Sentados e concentrados estavam os alunos da Escola Fábrica de Asas, localizada no Complexo Penitenciário de Rio Branco, nesta segunda-feira, 5, quando foi dado início às aulas do segundo semestre letivo. O projeto educacional resulta de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Acre (SEE) e o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen).
A escola conta com 11 professores e dez turmas, desde a alfabetização, passando pelo ensino fundamental e médio, por meio do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), e proporciona a oportunidade de educação para muitos detentos, sendo que alguns chegam à unidade sem nunca terem pisado em uma escola.
Um dos privados de liberdade, J.O.S., conta que teve uma infância difícil na zona rural, não teve acesso ao estudo e o primeiro contato que teve com a sala de aula foi no sistema prisional. Hoje, aos 45 anos, está no ensino médio: “Quando vim e comecei a estudar aqui, eu não sabia nem fazer meu nome. Eu pegava um livro, um jornal, uma revista, só para ver as figuras, né? ”. Agora já faz planos para o futuro, pois acredita que, com estudos, vai conseguir um bom emprego. “Eu tô saindo da cadeia e pretendo mudar minha vida. No meu passado eu não tive oportunidade, porque eu não sabia ler, era difícil. Agora eu já sonho mais alto, quero sair daqui e trabalhar. Eu fiz um curso de refrigeração já, dado pelo presídio também, e pretendo seguir nessa área”, planeja.
A detenta A.L.S. é mais uma que resolveu mudar o rumo da vida por meio da educação. Parou de estudar no ensino médio e, após voltar às aulas na Fábrica de Asas, sonha em ser médica veterinária: “Minha mente se abriu e eu comecei a desenvolver o que eu tinha deixado de lado, como a minha ortografia, leitura. Eu penso em ser em veterinária ou agrônoma, alguma dessas coisas que mexem com o campo, com os animais. Eu amo muito, de paixão”.
Diretor da Fábrica de Asas, o professor Juscelino Bandeira acredita que levar educação para os apenados é uma iniciativa muito proveitosa: “Neste momento, a gente tem 800 alunos matriculados efetivamente, tanto no projeto de remissão pela leitura como no estudo da EJA. Essa parceria da Secretaria de Educação, Polícia Penal e Iapen vem dando bons frutos”.