Em 2022, mais de 13% dos turistas brasileiros e estrangeiros que visitaram o Ceará afirmaram ter viajado ao estado para, entre outras coisas, praticar uma atividade esportiva. Dos pouco mais de 3,01 milhões de turistas domésticos e internacionais que o estado recebeu ao longo do ano, cerca de 400 mil se encaixavam nas categorias turismo de aventura ou esportivo.
“Isso faz com que tenhamos a noção da importância do segmento e que trabalhemos para que a promoção estadual do turismo esportivo e de aventura seja cada vez mais assertiva”, afirma a secretária estadual do Turismo, Yrwana Albuquerque Guerra.
Frequentemente citado como exemplo de promoção do turismo de aventura, o Ceará soube aproveitar os bons ventos que colocaram o estado entre os destinos preferidos de kitesurfistas de diferentes nacionalidades. E passou a investir na divulgação de seus atrativos para a prática de esportes de ação, com iniciativas de marketing em importantes eventos esportivos, como o XP Sertões Kitesurf, corrida de longa duração que, este ano, reuniu, kitesurfistas da Argentina, França, de Portugal, do Reino Unido, da República Dominicana, Suíça e Turquia, além dos brasileiros, para velejar por até 460 quilômetros ao longo da costa cearense.
O investimento gerou bons resultados, ajudando a dinamizar a economia de várias cidades, incluindo algumas até então ignoradas pelos turistas em geral. “De dez anos para cá, houve uma perceptível expansão imobiliária em algumas regiões litorâneas frequentadas por pessoas interessadas em praticar esportes de ação, principalmente o kitesurf. E, com o maior afluxo de pessoas, houve também uma melhora na qualidade dos equipamentos e serviços, do receptivo turístico”, frisa Yrwana.
A secretária Yrwana Albuquerque Guerra defende uma campanha nacional para promover o país como destino para turismo de aventura e esportivo – Arquivo pessoal
Segundo o mais recente anuário estatístico divulgado pelo Ministério do Turismo, o Ceará ocupava, em 2019, a sétima posição entre as unidades federativas que mais recebiam turistas estrangeiros. Já em 2021, com o arrefecimento da crise sanitária decorrente da pandemia de covid-19, o estado terminou em quarto lugar no ranking.
Ainda de acordo com a secretária, um turista que visita o estado para praticar kite ou surfar gasta, em média, cerca de R$ 3,5 mil. “É uma quantia individual muito significativa para nossa economia. E que comprova que os investimentos feitos dão retorno. Além disso, nas localidades onde há forte presença de kitesurfistas, há mais empresários. Muitos dos esportistas que vêm em busca de um local de excelência para praticar seus esportes acabam decidindo ficar e investir no estado”, acrescenta ela.
Para Yrwana, o Ceará e outros estados brasileiros se beneficiariam de uma campanha nacional que buscasse promover o país como um destino para o turismo de aventura e esportivo. Opinião compartilhada pelo presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo. Em agosto, Freixo visitou o estado, se reuniu com agentes públicos e privados do segmento turístico e destacou o “grande potencial voltado ao turismo de experiências”, sobretudo o turismo de aventura que, segundo ele, é “um grande atrativo para os turistas estrangeiros”.
“Vimos todo o potencial do kitesurf, esta relação com o esporte e a recepção de um turismo estrangeiro muito forte”, comentou Freixo, na ocasião, acrescentando a importância de capacitar o receptivo turístico e de ampliar a oferta de opções aos visitantes. “A gente sabe que os turistas internacionais buscam muito o turismo de experiência, a gastronomia, a cultura, e o Ceará, como um todo, junto com a capital Fortaleza são muito fortes nisso. O nosso objetivo é pensar como a gente conseguirá manter os turistas por mais tempo nesses destinos.”