Dono de loteamento teve que comprar os próprios terrenos
Documentos aos quais o FOLHA DO SUL ON LINE teve acesso mostram que um único empresário do segmento imobiliário foi extorquido por vereadores de Vilhena em mais de R$ 1,5 milhão ao longo dos últimos anos em diferentes empreendimentos.
A pressão pela propina que acabou revelando todo o esquema, de acordo com o que será denunciado na Polícia Federal e no MPF, começou em 2015, quando o dono de um loteamento foi procurado pelo vereador José Garcia (DEM), que foi preso hoje acusado de ser o operador do grupo de parlamentares. Mas, antes desta data, o mesmo crime já era praticado contra quem atuava no ramo. Lembre aqui.
O denunciante diz que foi procurado pelo parlamentar, que cobrava R$ 200 mil para que fossem aprovados o decreto autorizando o loteamento e a certidão de viabilidade do empreendimento. Como os dois documentos são emitidos pelo município e não pela Câmara, a PF vai apurar a participação de servidores e outras autoridades no caso.
O empresário diz que pagou a quantia, em dinheiro, na loja de Garcia, que alegava falar em nome dos colegas. Com isso, ambos os documentos foram agilizados para que o loteamento fosse votado na Câmara.
Mas aí, com a matéria pronta para a votação, relata a vítima da extorsão, foi cobrada nova propina: desta vez, os vereadores, por intermédio de seu representante na jogada, exigiam que lhes fossem repassados vários terrenos. Ou era isso ou a matéria seria rejeitada na Casa. E com um detalhe: uma parte dos imóveis deveria ser comprada pelo próprio dono, que pagaria a extorsão em cheques aos vereadores. O restante dos terrenos passaria para “laranjas” dos parlamentares através de contratos de compra e venda.
Em breve, além das cópias dos cheques da propina, já compensados, a PF e o MPF devem receber também os nomes dos envolvidos. Pelo menos dois vereadores correm risco de prisão nas próximas horas, dada a quantidade de provas contra eles.
VAI LONGE
Por mais explosivas que sejam, as revelações sobre o esquema são apenas a “ponta do iceberg”. As fontes do FOLHA DO SUL ON LINE se comprometeram em fornecer, ao longo da semana, detalhes ainda mais escabrosos das transações criminosas.
Fonte: Folha do Sul