No dia 2 de julho de 1989, o São Paulo empatou por 0 a 0 com o São José, no Morumbis e, por ter vencido a partida de ida por 1 a 0 (gol contra de André Luis) no mesmo local, sagrou-se campeão paulista de 1989 – o 16º título estadual da história do clube.
Relembre o certame!
JORNAIS DA CONQUISTA
O Tricolor do técnico Cilinho iniciou o Paulistão de 1989 de maneira inconsistente. Estreou com vitória sobre o XV de Jaú, no Pacaembu (3 a 1), mas na sequência perdeu fora de casa para o outro XV, o de Piracicaba, por 1 a 0. Mesmo após as três vitórias seguidas contra Mogi Mirim, Noroeste e América de São José do Rio Preto, a tranquilidade não veio para ficar: o time emplacou uma sequência bem chata e problemática de quatro empates (com duas derrotas nas disputas de pênalti pós-jogo – uma novidade no regulamento daquela temporada).
Nesse contexto, a diretoria são-paulina promoveu a chegada do treinador Carlos Alberto Silva para o lugar do criador dos Menudos. Nem assim elenco engrenou. Nos seis primeiros jogos do novo comandante, só uma vitória (4 a 0 no Juventus). Nos clássicos, o desempenho também deixava a desejar: empate contra o Palmeiras no Morumbis (1 a 1) e derrotas para o Corinthians (2 a 0 em casa) e para o Santos (2 a 1 no Pacaembu).
REVISTAS DO TÍTULO
As vitórias contra Guarani, São Bento e Santo André, porém, permitiram ao Tricolor classificar-se à segunda fase do torneio dentre os qualificados por índice técnico geral, dentre os dois grupos da competição (a oitava melhor campanha, por assim dizer, dentre 12 times bem-sucedidos).
A segunda fase foi composta de quatro times de três clubes cada e o São Paulo ficou na chave 4, junto a Guarani e Inter de Limeira, não correndo grandes sustos e somando duas vitórias e dois empates, classificando-se em primeiro. Foi nesta etapa que veio a primeira grande zebra da competição, com o Bragantino eliminando o Palmeiras. O São José também surpreendeu e deixou a Portuguesa para trás. O último qualificado para as semifinais foi o Corinthians, que teve que superar o Santos.
No mata-mata, o São Paulo encontrou grandes dificuldades contra o ascendente Bragantino, mas venceu as duas partidas, lá e cá (2 a 0 – com direito a um golaço sem ângulo de Mário Tilico, e 1 a 0). Já o Corinthians, que vencera a primeira disputa em casa por 2 a 0, conseguiu a proeza de perder o jogo de volta para o São José por 1 a 0, no tempo normal, e por 2 a 0 na prorrogação).
Assim, no dia 28 de junho, São Paulo e São José disputaram a primeira partida da decisão no Morumbis. Ao time do interior cabia a vantagem do empate na série decisiva, pois possuía melhor campanha. Contudo, só seriam campeões, assim, se porventura empatassem também nos dois tempos da prorrogação. O Tricolor precisava vencer.
Em pleno inverno da capital paulista, pouco mais de 50 mil torcedores compareceram ao Morumbis naquela noite de quarta-feira para presenciar o que foi um jogo verdadeiramente dramático. Não tanto pela emoção e disputa técnica, mas pelas chances desperdiçadas pelo Tricolor, principalmente no primeiro tempo, em frente a uma equipe aguerrida, mas fortemente fechada – a cada minuto que passava, aliás, mais retrancada.
Contudo, quando faltava bem pouco para o fim da peleja, aos 41 minutos do segundo tempo, o São Paulo foi recompensado por ter sido o único a buscar o jogo. Em lance confuso na área sanjoseense, o próprio zagueiro tocou na bola e a mandou para as redes, abrindo e fechando o placar a favor do Tricolor, que, graças a esse tento, precisaria apenas do empate no jogo de volta.
Para o confronto final, o São Paulo contaria com a volta de Ney ao time titular – ele não jogara a partida anterior por cumprir suspensão pelo terceiro cartão amarelo, no lugar de Mazinho. E, apesar de dores musculares, no caso de Vizolli, e de dores no joelho, no caso de Bobô, ambos iriam para o jogo, mesmo no sacrifício.
No domingo, 17 horas, o Morumbis ficou lotado. Quase 98 mil torcedores aguardavam ansiosos pela chance de presenciar mais um título do São Paulo: seria o quinto estadual conquistado nos anos 1980, que também foram marcados pela obtenção do segundo título brasileiro do clube, no certame de 1986. Um sucesso ali representaria mais uma coroa para o Tricolor: a de rei da década.
Como o São Paulo havia invertido a questão da vantagem, o cenário do jogo se inverteu, em comparação com a primeira disputa. O Tricolor, mais tranquilo em campo, priorizou o setor de meio-campo, mantendo a principal jogada do time, os avanços pelas laterais, com Nelsinho e Zé Teodoro, em resguardo.
Como o grupo são-paulino era mais técnico e bem encaixado em um sistema defensivo seguro, o São José pouco pôde oferecer de risco. Afinal, o time do interior também não queria deixar seus zagueiros desguarnecidos. A situação mudou, porém, no segundo tempo. Disposta ao tudo, ou ao nada, a Águia do Vale partiu para o ataque, oferecendo aos tricolores o que eles mais desejavam: espaço para contra-ataque, principalmente com Mário Tilico, na ponta.
Aos 21 minutos, em cobrança de falta. Edivaldo cobrou falta com perigo, cheio de curva, sobre a barreira: a bola, caprichosa, porém, bateu na trave esquerda do goleiro. O São José não deixou por menos e, quatro minutos depois, acertou o travessão do arqueiro tricolor, Gilmar, após um chutaço de fora da área de Delacir.
Foi a deixa para que os tricolores tomassem conta o ritmo do jogo, de vez. Com o empate na mão, o São Paulo conquistou o campeonato paulista de 1989!
O PRIMEIRO JOGO DA FINAL
28/06/1989
São Paulo (SP)
Estádio Cícero Pompeu de Toledo – Morumbis
SÃO PAULO Futebol Clube 1 x 0 SÃO JOSÉ Esporte Clube
SPFC: Gilmar; Zé Teodoro, Adílson, Ricardo Rocha e Nelsinho; Vizolli, Bobô e Raí ©; Mário Tilico, Mazinho Loiola (Paulo César) e Edivaldo. Técnico: Carlos Alberto Silva. Gol: André Luís (gol contra), 41/2.
SJEC: Luiz Henrique; Marcelo, Juninho ©, André Luís e Joãozinho; Delacir, Tita (Henrique) e Vânder Luís; Donizete, Tôni e Marcinho (Tonho). Técnico: Ademir Mello.
Árbitro: Dulcidio Wanderley Boschilla.
Renda: NCz$261.514,00.
Público: 50366 pagantes.
O SEGUNDO JOGO DA FINAL
02.07.1989
São Paulo (SP)
Estádio Cícero Pompeu de Toledo – Morumbis
SÃO JOSÉ Esporte Clube 0 X 0 SÃO PAULO Futebol Clube
SJEC: Luis Henrique; Marcelo, Juninho, Andre Luis e Joãozinho; Delacir, Fabiano (Wilson) e Vander Luis; Donizetti (Henrique), Toni e Tita. Técnico: Ademir Mello.
SPFC: Gilmar; Zé Teodoro, Adílson, Ricardo Rocha e Nelsinho; Vizolli, Bobô (Benê) e Raí ©; Mário Tilico, Ney Bala (Bernardo) e Edivaldo. Técnico: Carlos Alberto Silva
Árbitro: José de Assis Aragão
Renda: NCz$ 530.160,00
Público: 97.965 pagantes
A CAMPANHA
Primeira Fase
20.02.1989 – 3 X 1 – Esporte Clube XV de Novembro (Jaú – SP)
23.02.1989 – 0 X 1 – Esporte Clube XV de Novembro (Piracicaba – SP)
01.03.1989 – 3 X 0 – MOGI MIRIM Esporte Clube (SP)
04.03.1989 – 3 X 1 – Esporte Clube NOROESTE (SP)
12.03.1989 – 4 X 1 – AMÉRICA Futebol Clube (São José do Rio Preto – SP)
22.03.1989 – 0 X 0 – UNIÃO SÃO JOÃO Esporte Clube (SP) 2 X 4 pen.
26.03.1989 – 0 X 0 – Grêmio Esportivo CATANDUVENSE (SP) 4 X 2 pen.
29.03.1989 – 0 X 0 – Grêmio Esportivo NOVORIZONTINO (SP) 8 X 7 pen.
02.04.1989 – 0 X 0 – Associação Atl. INTERNACIONAL (Limeira – SP) 0 X 3 pen.
05.04.1989 – 1 X 0 – BOTAFOGO Futebol Clube (Ribeirão Preto – SP)
09.04.1989 – 1 X 1 – Associação FERROVIÁRIA de Esportes (SP)
15.04.1989 – 0 X 0 – SÃO JOSÉ Esporte Clube (SP) 3 X 5 pen.
19.04.1989 – 4 X 0 – Clube Atlético JUVENTUS (SP)
23.04.1989 – 1 X 1 – Associação PORTUGUESA de Desportos (SP)
30.04.1989 – 1 X 1 – Sociedade Esportiva PALMEIRAS (SP)
04.05.1989 – 0 X 1 – Clube Atlético BRAGANTINO (SP)
07.05.1989 – 0 X 2 – Sport Club CORINTHIANS Paulista (SP)
14.05.1989 – 1 X 0 – GUARANI Futebol Clube (SP)
18.05.1989 – 1 X 2 – SANTOS Futebol Clube (SP)
21.05.1989 – 3 X 0 – Esporte Club SÃO BENTO (SP)
27.05.1989 – 1 X 0 – Esporte Clube SANTO ANDRÉ (SP)
Segunda Fase
03.06.1989 – 1 X 1 – GUARANI Futebol Clube (SP)
08.06.1989 – 1 X 1 – Associação Atlética INTERNACIONAL (Limeira – SP)
14.06.1989 – 1 X 0 – Associação Atlética INTERNACIONAL (Limeira – SP)
17.06.1989 – 3 X 2 – GUARANI Futebol Clube (SP)
Semifinais
21.06.1989 – 2 X 0 – Clube Atlético BRAGANTINO (SP)
24.06.1989 – 1 X 0 – Clube Atlético BRAGANTINO (SP)
Finais
28.06.1989 – 1 X 0 – SÃO JOSÉ Esporte Clube (SP)
02.07.1989 – 0 X 0 – SÃO JOSÉ Esporte Clube (SP)
O ELENCO
NOME | J | V | E | D | GM | GS | %PG | MGM |
Gilmar (GL-1985) | 28 | 13 | 11 | 4 | 0 | 15 | 59,52 | 0,00 |
Adílson (ZG-1986) | 27 | 12 | 11 | 4 | 1 | 0 | 58,02 | 0,04 |
Zé Teodoro (LD-1985) | 26 | 12 | 11 | 3 | 0 | 0 | 60,26 | 0,00 |
Mário Tilico (AT-1988) | 23 | 11 | 9 | 3 | 4 | 0 | 60,87 | 0,17 |
Paulo César (AT-1988) | 22 | 9 | 10 | 3 | 4 | 0 | 56,06 | 0,18 |
Flávio (VL-1988) | 22 | 10 | 8 | 4 | 2 | 0 | 57,58 | 0,09 |
Edivaldo (AT-1987) | 20 | 9 | 10 | 1 | 2 | 0 | 61,67 | 0,10 |
Nelsinho (LE-1979) | 20 | 11 | 7 | 2 | 0 | 0 | 66,67 | 0,00 |
Ivan (LE-1988) | 19 | 8 | 7 | 4 | 0 | 0 | 54,39 | 0,00 |
Bernardo (VL-1986) | 18 | 7 | 10 | 1 | 2 | 0 | 57,41 | 0,11 |
Benê (MC-1989) | 18 | 8 | 7 | 3 | 1 | 0 | 57,41 | 0,06 |
Raí (MC-1987) | 18 | 9 | 8 | 1 | 3 | 0 | 64,81 | 0,17 |
Bobô (MC-1989) | 17 | 8 | 6 | 3 | 4 | 0 | 58,82 | 0,24 |
Mazinho Loiola (AT-1988) | 15 | 7 | 6 | 2 | 2 | 0 | 60,00 | 0,13 |
Ney Bala (AT-1987) | 14 | 6 | 4 | 4 | 3 | 0 | 52,38 | 0,21 |
Renatinho (MC-1985) | 13 | 8 | 3 | 2 | 4 | 0 | 69,23 | 0,31 |
Ronaldão (ZG-1986) | 11 | 5 | 4 | 2 | 0 | 0 | 57,58 | 0,00 |
Ricardo Rocha (ZG-1989) | 9 | 6 | 3 | 0 | 0 | 0 | 77,78 | 0,00 |
Vizolli (VL-1984) | 8 | 5 | 2 | 1 | 1 | 0 | 70,83 | 0,13 |
Santos (DF-1989) | 6 | 3 | 2 | 1 | 0 | 0 | 61,11 | 0,00 |
Marcelo (AT-1986) | 5 | 4 | 0 | 1 | 3 | 0 | 80,00 | 0,60 |
Netinho (LD-1988) | 4 | 2 | 1 | 1 | 0 | 0 | 58,33 | 0,00 |
Rojas (GL-1987) | 2 | 2 | 0 | 0 | 0 | 1 | 100,00 | 0,00 |
Betinho (MC-1986) | 2 | 1 | 1 | 0 | 0 | 0 | 66,67 | 0,00 |
Aritana (AT-1988) | 2 | 0 | 0 | 2 | 0 | 0 | 0,00 | 0,00 |
CLASSIFICAÇÃO FINAL
Time | PT | JG | V | E | D | GM | GS | SG | AP | |
1 | São Paulo FC (SP) | 45 | 29 | 14 | 11 | 4 | 37 | 16 | 21 | 60.9% |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
2 | São José EC (SP) | 42 | 29 | 15 | 7 | 7 | 39 | 22 | 17 | 59.8% |
3 | SC Corinthians P (SP) | 38 | 27 | 14 | 6 | 7 | 36 | 22 | 14 | 59.3% |
4 | CA Bragantino (SP) | 32 | 27 | 13 | 5 | 9 | 23 | 20 | 3 | 54.3% |
5 | SE Palmeiras (SP) | 44 | 25 | 14 | 10 | 1 | 36 | 9 | 27 | 69.3% |
6 | Guarani FC (SP) | 35 | 25 | 10 | 10 | 5 | 40 | 21 | 19 | 53.3% |
7 | A Portuguesa D (SP) | 34 | 25 | 11 | 10 | 4 | 38 | 19 | 19 | 57.3% |
8 | Santos FC (SP) | 34 | 25 | 7 | 14 | 4 | 20 | 16 | 4 | 46.7% |
9 | AA Internacional (Limeira-SP) | 29 | 25 | 7 | 11 | 7 | 20 | 20 | 0 | 42.7% |
10 | União São João EC (SP) | 27 | 25 | 7 | 11 | 7 | 24 | 26 | -2 | 42.7% |
11 | GE Novorizontino (SP) | 25 | 25 | 6 | 10 | 9 | 17 | 23 | -6 | 37.3% |
12 | Mogi Mirim EC (SP) | 24 | 25 | 9 | 6 | 10 | 22 | 32 | -10 | 44% |
13 | EC XV de Novembro (Piracicaba-SP) | 24 | 21 | 6 | 9 | 6 | 18 | 20 | -2 | 42.9% |
14 | EC Santo André (SP) | 23 | 21 | 6 | 8 | 7 | 14 | 24 | -10 | 41.3% |
15 | GE Catanduvense (SP) | 20 | 21 | 7 | 4 | 10 | 19 | 19 | 0 | 39.7% |
16 | América FC (SJRP-SP) | 20 | 21 | 5 | 7 | 9 | 16 | 26 | -10 | 34.9% |
17 | EC Noroeste (SP) | 17 | 21 | 6 | 3 | 12 | 20 | 33 | -13 | 33.3% |
18 | Botafogo FC (Ribeirão Preto-SP) | 17 | 21 | 2 | 11 | 8 | 14 | 27 | -13 | 27% |
19 | EC XV de Novembro (Jaú-SP) | 15 | 21 | 4 | 5 | 12 | 15 | 23 | -8 | 27% |
20 | CA Juventus (SP) | 15 | 21 | 3 | 6 | 12 | 16 | 31 | -15 | 23.8% |
21 | A Ferroviária E (SP) | 14 | 21 | 5 | 4 | 12 | 16 | 33 | -17 | 30.2% |
22 | EC São Bento (Sorocaba-SP) | 13 | 21 | 3 | 6 | 12 | 9 | 27 | -18 | 23.8% |
Por Michael Serra / Arquivo Histórico João Farah