidência solar.
Segundo o professor de Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Mario Kawano, em entrevista ao portal de notícias da FecomercioSP, a energia produzida por intermédio desses painéis pode ser utilizada, sobretudo, para levar energia aos chuveiros, que devem substituídos por aqueles que funcionem com aquecedores, no lugar dos elétricos. A troca, de acordo com o professor, deve reduzir a conta de luz em cerca de 50%.
A aquisição de eletrodomésticos mais novos e eficientes e a troca das lâmpadas incandescentes por lâmpadas de LED são outras dicas para economizar energia.
A Confederação recomenda também os sistemas de automação residencial para reduzir o consumo. Eles podem abranger controle de iluminação, equipamentos de áudio, cortinas, persianas, vídeo, jogos, câmeras de monitoramento, portão, alarme, jardim e piscina, entre outros.
Existe ainda uma série de opções de tecnologias que podem ser utilizadas, como o sistema domótico – interligado por uma rede de comunicação cabeada (possuindo uma central) ou sem fio (que não necessita de projeto prévio e nem central). Essas instalações são executadas por mão de obra especializada, mediante a um custo cobrado conforme o profissional contratado.
De acordo com a Fecomercio, o investimento inicial nessas tecnologias é compensatório devido à definitiva redução no consumo a longo prazo, mesmo que ainda não sejam baratas. Além disso, o preço tende a se tornar cada vez mais atrativo com a popularização desses sistemas.