
A faixa do funcionalismo público, conhecida como elite, está entre as dez categorias profissionais de maiores salários do Brasil. Juízes, procuradores, promotores, e até donos de cartório, os quais possuem concessão pública, fazem parte desta faixa.
Estas informações são frutos de um ranking cuja base de dados foi o relatório “Grandes Números”, divulgado pela Receita Federal que, por sua vez, utilizou as declarações do IRPF de 2015. O pesquisador responsável pelo resultado foi José Roberto Afonso (IBGE/FGV).
Recorde em ganhos
Encabeçando a lista das funções públicas mais bem pagas do Brasil, está o dono de cartório. Na verdade, a atividade flutua entre os setores público e privado, mas foi considerada como parte das funções estatais.
De acordo com dados colhidos das declarações IRPF 2015, o rendimento anual da categoria é de R$1,1 milhão. Um detalhe é que, uma faixa ainda mais rica da categoria, cerca de 9400 donos de cartório, acumularam, somados, aproximadamente R$11 bilhões no período.
Carreiras públicas típicas e bastante rentáveis
Ocupando o segundo, terceiro, quarto, sexto, sétimo e oitavo lugares na lista estão as carreiras típicas do funcionalismo público:
- Promotores* e procuradores* do Ministério Público possuem uma renda média anal de quase R$530 mil.
- Juízes* e outros integrantes dos tribunais de contas*, cerca de R$512 mil.
- Diplomatas, R$332 mil anuais.
*essas funções recebem cerca de seis vezes mais que a média dos declarantes de IR do Brasil.
De acordo com o pesquisador, “a crise fiscal atual revela que o debate das dificuldades está concentrado no poder Executivo, enquanto os demais poderes seguem gerindo as suas folhas salariais e os seus orçamentos como se nenhuma crise estivesse ocorrendo no País. Reajustes fortes têm sido dados para essa elite do setor público, enquanto a imensa maioria dos servidores públicos não é tão beneficiada.”
Três funções do setor privado fazem parte do ranking
Dentre as dez funções mais bem pagas do país, três são do setor privado, a saber:
- Ocupando o quinto lugar estão os médicos, com rendimento médio anual de R$305 mil;
- A nona posição ficou om os pilotos de avião, com rendimento médio anual de R$253 mil,
- A 10ª posição está ocupada pelos atletas, com rendimento médio anual de R$219 mil.
A categoria mais bem paga, mas que ficou de fora da lista
José Roberto Afonso concluiu que a razão da ausência de uma categoria que figura entre as mais bem pagas, as dos empresários e executivos de alto escalão, é que parte dos ganhos da função enquadra-se como rendimento não tributável, como lucros e dividendos.
A pesquisa divulgou que mais de 700 mil integrantes da categoria chegam a ganhar R$ 214 bilhões que são isentos. Os outros recebem como pessoa jurídica e, por isso, as funções que compõem a categoria ficaram com o 30º lugar da lista, com um ganho médio anual de R$138 mil.
Afonso ainda ressalvou que presidentes de empresas multinacionais, donos de empresas menores e até o profissional contratado como empresa (que forma o cenário da “pejotização”), estão inclusos na categoria acima.