Apesar da proposta de redução no preço do combustível, anunciada pela Petrobras, os preços da gasolina e do diesel aumentaram nos últimos dias, segundo a Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e com isso o consumidor de Porto Velho precisa fazer malabarismo se quiser economizar alguns trocados na hora de abastecer.
O principal motivo do custo final da gasolina permanecer praticamente inalterado foi devido à alta no preço do etanol anidro, que é misturado à gasolina em 27%. Ou seja, o aumento de preços de um elemento químico que compõe o combustível, consequentemente anulou a redução de preços da gasolina, esperada pelo consumidor final.
De acordo com nota emitida pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), a redução de custos da gasolina nas refinarias – divulgada pela Petrobras no dia 14 de outubro – não está sendo repassada pelas distribuidoras aos postos revendedores, o que impossibilitou a redução no preço do combustível cobrado do consumidor final.
O custo final da gasolina permaneceu praticamente inalterado devido à alta no preço do etanol anidro (álcool), misturado à gasolina em 27%. Para se ter ideia, de 1º a 14 de setembro, o reajuste do etanol anidro foi de 18,52%, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz (Cepea/Esalq).
A Fecombustíveis também se posicionou quanto ao aumento de preços cobrados pelo óleo diesel. De acordo com o órgão, no último leilão de biodiesel, promovido pela ANP, as distribuidoras compraram o biocombustível 19% mais caro em relação ao leilão anterior. “Nos próximos dias tal aumento deverá ser repassado para o custo do óleo diesel B, que recebe a adição de 7% de biodiesel”, ressalta a nota emitida pela Fecombustíveis.
Mercado livre e disputado
De acordo com dados da ANP, o preço médio do litro da gasolina no Brasil subiu de R$ 3,654 (entre os dias 9 e 15 de outubro) para R$ 3,671 (de 16 a 22 de outubro), o que corresponde a um avanço de 0,4% nas duas últimas semanas. Eduardo Valente, secretário executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Rondônia (Sindpetro) afirma que não há previsão de redução do custo do combustível, uma vez que as variações de preço no produto são repassadas ao consumidor final, mas garante que os proprietários de postos trabalham livremente suas margens de lucros, e com isso alguns conseguem oferecer o produto a custos mais acessíveis.
Já a Fecombustíveis ressaltou que a redução de custos dos combustíveis nas refinarias pela Petrobras não considera os custos dos biocombustíveis, que são embutidos no preço final da gasolina e do diesel. “Desde a liberação de preços dos combustíveis pelo Governo Federal, o mercado é livre e competitivo em todos os segmentos, cabendo a cada posto revendedor decidir se irá repassar ou não os aumentos e/ou reduções de preços ao consumidor, de acordo com as suas estruturas de custo”, arremata a nota emitida pela Federação.
Estado cobra gasolina mais cara
Rondônia ocupa a 5ª posição no ranking dos estados da Amazônia Legal que cobram mais caro pelo combustível que comercializam, mas a pergunta que não calar é: Por que o combustível é tão caro em Rondônia? Eduardo Valente, secretário executivo do Sindpetro afirma que o principal motivador do aumento de preços do combustível são os impostos agregados ao valor do produto. “O vilão não é o dono do posto. O consumidor nem imagina a quantidade de impostos que se paga. Para se ter ideia, em geral 56% do valor da gasolina é imposto”, explica.
Aliado aos impostos, Eduardo Valente garante que há outros fatores que contribuem para o alto custo do combustível em Rondônia. O transporte é um deles. “Porto Velho geralmente oferece combustível mais barato porque vem de balsa, direto de Manaus. Já os demais municípios sofrem com o acréscimo do valor do transporte, que é arcado pelo dono do posto e consequentemente repassado para o consumidor final”, enfatiza.
Na Amazônia Legal, os Estados que mais cobram caro pelo combustível são Acre, Pará, Roraima, Tocantins e Rondônia. Em Rondônia existem 550 postos de gasolina em funcionamento, 125 deles estão estabelecidos em Porto Velho.
Diferença de preços até 0,40 centavos de um posto para outro
Como norma, os postos de gasolina de todo o Brasil seguem uma tabela, também chamada de pauta, elaborada pelos governos estaduais e que estabelece o valor médio do preço que deve ser cobrado na gasolina. Em Rondônia este custo deve ser de R$ 3,865, no entanto, nos postos de Porto Velho observa-se que o produto é comercializado com valores que variam de R$ 3,59 e R$ 3,99.
Para driblar os preços altos alguns consumidores estabelecem rotinas, que segundo eles, minimizam os impactos financeiros no final do mês. “Pago pelo abastecimento somente no dinheiro”, diz Manoel de Lemos Filho, professor. “Além disso, abasteço a cada duas semanas, num único posto, que considero o que cobra menor preço”, complementa. “Imagina que moro no 4 de Janeiro, trabalho na zona Leste e tenho filha que estuda na zona Sul. É um transporte intenso diariamente, precisa ser bem analisado”, detalha.
O taxista Francisco Gomes de Souza, trabalha na praça de Porto Velho há 28 anos e afirma sofrer com o alto preço cobrado pelo combustível: “O custo é alto: cerca de R$ 350 por semana e às vezes não compensa atravessar a cidade em busca de combustível alguns centavos mais barato. Priorizo abastecer em postos próximos ao ponto que trabalho. Também evito fazer corridas à procura de passageiros. E não adianta confiar nessas promessas de redução de preço do combustível, pois só servem para gerar ansiedade. A situação está cada vez pior, não só o combustível. Tudo aumenta de preço”, desabafa.
Em Porto Velho existem postos de gasolina que por iniciativa própria de seus proprietários optam por fornecer combustíveis a preço inferior ao estabelecido na tabela (pauta) para alguns grupos de consumidores. Os taxistas estão entre os grupos que eventualmente são favorecidos com o desconto. Também há proprietários que optam por fornecer combustíveis a preço mais acessíveis para todos consumidores. Ciro Afonso Soria, gerente de posto afirma que consegue trabalhar com preços abaixo da tabela realizando as negociações à vista. “É uma regra estabelecida pelo grupo que trabalho: não operamos nem com cartão de crédito nem cheque. Assim conseguimos cobrar menos, mantendo a qualidade do produto e com isso já atuamos no mercado de Porto Velho há 16 anos”, diz.
Fonte:Diário da Amazônia