Estudos mostram a importância dos processos de comunicação para a conformidade, a boa reputação e a saúde financeira das empresas.
Atentas à necessidade de uma comunicação eficiente para a consolidação do programa de conformidade, sete em cada dez empresas brasileiras pretendem investir em treinamento de compliance até 2024, segundo pesquisa realizada pela consultoria Deloitte. A informação corrobora o apontamento de outros estudos recentes, feitos por instituições do Brasil e do exterior, sobre a relevância dos processos comunicacionais para o sucesso das organizações.
Para a realização da pesquisa “Integridade Corporativa no Brasil – Evolução do compliance e das boas práticas empresariais nos últimos anos”, a Deloitte ouviu 113 organizações que atuam em diferentes setores e regiões do país.
De acordo com a consultoria, as informações foram coletadas no período entre 26 de setembro e 30 de outubro de 2022, com o intuito de identificar o grau de maturidade das políticas de compliance, anticorrupção e integridade nas empresas.
O estudo mostrou que as organizações vivem um processo de evolução do trabalho de conformidade e, até 2024, a perspectiva é torná-lo mais estratégico e aprimorado. Para isso, diferentes iniciativas já estão sendo desenvolvidas no ambiente corporativo, muitas delas envolvem o aprimoramento da comunicação interna.
Atribuições, ferramentas e medidas de prevenção
Segundo o levantamento, em 92% das empresas, o setor de compliance tem como principal responsabilidade a transmissão de informações sobre o programa de conformidade para os funcionários. O alto percentual revela como a eficiência da comunicação e o envolvimento de toda a equipe são considerados fundamentais para a consolidação das ações de conformidade.
Outro apontamento do estudo é que mais da metade (58%) das organizações entrevistadas afirmaram que usam sistemas e ferramentas para o acompanhamento do programa de compliance. Neste grupo, o treinamento e a comunicação interna são as alternativas mais usuais, presentes em 83% das empresas. Em seguida, aparece a prática do due diligence (72%), que consiste na investigação de terceiros antes da realização de uma transação comercial.
O levantamento também revelou a compreensão das organizações de que a comunicação clara e objetiva é uma forma de prevenção contra a corrupção. Na visão das empresas, outras medidas que ajudam a coibir a prática criminosa são o canal de denúncias, a cultura organizacional ética e transparente, a adesão das lideranças ao programa de compliance e a realização dos treinamentos internos.
Segundo a Deloitte, as principais motivações para o aprimoramento do trabalho de conformidade estão relacionadas à visão de longo prazo, com foco em
sustentabilidade do negócio, imagem e reputação.
Falhas na comunicação são riscos para governança
As falhas de comunicação nas organizações podem colocar em risco a governança corporativa e gerar prejuízos financeiros, como revelam os estudos realizados pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e Society for Human Resource Management (SHRM), respectivamente.
Na pesquisa “A Comunicação da Governança nas Organizações no Brasil”, a Aberje alerta que a ausência de comunicação e a falta de clareza na transmissão das informações com os diferentes públicos da empresa são os principais obstáculos para estabelecer uma governança corporativa eficiente.
O termo governança corporativa é usado para se referir ao sistema pelo qual uma organização é dirigida, conforme a definição do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Ainda de acordo com o órgão, as boas práticas desse sistema devem envolver os princípios de transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
Já a pesquisa feita pela SHRM, também em 2022, estimou os prejuízos causados por falhas na comunicação das empresas. A estimativa é que organizações com até cem colaboradores podem enfrentar perdas médias anuais de US$ 420 mil, enquanto grandes corporações, com mais de mil funcionários, podem ter prejuízos superiores a US$ 60 milhões.
Ambos os estudos alertam para a importância de uma boa comunicação nas empresas. A falta de clareza nas mensagens, a divulgação incorreta de informações relevantes, a ausência de treinamentos para o esclarecimento de dúvidas e a não realização de planos de contingência para crises podem causar danos à reputação e à saúde financeira das empresas.