Juliane Anschau – filha de Jacinta e Paulo, residentes na Esquina Gaúcha, Iporã do Oeste – mora e estuda em Tubarão, no sul catarinense, onde cursa medicina na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
Ela estava sozinha em casa quando o fenômeno, chamado de tsunami metereológico, começou. Fortes ventos derrubaram árvores e provocaram destelhamentos em toda a cidade, no dia 16 de outubro.
De acordo com o meteorologista Leandro Puchalski, da Central RBS de Meteorologia, esse tipo de formação de onda, chamado de tsunami, já foi registrado em Florianópolis em 2009. Segundo Puchalski, isso ocorre quando uma quantidade de nuvens carregadas avança rapidamente. “Ao avançar pode entrar em ressonância com uma onda longa do mar avançando pela praia, com características de um tsunami real”.
Infelizmente uma criança morreu quando o carro onde estava com a família foi atingido por uma árvore.
Juliane conta que morava numa casa de dois pisos, que é dividida em vários apartamentos. Ela morava no segundo piso e estava sozinha em casa quando o temporal começou. O namorado dela havia acabado de sair para retornar a Iporã do Oeste, onde reside.
Ela diz que primeiro saiu à luz, tinha muito vento e caiu uma arvore na frente da casa. Neste momento, Juliane começou a ficar desesperada, e seu apartamento, que não tinha laje, começou a destelhar.
Ela saiu do apartamento porque as telhas começaram a cair por todo lugar. Sem saber o que fazer, porque lá fora havia muito vento e objetos voando, Juliane foi buscar abrigo na casa de uma vizinha, até que o temporal se acalmasse.
O que sentiu naquele momento Juliane define como “sensação de morte iminente”.
Mesmo chovendo muito, Juliane voltou para casa para ver o que conseguia salvar. “Quando voltei meu apartamento já estava todo alagado, sujo, e com pedaços de telhas pelo chão. Comecei a tirar o que deu e meus vizinhos ajudaram. Alguns colegas vieram me ajudar também, mas a casa deles também estava com portas e vidros quebrados. A cidade ficou um caos e todo mundo estava desesperado. É horrível ver todas as tuas coisas molhadas e sujas. Roupas, livros molhados. Mas o pior de tudo foi o medo de morrer e não saber para onde correr”.
As aulas na Universidade foram suspensas durante toda semana em função dos prejuízos no local e da impossibilidade de atender os alunos.
Juliane comenta que pegou o primeiro ônibus que pôde e voltou para a casa de seus pais com muita roupa molhada, porque não tinha como lavar em Tubarão.
Todos os estudantes que conseguiram foram embora porque não tinha previsão da volta da energia. A água também estava acabando e muitos não tinham nem como se comunicar com a família porque não tinha sinal de celular e nem internet.
“Pelo que aconteceu na cidade e pelo cenário dela depois da tempestade acho que a gente tem que agradecer por estar vivo todos os dias. Embora uma criança tenha falecido e pela forma que a cidade ficou destruída, muito pouco ocorreu. Muito medo e desespero, e se nunca tive vontade de desistir esse foi um dos dias que mais pensei em desistir de tudo e voltar para minha família”.
No momento Juliane mora com uma amiga e esta semana retomou às aulas.
Fonte: Joana Reichert