Dez pessoas foram denunciadas à Justiça Federal pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) por organização criminosa, tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico de drogas, corrupção de menor, coação no curso do processo e falsidade ideológica. O grupo atuava na exportação de entorpecentes, com especialização no comércio internacional de cocaína de altíssima pureza (conhecida vulgarmente como “brilho” ou “escama de peixe”). A droga era oriunda da fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, denominado de trapézio Amazônico, e as remessas eram enviadas para América do Norte, Ásia, Europa, Oceania e África. As ações penais são resultado da Operação Betume, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em outubro deste ano.
De acordo com o MPF, apesar do número limitado de integrantes, a organização possuía grande especialização técnica, contando com despachantes aduaneiros, mecânicos e outros profissionais técnicos envolvidos, inclusive advogados. Apontado como chefe e principal articulador da organização criminosa no Brasil, o peruano Teobaldo Asunción Cortijo Ovando era responsável pela aquisição dos entorpecentes vindos do Peru/Colômbia, pelo transporte da droga para o Brasil, locais de depósito do entorpecente no Brasil, financiamento das atividades de importação e exportação de entorpecentes. O estrangeiro também tinha a “palavra final” nas decisões tomadas pela organização criminosa, articulando todas as operações criminosas envolvidas na importação e exportação de drogas.
A organização criminosa atuava pelo menos desde início de 2015 até outubro de 2016, quando foi desarticulada. O grupo ocultava a droga no interior de maquinários, cilindros, tambores e outras peças de metal pesado, mesclando-a a outras substâncias químicas ou ocultando-as no interior dos mais diversos equipamentos industriais de maneira a impedir, ou pelo menos dificultar, a sua localização por meio de ações de fiscalização das forças de segurança pública.
Além da expertise na ocultação da droga, a organização mantinha um esquema organizado de atuação (planejamento empresarial, apoio jurídico, recrutamento de pessoas) e uma rede de relacionamento tanto com produtores/fornecedores de cocaína de altíssima qualidade como com compradores internacionais de alto poder econômico.
Remessas e apreensões – O grupo conseguia realizar remessas bem sucedidas de grandes quantidades de cocaína para vários dos continentes do globo, já tendo exportado, antes do início da operação, centenas de cilindros de freios de caminhão contendo cocaína para a África; grande quantidade de cocaína para Dakar/Senegal, para Wollandia/Austrália, para Hong Kong/China e para o Norte Sinai/Egito.
Durante a Operação Betume, foram apreendidas seis cargas de cocaína.
A última foi enviada de Manaus para Belém e de lá seguiria para o exterior. Foram apreendidos 232 barris contendo asfalto líquido que estavam prontos para exportação, sendo que 33 dos barris continham cocaína mesclada a asfalto líquido. A droga ainda está sendo periciada para fins de elaboração de laudo definitivo, mas já se constatou, até o presente momento, que se trata de cocaína conhecida como “brilho/escama de peixe”, sem qualquer impureza e de altíssimo valor no mercado ilícito (cerca de US$ 235 a grama). A quantidade de apreensão é próxima a uma tonelada de cloridrato de cocaína pura, o que consistiria, segundo a PF, em uma das maiores apreensões nacionais do produto.
Outras duas grandes remessas apreendidas foram: 116,4 kg de cocaína em discos de freio de caminhão, saindo de Manaus para Sidney (Austrália), em 10 de março de 2016; e 15 tambores com cocaína saindo de Manaus para os Estados Unidos, apreendidos no porto de Vera Cruz (México), em 15 de março de 2016.
A denúncia foi recebida pela Justiça Federal e tramita na 2ª Vara Federal, sob o n.º 0017112-58.2016.4.01.3200.
Fonte: Assessoria